Califórnia - 2010
Eu balançava minha
perna incessantemente, porque diabos esse veterinário estava demorando
tanto para atender ? Eu era a única naquela sala de espera e o
consultório estava em silencio. Não aguentava mais aquele chá de
cadeira.
– Nina, será que tem como você se acalmar ? – Minha mãe,
a culpada, tentava me acalmar a mais de 15 minutos e a cada vez que ela
falava isso eu ficava mais impaciente e brava ainda.
– Me acalmar ? Você deixou meu cachorro de quatro meses sozinho em cima de um sofá e quer que eu me acalme ? – Me exaltei.
–
Ai Nina e eu ia adivinhar que ele ia cair de lá e quebrar a pata? - Ri
sem graça. Já falei o quanto eu me estresso com a minha mãe e essa mania
de se fazer de coitada?
Antes de eu formular uma resposta a
altura a porta do consultório fora aberta e uma senhora com um Golden
Retriever filhote no colo saíram seguidos de um homem alto com um jaleco
branco até os joelhos.
– Pode dar reação da vacina, mas qualquer
coisa é só dar aquele remédio que te falei. – Ele afagou atrás da
orelha do cachorro e a senhora sorriu e foi embora. – Mike – Chamou
sorrindo em minha direção.
Eu levantei e minha mãe permaneceu no
mesmo lugar era obvio que ela não iria me acompanhar. Durante um bom
tempo fiquei contemplando a beleza daquele veterinário, ele tinha a pele
clara que combinava perfeitamente com seu cabelo preto e com seus olhos
azuis, um sorriso perfeito de canto de lábios que não chegava a mostrar
os dentes mas era suficiente para formar uma covinha. Sorri de volta e
ele olhou para meus braços notando Mike.
– Oioi carinha – Sorriu e
deu passagem para que eu entrasse no consultório. – Sou Ian
Somerhalder. – Se apresentou e eu apertei sua mão.
No lugar
havia enormes cartazes com fotos de animais, muitos armários e uma
escrivaninha com duas cadeiras no canto. Bem no meio da sala tinha uma
enorme mesa de metal brilhosa, que conclui que fosse a “maca” do
consultório. – Então, o que aconteceu com esse camaradinha? - Perguntou
enquanto lavava suas mãos, limpava com algodão o termômetro e outras
ferramentas necessárias.
– Minha mãe o colocou em cima do sofá e ele caiu, acho que quebrou a patinha – Falei cabisbaixa.
–
Pode ser... - Falou pensativo. - Realmente isso é muito perigoso,
cachorros de porte pequeno como ele não podem ficar sozinhos em lugares
altos, corre risco não só de quebrar a pata mas também a coluna e ter
que sacrificá-lo. – Assentiu colocando os objetos limpos no bolso do
jaleco. – Pode colocá-lo aqui na maca... – Coloquei Mike na enorme mesa e
ele choramingou ao ficar de pé sentindo dor na patinha esquerda de trás
que logo fora recolhida e seu peso ficou sendo sustentado nas duas
dianteiras e na direita traseira.
– Mas foi só a patinha, não foi ? – Choraminguei.
–
Acho que sim – Falou calmo e pegou meu cachorro o puxando para si. – Oi
meninão – O pegou nos braços e foi até o canto da sala o levando até
uma balança e subindo com ele no colo, alguns segundos ele voltou e o
colocou no mesmo lugar. – Tem quase um quilo ein! – Rimos.
Fiquei
observando ele medir a temperatura de Mike, ver seus ouvidos olhos e
por fim sua patinha. Quando Ian mexia no machucado um uivo saía de sua
garganta e meu coração apertava, estava morrendo de raiva de minha mãe
por ter o deixado cair.
– Felizmente foi só a patinha mesmo –
Sorriu do mesmo jeito que antes e se agachou para poder olhar Mike de
perto. – Só uma talinha e uns 30 dias e esse camarada estará novinho
novamente – Riu e foi até seu armário para pegar todos os materiais
necessários para fazer a tala do meu cachorro.
O ajudei a segurá-lo e em pouco tempo a patinha preta tinha assumido uma cor branca e ele já não chorava mais de dor.
–
Prontinho. – Sorriu. – Qualquer coisa você pode voltar e se ele sentir
muita dor pode dar esse remédio aqui, ele é vendido em qualquer farmácia
popular... – Fez uma receita para Mike com o nome do remédio. – Pode
também me ligar, estou sempre disponível no número da clinica ou nesse
celular – Junto com a receita ele me entregou o seu cartão e eu dei uma
olhada rápida. – Daqui a quinze dias volte aqui para que eu de uma
olhada novamente nele e para que possamos trocar a tala.
– Claro, claro. Muito obrigada. – Sorri e apertei sua mão.
– Por nada. – Sorriu e abriu a porta.
Ao
sair do consultório encontrei minha mãe pagando a consulta e fazendo
alguma coisa que eu não estava preocupada em saber o que era, tateei em
sua bolsa a chave do carro e fui para o estacionamento. Entrei no carro e
alguns minutos depois já estávamos indo embora.
Cheguei á minha
casa ainda triste com a minha mãe e fui apenas a cozinha pegar algo pra
comer e subi junto com Mike para meu quarto.
– Nina, vai ficar até quando sem falar comigo ?
–
Até você entender que Mike é importante para mim! – E ele era mesmo,
pelo menos eu poderia contar os meus segredos mais cabeludos para ele
que não seria julgada e ele continuaria a me amar da mesma forma que
antes... Isso pode ter soado um tanto solitário, mas é que por eu ser
filha única meus pais sempre me deram de tudo, menos a atenção que
sempre precisei. Acho que por eles trabalharem demais e para suprimir
essa ausência deles em minha vida tudo o que queria eles me davam.
Além
de tudo isso, meus pais eram super antiquados, chegava até a ser
cafona. Nunca levei um namorado na minha casa (não que tivessem sido
muitos, mas os poucos que tive nenhum deles entrou no meu quarto com a
ciencia de minha mãe), talvez se soubessem que eu não era mais virgem
eles me fariam achar o garoto no meio de Malibu para que eu casasse com
ele.
Demorei dezoito anos para conseguir admitir esses fatos, mas
apesar de tudo eu era feliz. Tinha uma vida praticamente independente,
é, praticamente.
Cheguei ao meu quarto e deixei Mike em sua caminha, coloquei água e comida em seus potes e fui estudar até a hora de dormir.
Estou lendo a fic pela 3ª vezes sem exageros... muito boa =D
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