Já se fazia 15 dias desde que minha mãe quase matou meu cachorro e eu
estava no consultório do veterinário gostoso novamente esperando para
que ele mudasse a tala de Mike. Enquanto esperava na sala de espera da
clinica, recusava todas as ligações de Micheal... Desde a festa ele me
ligava pelo menos umas dez vezes por dia e eu não atendia praticamente
nenhuma. Como havia dito a Candicce, eu não queria um relacionamento
então não o atenderia para não dar falsas esperanças.
A porta do consultório foi aberta e o moreno alto saiu de lá com o mesmo sorriso tira folego de antes.
–
Vamos lá ? – Perguntou sorrindo e eu me levantei e fui para a sala. – E
então, como ele passou ? – Logo que eu passei a porta foi fechada e ele
apareceu ao meu lado pegando Mike e o erguendo na altura de seus olhos.
– Passou bem, dois dias depois já estava acostumado com a tala... – Sorri.
–
Isso é ótimo, ele parece ser bem forte. – O colocou novamente na mesa e
foi até seu armário pegar o necessário para a nova tala. – Nós vamos
tirar essa da pata inteira e colocar uma que vai até a metade, até esse
osso que parece uma bolinha.
Com cuidado Ian fez todo o trabalho e
algumas vezes me pediu para ajudar e durante todo o procedimento me
explicava algumas coisas. Ao terminar, ele fez um carinho no pescoço de
Mike ganhando várias lambidas na mão como se retribuísse o afago.
–
Parece que eles sentem quem gosta deles... – Sorriu abertamente
revelando seus dentes perfeitamente brancos e sem perceber acabei
sorrindo em resposta. Esse homem parecia ter encantado meu cachorro, seu
rabinho não parava de balançar e de virar barriga para cima para
receber mais carinho. Apesar de muito sério e concentrado no trabalho,
ele parecia ser uma ótima pessoa e por um momento eu o imaginei fora
desse consultório sem esse jaleco e toda essa seriedade.
Enquanto
os dois se divertiam, não pude deixar de parar pra perceber o jeito que
Ian falava. Seu sotaque era mais conectado uma delicia de ser ouvido,
não muito puxado como o nosso da Califórnia mas também não tão picado
como o britânico era tudo correto e sem muitas gírias. Sua cor também
não me passou despercebida, era muita branca e sem nenhum bronzeado,
diferente de todos nós... Com certeza ele não era de Malibu.
– Não é daqui, não é mesmo?... – Comecei a puxar assunto. Ele soltou um risinho e me olhou divertido.
– Sou do canada...
– Friozinho, huh?
–
Um pouco! – Concordou fazendo uma careta divertida. – Mas sabe, estou
adorando o clima daqui, as pessoas.... Gosto bastante de correr na praia
logo de manhã, tomar um banho gelado e vir para o trabalho. Gosto de
dar bom dia para o porteiro, conversar na praia com um desconhecido...
– Então você está no lugar certo!
– Creio que esteja mesmo... – Concordou. – Minha cor me denunciou?
–
Seu sotaque também... – Não sei por que, mas minhas bochechas pareciam
queimar e eu tinha a impressão de estar parecendo um morango no momento.
–
Tem isso também. – Ergueu as sobrancelhas como quem concordasse,
respirou fundo e mudou de assunto. – Se você quiser, eu tenho um guia de
cuidados com um yorkshire, se quiser também posso acompanhar o
desenvolvimento dele, dar as vacinas e tudo mais. Temos aqui na clinica
também uma ótima equipe de banho e tosa...
– Seria ótimo... – Concordei.
– É seu primeiro cachorro ?
– Está tão evidente minha falta de experiência ? – Recolhi os ombros me fingindo ofendida.
–
Talvez um pouco... – Debochou. – Mas sabe, esse guia será ótimo para
você. Nele tem tudo que vai precisar, como escovar o pelo dele e até
ensina a dar banho em casa...
