sábado, 11 de agosto de 2012

Capítulo 6 - Married Life

No final do mês recebi uma das mais gratificastes notícias que alguém poderia receber. O diretor do meu curso fez um levantamento dos cinco melhores alunos de todos os períodos de jornalismo e para minha surpresa, meu nome ficou em segundo lugar da minha sala. Não conseguia conter minha felicidade, pelo menos uma vez meu esforço tinha valido a pena.
Com isso comecei a pensar seriamente em adiantar as matérias para que conseguisse me formar antes. Eu tinha total consciência do quão trabalhoso isso seria e que iria me desgastar demais, mas pelo menos, no futuro teria mais tempo para ficar com minha família e iria conseguir começar a trabalhar antes. Em minha opinião, esse meu plano valeria muito a pena só que como não se tratava só de mim precisava comentar com Ian sobre isso, mas ainda não tinha criado coragem o suficiente para pedir opinião dele.
Infelizmente nem tudo estava como eu planejava... Minha vida parecia uma balança que eu nunca conseguia equilibrar os lados; em um prato estava minha faculdade junto com minha vida profissional e em outro minha vida pessoal junto com a minha família. Esses meus dois lados pareciam dois imãs que quando eu tentava juntá-los se repeliam por estarem em faces iguais. Me irritava o fato de que eu não conseguia ir bem na faculdade sem estar de mal com Ian ou vice-versa e infelizmente não podia desistir de meus estudos e não ter uma profissão, eu precisava dela para ser bem sucedida e poder ajudar Ian com as despesas da casa e isso era algo que Ian não concordava.
Meu casamento estava passando por um período de turbulência, o clima estava pesado em minha casa e eu e Ian estávamos discutindo semanalmente. Nunca pensei que fosse tão difícil ser mãe, estudante e esposa ao mesmo tempo, no final do dia eu estava exausta e minha cabeça explodia de tanto estresse. Me sentia uma inútil por não conseguir ser uma mãe tão presente quanto eu desejava ser e por não conseguir atender as necessidades de meu marido. Às vezes eu só queria um colo de mãe ou alguém a recorrer, alguém que eu pudesse deitar nas pernas e que acariciasse meus cabelos falando que tudo aquilo era uma fase e que iria passar... Normalmente quem me consolava assim era Ian, mas ele andava tão estressado devido aos negócios da família dele que eu tinha até medo de me abrir. Podia soar estranho mas nós estávamos nos distanciando e isso aos poucos estava acabando comigo porque eu o amava demais ainda.
Ok, não posso colocar a culpa da crise de meu casamento exclusivamente em minha faculdade. Esse envolvimento de Ian nos negócios de seu pai também estava cooperando com a nossa instabilidade. Ele tinha que sempre se encontrar com Megan por causa dos projetos e isso estava me corroendo por dentro. Eu sentia que desde que essa maldita mulher tinha aparecido, minha relação com Ian tinha decaído. Pode parecer bobagem ou perseguição mas eu não podia deixar essa hipótese de lado. Eu acreditava em Ian mais que tudo, mas eu ficava insegura demais quando ele saía para se encontrar com Megan.
Porque as coisas não podiam ser como eu queria? Será que todo o meu sofrimento da adolescência não tinha sido o suficiente para uma vida?
...
Aquela semana estava sendo insuportavelmente difícil. Tinha ficado praticamente todos os dias depois da aula para estudar na biblioteca e na sexta feira estava exausta.
Eu estava indo embora, já não vendo a hora de chegar em casa e ficar com Ian e Alice. Parecia que o caminho até meu carro era de quilômetros e quando estava quase chegando tive que me segurar para não xingar Alex de nomes horríveis quando ele me segurou o braço.
– Nina, tem um segundo?
– Claro, o que houve? - Forcei um sorriso simpático.
– Sei que você deve estar um tanto cansada, mas não quer sair comigo essa noite para conversar? Beber alguma coisa?
– Mais alguém vai? - Perguntei estranhando.
– Não, não, só nos dois mesmo. Eu até tentei chamar os outros mas eles não quiseram, então... - Respondeu um tanto atrapalhado.
– Alex, é que... - Gaguejei um pouco procurado as palavras certas para que não o machucasse. - Não me leve a mal, mas é que eu realmente queria ir para casa agora. Queria ficar com a minha filha e meu marido, sabe? - Falei aliviada.
