Sinceramente, não fazia a menor ideia de como tinha conseguido
levantar... Depois de ter virado e revirado na cama por pelo menos umas
duzentas vezes e só ter conseguido realmente pegar no sono quase cinco
horas da manhã meu corpo parecia ter sido atropelado por um trator e
meus olhos quase não se abriram para que eu acordasse. Pensei seriamente
em ficar em casa aquela manhã, mas em quinze minutos que minha mãe não
me ouviu tomando banho ela veio me acordar perguntando por que não tinha
acordado ainda.
Me levantei preguiçosamente e fui para o
chuveiro tomar um banho gelado e nem assim consegui me manter muito
acordada, terminei de me arrumar e fui para o colégio onde passei a
manhã inteira quase dormindo.
Não prestei atenção em nada que
fora passado de conteúdo e a hora na escola parecia não passar. No
intervalo fiquei ouvindo música meio fora de orbita enquanto Candicce e
meus colegas tagarelavam animados sobre alguma festa ou coisa do
gênero...
O sinal do fim da aula tocou e eu nunca tinha me
sentindo tão feliz de ter ouvido aquele negocio barulhento em toda minha
vida. Me arrastei até minha casa e fui direto pro meu quarto onde
capotei pelo resto da tarde junto com Mike ao meu lado.
Praticamente entrei em coma naquela tarde e só acordei algumas horas depois com o meu celular tocando de baixo do travesseiro.
– Alô... – Atendi sem olhar no identificador de chamadas ainda um tanto atordoada por causa do sono.
– Nina? Tá tudo bem ? – Candy, óbvio...
– Tá sim... Estava dormindo.
– Ah, então explica as vezes que eu te liguei e você não atendeu – Pensou sozinha. – Então, vamos sair hoje a noite ?
–
Que horas são, afinal ? – Bocejei enquanto olhava para meu radio
relógio que marcava 17:36, meu deus, dormi a tarde inteira... – Candy,
são quase seis horas da tarde eu ainda nem estudei...
– Qual é Nina, ta falando sério que vai passar essa sexta estuando? – Riu. – Por favor...
– Eu até sairia, mas o problema é minha mãe...
–
Eu juro que eu não ouvi isso de uma menina de dezoito anos ...– Ai como
era fácil a vida de uma adolescente que os pais eram normais.
–
Posso ter dezoito anos, mas ainda moro com meus pais, portanto... –
Tentei continuar mas ela me cortou no meio do meu raciocínio.
–
Portanto você vai falar para a titia Michaela que nós duas vamos passar
uma noite na minha casa assistindo filmes, comendo besteiras e passando
trote para os idiotas da nossa sala enquanto realmente, vamos quebrar as
pernas de tanto dançar e encher nossa lista de contatos de meninos
lindos e bronzeados... – Como pode uma pessoa ser tão malignamente
esperta? Eu sinceramente, não tenho criatividade o suficiente para
conseguir criar uma mentira assim...
– Tudo calculado ein!
–
Por favor... Meus pais estão viajando então ninguém vai te dedurar! –
Insistiu. Eu tinha que ceder, se não ela iria ficar a noite inteira me
mandando mensagens de como a festa estava legal e que eu deveria ter ido
só para me deixar culpada... Ou então ficaria insistindo até eu
ceder...
– Ok, você venceu... Vou tomar banho e arrumar uma mala, te vejo em uma hora... – Desliguei o celular e fui para o banho.
Tomei
um banho rápido, sequei meu cabelo e arrumei minha bolsa com tudo que
precisava para a noite. Desci até a sala com meu travesseiro debaixo do
braço e na mão meu chinelo de ficar em casa...
– Mãe, Candicce me convidou para ir dormir na casa dela... – Falei calma para que ela não percebesse a mentira em minha voz.
– Vão fazer o que? – Olhou para mim tirando os óculos que usava para ler uma revista.
–
Dormir, assistir filme, comer besteiras.... – Dei de ombros torcendo
para que ela não me perguntasse que filme iriamos assistir ou o que
iriamos comer...
– Ok... Chame seu pai para te deixar lá. –
Apontou para cozinha. – E ah, por favor nina, nada de sair de casa a
noite... – Revirei os olhos e fui chamar meu pai a deixando fazer seu
discurso de mãe preocupada sozinha.