– Tudo que uma mãe de primeira viagem precisa! – Brinquei.
– Exato...
– E você, tem muitos animais em casa? – Ok, a pergunta tinha sido idiota, mas é que eu estava adorando conversar.
– Eu tinha um gato, mas ele morreu antes de eu me mudar para cá... – Deu de ombros.
– Sinto muito...
–
Tudo bem, ele já estava velhinho e muito doente... Agora estou pensando
em um labrador ou Golden Retriever, sou fascinado por essas raças.
–
Realmente, são lindos mesmo.... – Concordei. – Faz muito tempo que veio
para cá ? – Ok, eu estava sendo chata, mas Ian estava sendo tão gentil
que eu tomei a liberdade de querer saber mais sobre ele.
– Uns
três meses... – Ele pegou Mike em seu colo e me entregou. – Quer fazer a
carteira de vacinação dele hoje? Podemos marcar as vacinas e tudo
mais...
– Claro... – Sorri e o segui até a mesa do canto da sala onde me sentei em uma das cadeiras.
Enquanto
fazíamos o cadastro de Mike na clinica ele fazia perguntas sobre mim.
Perguntou minha idade, se eu tinha nascido na Califórnia mesmo, o que
queria fazer na faculdade, se tinha irmãos, perguntas usuais mesmo...
Ian
realmente era uma ótima pessoa e muito divertido, mas infelizmente tive
que ir embora porque nossa conversa foi interrompida por uivos
desesperados de algum cachorro na sala de espera.
– Prazer em te conhecer, Nina. - Sorriu para mim e retribui da mesma forma.
–
Seja bem vindo, hum... – Franzi o cenho pensando em um jeito de
chama-lo. Ian, senhor, senhor Somerhalder, doutor.... Não sabia qual se
encaixava melhor.
– Me chame de Ian... – Suspirei aliviada.
– Então, seja bem vindo, Ian! – Sorri sem graça.
–
Obrigado. – Ele apertou minha mão e eu sai do consultório. Depois de
sair daquele lugar, comecei a contar os dias para vê-lo novamente.
– Demorou ein... – Minha mãe bufou quando entrei no carro.
– Fiquei conversando com o veterinário e não vi o tempo passar. – Falei calma dando de ombros.
–
Conversaram sobre o que ? - Dona Michaela conseguia ser extremamente
intrometida quando queria, mas no fundo eu não a culpava, afinal, também
gostaria de saber o que minha filha tanto conversava com um homem
relativamente mais velho.
– Sobre Mike, faculdade, tudo... –Usei o
mesmo tom de descaso que antes e ela pareceu satisfeita. Uma coisa eu
aprendi, se você responder qualquer pessoa, principalmente sua mãe, de
mal jeito ou ser grossa, dará motivos para que ela desconfie de você
então é melhor agir e responder educadamente ou com descaso que a
desconfiança passa.
– O veterinário é bom, pelo menos ?
– Sim, super bom. Gostei do trabalho dele, muito centrado e carinhoso com Mike...
– Que bom. – Sorriu.
O
dia estava lindo, o céu completamente azul sem nenhuma nuvem e eu não
estava com a mínima vontade de ficar enfurnada no meu quarto estudando
ou fazendo qualquer coisa que fosse em casa.
– Vou a academia hoje, me acompanha ? – Perguntei a minha mãe.
–
Até gostaria, mas vou te deixar em casa e ir ajudar seu pai na
empresa... – Não gostava de ir à academia sozinha e minha mãe era uma
ótima companhia para isso.
– Tudo bem então... – Dei de ombros já
acostumada com a ausência deles. Meus pais eram donos de uma empresa
famosa de importação e exportação então boa parte do dia eles não
estavam em casa.
Minha mãe me deixou em casa e eu me arrumei e fui para academia onde passei o resto do dia malhando.
Eu quero um veterinário desse pra miiiiim! é pedir de mais será??? :(
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