– Ah sim, claro, claro... - Falou desajeitado.
– Sinto muito... - Olhei meio cabisbaixa.
– Tudo bem Nina, outro dia a gente combina.
– Uhum. - Forcei um sorriso.
– Hey... Estou te achando muito para baixo ultimamente - Ele me olhou carinhoso pegando minha mão. - Você sabe que pode contar comigo, não é mesmo? - Levou a outra mão livre para tocar meu rosto. Não queria recuar para que ele não se magoasse mas eu não estava gostando daquela intimidade dele comigo. Por mais que eu adorasse Alex, aquela proximidade estava me incomodando um bocado.
– Esta tudo bem, é só a faculdade e todos os estudos que estão me tirando do serio. - Respondi. - Obrigada por se preocupar... - Acrescentei. - Mas enfim, boa noite Alex... - Falei me afastando enquanto ele chegava mais e mais perto.
– Boa noite! - Sorriu me dando um beijo de despedida bem no canto de meus lábios, quase cobrindo minha boca com a sua.
Quando tentei falar alguma coisa ele pegou meu rosto e puxou para ele dessa vez me beijando de verdade. Fiquei estática, não sabia o que fazer, estava completamente sem força para empurra-lo e sua língua já pedia brecha contra meus lábios.
Cerrei meus lábios com força impedindo que ele conseguisse me beijar. Fui tentar falar alguma coisa mas sem querer abri minha boca e sua língua se encontrou com a minha. Não sei dizer se eu o correspondi ou não, mas eu só queria que aquilo acabasse logo.
– Alex, não! - Falei brava pra ele. - No que você esta pensando? Eu sou casada! - Cerrei o cenho. - Posso estar passando por uma crise em meu casamento mas eu amo Ian demais!
– Nina! - Tentou se defender mas eu o impedi.
– Olha Alex, amanha conversamos sobre isso! Eu estou cansada e vou acabar falando coisas que não devo para você. - Respirei fundo. – Espero que isso não se repita nunca mais! - Dei meia volta o deixando sozinho. Entrei no meu carro rapidamente trancando as portas assim que entrei para que ele não viesse atrás de mim e entrasse no carro.
Eu fervia de ódio, meu corpo tremia de raiva. Como ele teve coragem de me agarrar desse jeito? Minha vontade era de voltar até ele e estapear seu rosto descontando toda minha raiva. A proposta era cativante mas assim que olhei o horário no carro me dei conta de que já era tarde e se eu voltasse iria demorar ainda mais.
Dei partida no carro e sai cantando pneu do estacionamento. Liguei o rádio quase no ultimo volume e tentei me concentrar no caminho.
Não sabia como ia reagir com Ian, não sei se tinha chego a ser traição mas mesmo assim não fazia a mínima ideia de como ia olha-lo depois do ocorrido principiante por estarmos tão estranhos um com o outro. Eu era uma idiota, uma burra por ter deixado isso acontecer...O caminho inteiro lutei contra as lágrimas, não conseguia explicar a culpa que eu estava sentindo.
Estacionei o carro na garagem e assim que sai do carro consegui ouvir Alice chorando me chamando. Entrei em casa e a vi no colo de Ian e ela tentando a acalenta-la.
– Calma princesa, mamãe ta na escola estudando e já volta. - Ele acariciava seus cabelos e a ninava em seu colo.
– Não! Não! Não! Eu quero a mamãe! - Gritou.
– Oi princesa, mamãe chegou!
– Mamãe? - Choramingou.
– Sim, cheguei. - Sorri chegando perto deles. - O que houve?
– Estávamos assistindo televisão e dai ela viu um bebe com uma mãe e ficou te chamando... - Ian me explicou.
– Aw mamãe esta aqui amor, venha! - A peguei no colo e ela me abraçou forte. - Faz tempo que ela esta chorando?
– Faz... - Ele respondeu.
– Porque não me ligou? Eu viria na mesma hora, estava só estudando.
– Não queria atrapalhar.
– Ian, ela é minha filha, nunca atrapalha. - Falei calma pra ele.
– Mamãe, quero que você leia uma história para mim... - Falou secando as lagrimas.
– Então vamos lá no seu quarto que eu leio, ok?
– Uhum...
Deixei minhas coisas no sofá e passei por Ian dando vários selinhos nele sendo correspondida de bom grado. Culpa, culpa, culpa... Que ódio que eu estava de mim.