Como eu não dirigia (ainda) e
não queria ir ape até a casa de Candicce com um travesseiro e uma
pantufa cor de rosa na mão tive que apelar para meu pai que de bom grado
me deu uma carona até a casa da minha cumplice. O caminho inteiro
fiquei ouvindo meu pai falar o que devia e não devia fazer e concordei
sem nem ao menos prestar muita atenção no discurso, estava tão elétrica
que o carro mal tinha parado e eu pulei para fora dele entrando na casa
de candy.
– Não quis trazer sua cama também ? – Candicce riu ao ver tudo o que tinha pego.
– Se for para mentir que seja bem feito... – Pisquei.
– Pegando a manha... – Riu. Logo ela me puxou para seu quarto e me mostrou todos que iriam junto.
Enquanto
nos arrumávamos, ligamos uma musica bem alta e entravamos em ritmo da
festa. Investimos no salto alto, maquiagem bem feita e no vestido curto e
fomos para o tal lugar.
Pegamos uma mesa no camarote onde ficávamos bem longe do cheiro de cigarro e bêbados tarados e fomos curtir a sexta.
Eu
e Candicce nem sentamos a noite inteira. Enquanto dançávamos alguns
desconhecidos que estavam sentados conosco vieram nos puxar para dançar.
Eu, pelo menos, aceitei de bom grado todos eles, afinal, estava ali
para me divertir e dançar sem segundas intenções.
Já era quase
três da manha e eu estava exausta enquanto Candicce parecia ter bebido
tudo o que podia – o que não podia também- e pelo jeito teria que ficar
de baba da minha amiga bêbada durante o resto da noite. Me sentei um
pouco, pedi uma bebida leve e fiquei observando o movimento leve das
pessoas na pista de dança.
– Você não dançou comigo... – Um
sussurro no canto do meu ouvido me vez arrepiar e um cheiro de álcool
invadiu de cheio. Me virei com um sorriso cínico estampado no meu rosto.
– Chegou tarde demais... – Dei de ombros.
–
Ah, qual é, ainda nem são quatro horas. Vamos lá... – Enquanto ele
falava procurei Candicce, mas ela não estava por perto e pelo jeito não
sairíamos dali antes de amanhecer e esse cara parecia não largar do meu
pé até eu ir embora.
– Ok, vamos lá – Peguei sua mão e o levei para o centro da pista de dança.
Começou
uma música agitada e ele encaixou meu corpo ao dele e foi conduzindo a
dança. Suas mãos estavam na minha cintura e eu agradeci por usarmos
roupas porque seu físico era extremamente atraente e meu corpo parecia
perceber esse fato.
A música acabou e eu o empurrei para longe sorrindo voltando a me sentar sendo acompanhada como sombra pelo moreno.
–
Não vai me dizer seu nome ? – Se sentou extremamente perto de mim e só
nesse momento consegui nota-lo direito. Sua pele era clara e tinha o
cabelo ralo formando um topete, ele usava uma camisa azul marinho
apertada que mostrava perfeitamente seu abdômen bem definido e seus
braços musculosos. Sorri maliciosa com a visão e ele percebeu o motivo
do meu sorriso.
–Você não me perguntou – Provoquei e ele riu alto.
– Então, como é seu nome ?
– Nina...
– Prazer Nina – Olhou para meu corpo inteiro e coçou sua nuca. – Sou Micheal...
Começamos
a conversar e a nos divertir e sem mais nem menos ele me puxou para
pista de novo grudando nossos corpos e seus lábios nos meus, fiquei um
tanto sem reação porque fora algo que me pegou de surpresa mas mesmo
assim o deixei aprofundar o beijo e descansei minhas mãos em sua nuca
fazendo carinho no local com as minhas unhas enquanto ele apertava minha
cintura com as pontas dos dedos. Nosso beijo foi ficando mais intenso e
sua mão percorria meu corpo inteiro, eu estava prestes a pará-lo quando
Candicce chegou afoita me salvando de um quase estupro...
–
Nina!! – A voz fina de Candy me fez pular- Nina chega de agarramento,
vamos embora... – Ela simplesmente empurrou Micheal para longe e me
puxou para pegar nossas coisas da mesa.
