sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 3 - Nice to meet you too

Já se fazia 15 dias desde que minha mãe quase matou meu cachorro e eu estava no consultório do veterinário gostoso novamente esperando para que ele mudasse a tala de Mike. Enquanto esperava na sala de espera da clinica, recusava todas as ligações de Micheal... Desde a festa ele me ligava pelo menos umas dez vezes por dia e eu não atendia praticamente nenhuma. Como havia dito a Candicce, eu não queria um relacionamento então não o atenderia para não dar falsas esperanças.
A porta do consultório foi aberta e o moreno alto saiu de lá com o mesmo sorriso tira folego de antes.
– Vamos lá ? – Perguntou sorrindo e eu me levantei e fui para a sala. – E então, como ele passou ? – Logo que eu passei a porta foi fechada e ele apareceu ao meu lado pegando Mike e o erguendo na altura de seus olhos.
– Passou bem, dois dias depois já estava acostumado com a tala... – Sorri.
– Isso é ótimo, ele parece ser bem forte. – O colocou novamente na mesa e foi até seu armário pegar o necessário para a nova tala. – Nós vamos tirar essa da pata inteira e colocar uma que vai até a metade, até esse osso que parece uma bolinha.
Com cuidado Ian fez todo o trabalho e algumas vezes me pediu para ajudar e durante todo o procedimento me explicava algumas coisas. Ao terminar, ele fez um carinho no pescoço de Mike ganhando várias lambidas na mão como se retribuísse o afago.
– Parece que eles sentem quem gosta deles... – Sorriu abertamente revelando seus dentes perfeitamente brancos e sem perceber acabei sorrindo em resposta. Esse homem parecia ter encantado meu cachorro, seu rabinho não parava de balançar e de virar barriga para cima para receber mais carinho. Apesar de muito sério e concentrado no trabalho, ele parecia ser uma ótima pessoa e por um momento eu o imaginei fora desse consultório sem esse jaleco e toda essa seriedade.
Enquanto os dois se divertiam, não pude deixar de parar pra perceber o jeito que Ian falava. Seu sotaque era mais conectado uma delicia de ser ouvido, não muito puxado como o nosso da Califórnia mas também não tão picado como o britânico era tudo correto e sem muitas gírias. Sua cor também não me passou despercebida, era muita branca e sem nenhum bronzeado, diferente de todos nós... Com certeza ele não era de Malibu.
– Não é daqui, não é mesmo?... – Comecei a puxar assunto. Ele soltou um risinho e me olhou divertido.
– Sou do canada...
– Friozinho, huh?
– Um pouco! – Concordou fazendo uma careta divertida. – Mas sabe, estou adorando o clima daqui, as pessoas.... Gosto bastante de correr na praia logo de manhã, tomar um banho gelado e vir para o trabalho. Gosto de dar bom dia para o porteiro, conversar na praia com um desconhecido...
– Então você está no lugar certo!
– Creio que esteja mesmo... – Concordou. – Minha cor me denunciou?
– Seu sotaque também... – Não sei por que, mas minhas bochechas pareciam queimar e eu tinha a impressão de estar parecendo um morango no momento.
– Tem isso também. – Ergueu as sobrancelhas como quem concordasse, respirou fundo e mudou de assunto. – Se você quiser, eu tenho um guia de cuidados com um yorkshire, se quiser também posso acompanhar o desenvolvimento dele, dar as vacinas e tudo mais. Temos aqui na clinica também uma ótima equipe de banho e tosa...
– Seria ótimo... – Concordei.
– É seu primeiro cachorro ?
– Está tão evidente minha falta de experiência ? – Recolhi os ombros me fingindo ofendida.
– Talvez um pouco... – Debochou. – Mas sabe, esse guia será ótimo para você. Nele tem tudo que vai precisar, como escovar o pelo dele e até ensina a dar banho em casa...
– Tudo que uma mãe de primeira viagem precisa! – Brinquei.
– Exato...
– E você, tem muitos animais em casa? – Ok, a pergunta tinha sido idiota, mas é que eu estava adorando conversar.
– Eu tinha um gato, mas ele morreu antes de eu me mudar para cá... – Deu de ombros.
– Sinto muito...
– Tudo bem, ele já estava velhinho e muito doente... Agora estou pensando em um labrador ou Golden Retriever, sou fascinado por essas raças.
– Realmente, são lindos mesmo.... – Concordei. – Faz muito tempo que veio para cá ? – Ok, eu estava sendo chata, mas Ian estava sendo tão gentil que eu tomei a liberdade de querer saber mais sobre ele.
– Uns três meses... – Ele pegou Mike em seu colo e me entregou. – Quer fazer a carteira de vacinação dele hoje? Podemos marcar as vacinas e tudo mais...
– Claro... – Sorri e o segui até a mesa do canto da sala onde me sentei em uma das cadeiras.
Enquanto fazíamos o cadastro de Mike na clinica ele fazia perguntas sobre mim. Perguntou minha idade, se eu tinha nascido na Califórnia mesmo, o que queria fazer na faculdade, se tinha irmãos, perguntas usuais mesmo...
Ian realmente era uma ótima pessoa e muito divertido, mas infelizmente tive que ir embora porque nossa conversa foi interrompida por uivos desesperados de algum cachorro na sala de espera.
– Prazer em te conhecer, Nina. - Sorriu para mim e retribui da mesma forma.
– Seja bem vindo, hum... – Franzi o cenho pensando em um jeito de chama-lo. Ian, senhor, senhor Somerhalder, doutor.... Não sabia qual se encaixava melhor.
– Me chame de Ian... – Suspirei aliviada.
– Então, seja bem vindo, Ian! – Sorri sem graça.
– Obrigado. – Ele apertou minha mão e eu sai do consultório. Depois de sair daquele lugar, comecei a contar os dias para vê-lo novamente.
– Demorou ein... – Minha mãe bufou quando entrei no carro.
– Fiquei conversando com o veterinário e não vi o tempo passar. – Falei calma dando de ombros.
– Conversaram sobre o que ? - Dona Michaela conseguia ser extremamente intrometida quando queria, mas no fundo eu não a culpava, afinal, também gostaria de saber o que minha filha tanto conversava com um homem relativamente mais velho.
– Sobre Mike, faculdade, tudo... –Usei o mesmo tom de descaso que antes e ela pareceu satisfeita. Uma coisa eu aprendi, se você responder qualquer pessoa, principalmente sua mãe, de mal jeito ou ser grossa, dará motivos para que ela desconfie de você então é melhor agir e responder educadamente ou com descaso que a desconfiança passa.
– O veterinário é bom, pelo menos ?
– Sim, super bom. Gostei do trabalho dele, muito centrado e carinhoso com Mike...
– Que bom. – Sorriu.
O dia estava lindo, o céu completamente azul sem nenhuma nuvem e eu não estava com a mínima vontade de ficar enfurnada no meu quarto estudando ou fazendo qualquer coisa que fosse em casa.
– Vou a academia hoje, me acompanha ? – Perguntei a minha mãe.
– Até gostaria, mas vou te deixar em casa e ir ajudar seu pai na empresa... – Não gostava de ir à academia sozinha e minha mãe era uma ótima companhia para isso.
– Tudo bem então... – Dei de ombros já acostumada com a ausência deles. Meus pais eram donos de uma empresa famosa de importação e exportação então boa parte do dia eles não estavam em casa.
Minha mãe me deixou em casa e eu me arrumei e fui para academia onde passei o resto do dia malhando.

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