– Mamãe, não quero mais a história da chapeuzinho vermelho... – Choramingou.
– Porque, amor? É sua favorita...
– Não gosto mais, o lobo mau vai vir me pegar...
– Não, não amor. Quem te falou isso?
– Eu sei que ele vem! – Retrucou.
– Ali, o lobo mau só existe na história, ele não é real! Ninguém vai vir pegar você amor, eu e seu pai vamos estar aqui para te proteger...
– Acho que foi na escola que a assustaram, ela está há uma semana com medo do lobo mau. – Ian estava encostado na porta nos assistindo.
– Hey papai, venha brincar com a gente...
– Ué, mas você não quer mais história?
– Não agora eu quero brincar com vocês dois! – Sorriu sapeca. – Papai, senta ai que eu quero brincar de chá...
– Mas há essa hora? – Ele perguntou.
– Sim, chá da noite, ué! – Riu.
Alice estava elétrica, tinha dormido duas horas na escola e agora estava sem sono sem falar que minha pequena estava com saudades de mim e não tinha me deixado desde a hora que eu tinha chego, então ficamos brincando nós três até a hora que ela foi dormir o que foi mais ou menos meia noite.
Agradeci por ser sexta feira e amanha poderia ficar em casa porque além de estar exausta, minha cabeça explodia de dor. Eu só pensava em acabar com a minha fome, deitar em minha cama e tentar esquecer o que havia ocorrido no estacionamento da faculdade. Acho que essa culpa iria me seguir pelo resto da vida...
Ainda pensando no ocorrido, deixei Alice dormindo em seu quarto, tomei banho e fui para cozinha jantar. Enquanto preparava minhas coisas senti Ian me abraçar por trás beijando meu pescoço.
– Que delicia... - Sorri sentindo minha pele se arrepiar. Fiquei extremamente feliz por ele estar voltando ao normal e que já estávamos de bem.
– Senti tanto sua falta.... - Sussurrou em meu ouvido.
– Eu também... - Larguei tudo o que estava fazendo e me aconcheguei em seus braços sorrindo em meio aos beijos que ele me dava na bochecha.
– Não vejo a hora de essa sua faculdade acabar, pequena.
– Eu também não. - Me virei de frente pra ele recebendo carinho gostoso no rosto e logo sendo beijada apaixonadamente.
Deixei que Ian guiasse o beijo no ritmo que ele quisesse e eu só correspondia preguiçosamente. Foi incrível como eu esqueci de tudo com o contato de nossos lábios... Acho que poderia ficar o beijando até meu remorso ir embora. Uma de suas mãos prendeu em meus cabelos enquanto a outra apertava forte minha cintura. Se não fosse pelo meu humor terrível misturado com cansaço e dor de cabeça, com certeza eu já teria entrado em seu clima e logo nós selaríamos as pazes dignamente. Mas infelizmente eu não estava com a mínima vontade de fazer aquilo que ele estava com vontade. Sutilmente o afastei colando nossas testas e fazendo carinho em seu rosto.
– Amor, podemos só dormir hoje? Não estou muito no clima...
– Hey, o que houve?
– Só estou cansada, essa semana foi muito corrida e minha cabeça esta doendo muito...
– Mas já chegamos a esse estagio? - Falou um tanto irritado.
– Oi ?- Perguntei desentendida.
– Deixa pra lá... - Saiu da cozinha me deixando sozinha ali sem entender nada.
Quando fui para sala pra procura-lo só o encontrei com um cobertor e seu travesseiro.
– O que é isso? - Perguntei. - Você não vai dormir comigo só porque eu não quis transar com você?
– De uma certa forma sim, mas estou saindo... - Falou sem olhar pra mim.
– Ian, o que esta acontecendo? - Cruzei o braço forte em meu peito.
– Nada ué! Eu queria me divertir, mas você não quer, então vou sair pra jogar poker com meus amigos! - Deu de ombros.
– Tudo bem, esfrie a cabeça que amanha conversamos... - Falei controlando as lagrimas.
Ian pegou as chaves do carro de cima da mesa de centro e saiu de casa pegando um casaco do cabide.
Depois de dias separados aquela noite foi a única que me permiti chorar. Não podia acreditar que meu casamento estava por um fio.
Em meio a lagrimas fui para meu quarto me deitando na cama e desmoronando em choro.

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