– Meu deus Candy, o que
aconteceu ? – Naquele momento eu pensei que fosse ser dividida ao meio,
de um lado Micheal segurava minha mão e do outro Candicce me puxava para
irmos embora.
– Depois te conto, mas vamos logo.... – Candy estava quase chorando e eu comecei a me preocupar.
– Ok, vamos, só vou me despedir. – Larguei sua mão e voltei minha atenção ao moreno que parecia exigir minha atenção.
– Não tem como você ficar ? – Sussurrou com as mãos na minha nuca. – Eu te levo pra casa...
–
Olha, realmente não tem mesmo, minha amiga está precisando de mim e eu
tenho que ajuda-la – Apontei para Candy que estava quase ao nosso lado.
–
Tudo bem, me passe seu telefone então, podemos sair mais vezes... –
Como se ele realmente fosse me ligar no dia seguinte. Ri mentalmente com
isso e sem deixar transparecer minha ironia passei meu numero nem me
preocupando em pegar o dele.
Nos despedimos com um beijo rápido e
sai de braço dado com Candicce que parecia que iria desmoronar a
qualquer momento. O táxi chegou e ela ainda não tinha falado nada,
sussurrou um “Em casa eu te conto” e se encostou ao banco com os olhos
fechados.
Candicce era aquele tipo pessoa que depois de tomar um
porre ficava depressiva e chorava por qualquer coisa, mas dessa vez ela
não parecia ter exagerado muito na bebida e algo sério deveria ter
acontecido.
Já no quarto dela enquanto tirávamos a maquiagem ela começou a desabafar.
–
Nina, ele estava lá... – Paul, claro, como não pensei nele? Candy
acabara de terminar o namoro com um nojento do time de baseball da
escola que a traíra com a líder de torcida do time que fez questão de
humilhá-la por ter conseguido Paul. Candicce era completamente
apaixonada por ele e pelo jeito continuava sendo.
– Amiga, pensei
que você tivesse superado isso... – Sentei perto dela na cama já pronta
para dormir só esperando que ela se aprontasse também.
– Eu
também achei que tivesse, mas então eu o vi se agarrando com aquela
vadia e meu mundo pareceu cair de novo... – Secou algumas lágrimas que
insistiram em escorrer.
– Candy, ele não merece seu choro... Ele
não merece tudo que está sentindo! – Eu era péssima em dar conselhos,
mas ajudava como podia, afinal era verdade, nenhum homem que a merecesse
iria faze-la chorar... – Você é uma mulher linda, engraçada, cheia de
personalidade, qualidades....
– Sou ?
– É sim, claro que é – A abracei forte e ela se acalmou aos poucos, para ela um abraço valia mais que mil conselhos.
– Sabe nina, às vezes eu queria tanto ser como você...
– Como ? – Ri me deitando no colchão ao lado da cama dela.
–
Forte, decidida, não se deixa abalar por qualquer coisa. – Ri alto, eu
era isso mesmo? – É sério! Nunca te vi derramando uma lágrima por menino
nenhum...
– Talvez porque eu nunca amei mesmo um namorado como
você amava Paul... – E era verdade, não conseguia me encantar por alguém
e por um lado me sentia feliz por isso porque assim evitava me
decepcionar com a pessoa. É como falam, quanto menor a altura, menor o
tombo.
– E o menino dessa noite ? – Sorriu maliciosa desvirtuando totalmente o assunto.
–
Ele beijava bem – Dei e ombros. – Mas não quero nada sério e com
certeza ele não vai me procurar, talvez nem se lembre de mim quando
acordar... – Ri.
– Duvido Nina... Ele parecia muito na sua!
– Tanto faz, não quero me relacionar com ninguém no momento...
– Se você diz quem sou eu para negar... – Ela se deitou na cama e desligou a luz. – Nina, fica aqui amanha também ?
– Claro, claro – Sorri.
– Obrigada.
Continuamos
a jogar conversa fora e sol já havia nascido e ainda não tínhamos
dormido, ficamos falando e rindo de besteiras até não aguentarmos mais
que caírmos no sono.
muito saidinho esse Micheal... :S
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