sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 1 - The Vet

Califórnia - 2010

Eu balançava minha perna incessantemente, porque diabos esse veterinário estava demorando tanto para atender ? Eu era a única naquela sala de espera e o consultório estava em silencio. Não aguentava mais aquele chá de cadeira.
– Nina, será que tem como você se acalmar ? – Minha mãe, a culpada, tentava me acalmar a mais de 15 minutos e a cada vez que ela falava isso eu ficava mais impaciente e brava ainda.
– Me acalmar ? Você deixou meu cachorro de quatro meses sozinho em cima de um sofá e quer que eu me acalme ? – Me exaltei.
– Ai Nina e eu ia adivinhar que ele ia cair de lá e quebrar a pata? - Ri sem graça. Já falei o quanto eu me estresso com a minha mãe e essa mania de se fazer de coitada?
Antes de eu formular uma resposta a altura a porta do consultório fora aberta e uma senhora com um Golden Retriever filhote no colo saíram seguidos de um homem alto com um jaleco branco até os joelhos.
– Pode dar reação da vacina, mas qualquer coisa é só dar aquele remédio que te falei. – Ele afagou atrás da orelha do cachorro e a senhora sorriu e foi embora. – Mike – Chamou sorrindo em minha direção.
Eu levantei e minha mãe permaneceu no mesmo lugar era obvio que ela não iria me acompanhar. Durante um bom tempo fiquei contemplando a beleza daquele veterinário, ele tinha a pele clara que combinava perfeitamente com seu cabelo preto e com seus olhos azuis, um sorriso perfeito de canto de lábios que não chegava a mostrar os dentes mas era suficiente para formar uma covinha. Sorri de volta e ele olhou para meus braços notando Mike.
– Oioi carinha – Sorriu e deu passagem para que eu entrasse no consultório. – Sou Ian Somerhalder. – Se apresentou e eu apertei sua mão.
No lugar havia enormes cartazes com fotos de animais, muitos armários e uma escrivaninha com duas cadeiras no canto. Bem no meio da sala tinha uma enorme mesa de metal brilhosa, que conclui que fosse a “maca” do consultório. – Então, o que aconteceu com esse camaradinha? - Perguntou enquanto lavava suas mãos, limpava com algodão o termômetro e outras ferramentas necessárias.
– Minha mãe o colocou em cima do sofá e ele caiu, acho que quebrou a patinha – Falei cabisbaixa.
– Pode ser... - Falou pensativo. - Realmente isso é muito perigoso, cachorros de porte pequeno como ele não podem ficar sozinhos em lugares altos, corre risco não só de quebrar a pata mas também a coluna e ter que sacrificá-lo. – Assentiu colocando os objetos limpos no bolso do jaleco. – Pode colocá-lo aqui na maca... – Coloquei Mike na enorme mesa e ele choramingou ao ficar de pé sentindo dor na patinha esquerda de trás que logo fora recolhida e seu peso ficou sendo sustentado nas duas dianteiras e na direita traseira.
– Mas foi só a patinha, não foi ? – Choraminguei.
– Acho que sim – Falou calmo e pegou meu cachorro o puxando para si. – Oi meninão – O pegou nos braços e foi até o canto da sala o levando até uma balança e subindo com ele no colo, alguns segundos ele voltou e o colocou no mesmo lugar. – Tem quase um quilo ein! – Rimos.
Fiquei observando ele medir a temperatura de Mike, ver seus ouvidos olhos e por fim sua patinha. Quando Ian mexia no machucado um uivo saía de sua garganta e meu coração apertava, estava morrendo de raiva de minha mãe por ter o deixado cair.
– Felizmente foi só a patinha mesmo – Sorriu do mesmo jeito que antes e se agachou para poder olhar Mike de perto. – Só uma talinha e uns 30 dias e esse camarada estará novinho novamente – Riu e foi até seu armário para pegar todos os materiais necessários para fazer a tala do meu cachorro.
O ajudei a segurá-lo e em pouco tempo a patinha preta tinha assumido uma cor branca e ele já não chorava mais de dor.
– Prontinho. – Sorriu. – Qualquer coisa você pode voltar e se ele sentir muita dor pode dar esse remédio aqui, ele é vendido em qualquer farmácia popular... – Fez uma receita para Mike com o nome do remédio. – Pode também me ligar, estou sempre disponível no número da clinica ou nesse celular – Junto com a receita ele me entregou o seu cartão e eu dei uma olhada rápida. – Daqui a quinze dias volte aqui para que eu de uma olhada novamente nele e para que possamos trocar a tala.
– Claro, claro. Muito obrigada. – Sorri e apertei sua mão.
– Por nada. – Sorriu e abriu a porta.
Ao sair do consultório encontrei minha mãe pagando a consulta e fazendo alguma coisa que eu não estava preocupada em saber o que era, tateei em sua bolsa a chave do carro e fui para o estacionamento. Entrei no carro e alguns minutos depois já estávamos indo embora.
Cheguei á minha casa ainda triste com a minha mãe e fui apenas a cozinha pegar algo pra comer e subi junto com Mike para meu quarto.
– Nina, vai ficar até quando sem falar comigo ?
– Até você entender que Mike é importante para mim! – E ele era mesmo, pelo menos eu poderia contar os meus segredos mais cabeludos para ele que não seria julgada e ele continuaria a me amar da mesma forma que antes... Isso pode ter soado um tanto solitário, mas é que por eu ser filha única meus pais sempre me deram de tudo, menos a atenção que sempre precisei. Acho que por eles trabalharem demais e para suprimir essa ausência deles em minha vida tudo o que queria eles me davam.
Além de tudo isso, meus pais eram super antiquados, chegava até a ser cafona. Nunca levei um namorado na minha casa (não que tivessem sido muitos, mas os poucos que tive nenhum deles entrou no meu quarto com a ciencia de minha mãe), talvez se soubessem que eu não era mais virgem eles me fariam achar o garoto no meio de Malibu para que eu casasse com ele.
Demorei dezoito anos para conseguir admitir esses fatos, mas apesar de tudo eu era feliz. Tinha uma vida praticamente independente, é, praticamente.
Cheguei ao meu quarto e deixei Mike em sua caminha, coloquei água e comida em seus potes e fui estudar até a hora de dormir.

Um comentário:

Não saía sem comentar (: