Prólogo

2012 – Nova Iorque 

– Papai, mamãe acordem! - Alice nos acordou pulando nos pés da cama com o maior pique. Virei-me lentamente e a vi com um sorriso enorme no seu rostinho angelical, sorri em resposta e ela parou de pular ao perceber que eu já havia acordado.

– Caiu da cama mocinha ? – Ian perguntou com a voz sonolenta enquanto se apoiava nos cotovelos.

– Vocês tem que ver lá fora, tá tudo branquinho – Seus olhinhos azuis brilhavam de excitação e eu e Ian rimos.

– É gelo meu amor! – Sorri arrumando seu cabelo para trás da orelha.

– Gelo ? – Arregalou os olhos.

– Gelo! – Assenti.

– Papai, nosso quintal virou uma geladeira ? – Perguntou inocente nos fazendo rir mais alto ainda.

– Não minha linda, é só neve, é como se fosse chuva, mas na forma de gelo... – Ian tentou explicar mas com certeza Alice não havia entendido pelo o “hum” baixo que saiu de sua garganta. Então ele nos olhou animado ajeitando-se na cama.– Tenho uma ideia! – Ergueu as sobrancelhas. – Que tal trocarmos de roupa e irmos brincar nós três lá fora ?

– Siim! – Alice bateu palminhas animada pulando no colo de Ian e os dois se levantam da cama.

– Se agasalhem, não quero ninguém doente nesse natal ! – Repreendi os dois e em seguida um coro de “Tá, bom” veio do corredor me fazendo sorrir.

Nunca havia imaginado que seria tão feliz depois de tudo que acontecera. Em dois anos e meio minha vida tomou um rumo tão inesperado que da quente Califórnia me mudei para a agitada Nova Iorque deixando tudo pra trás. Eu, Ian e Alice vivíamos felizes em uma casa perto de Manhattan, enquanto eu ainda cursava junto com Candicce a faculdade de Jornalismo na Columbia University e Ian era dono de uma grande rede de pet shop espalhada por toda Nova Iorque.

Desde o dia que deixei Malibu, nunca mais falei com meus pais e por incrível que pareça não sinto culpa pela decisão que tomei porque se não fosse por ela, não teria a vida feliz que tenho hoje.

– Mamãe, vamos brincar ! – Alice apareceu na porta do quarto toda vestida para brincar na neve, com touca e luvas. – Vamos logo! – Me puxou pela mão para que eu saísse da cama.

– Vamos! – Me levantei da cama sorrindo, a peguei no colo e fomos para o closet.