sábado, 11 de agosto de 2012

Capítulo 5 - Actually, he is my husband

Horário livre, deus, há quanto tempo que eu não tinha horário livre? Uns bons dois anos ou mais que eu não ficava atoa. Nunca agradeci tanto por um professor ter ficado doente.
Tinha jurado a mim mesma que não iria me preocupar em estudar nesse meio tempo e nem pensar em alguma coisa que fosse em relação com estudos. Iria tirar aquele tempo para mim, para relaxar mesmo.Com isso eu, Candicce e mais uns colegas, que estavam em horário livre também, nos sentamos no pátio para conversar. Alex e uns garotos ficaram jogando poker em uma roda no chão ao nosso lado, apostando maços de cigarro e rodadas de tequila e vodca para mais tarde enquanto conversávamos e dávamos risadas deles. Fiquei conversando sobre Alice com Candicce quando meu celular tocou mostrando que era Ian no identificador de chamadas. O atendi e nós ficamos uns vinte minutos conversando. Ficamos falando besteiras e Ian ficou me fazendo corar com assuntos inusitados principalmente porque eu não podia responder de voz alta.
– Chega, chega! - Falei alto no telefone. - Chega de se divertir as minhas custas...
– Esta gostando? - Me perguntou rindo.
– Não, não estou gostando! - Menti mordendo o lábio.
– Duvido! Você mente tão mal senhora Somerhalder... Eu sei que você estava adorando! Principalmente na parte que eu falei... - Tentou terminar mas eu o cortei.
– Eh, parou com a sacanagem! - Falei - E não, eu não estava! - Rangi os dentes.
– Pare de mentir Nina! Você não estava gostando, estava adorando.../i> - Riu.
– Não estou mentindo. Agora me deixe e vá trabalhar... – Falei tentando segurar o riso.
– Admita que quer mais...
– Adeus Ian! - Ri dele e desliguei o celular.
Olhei ao meu redor e percebi que ninguém prestava muita atenção no que eu conversava no telefone e eu agradeci demais pelo jogo de poker estar sendo tão atrativo naquele momento.
– Meu deus, esse cara tem mais do que mil expressões para jogar, onde já se viu isso! - Um dos garotos que estavam jogando na rodinha falou estressado jogando as cartas que estavam nas mãos no rosto de Alex. - Desisto, vou ficar sem cigarro assim.
– Ah qual é? Pare de ser fraco, só porque não sabe perder? - Alex riu.
– É impressionante isso, impressionante! - Falou o mesmo.
– Não, sabe o que é realmente impressionante? -Alex perguntou olhando para mim.
– O que é impressionante, seu chato? - Cruzei os braços olhando pra ele debochada.
– Esse carinha grudento que fica te ligando o tempo todo. - Riu. Eu o olhei cínica e só sorri.
– Esse carinha, é o meu marido... - Ergui a mão esquerda e mostrei a enorme aliança de ouro no meu anelar. Tive que me segurar para não rir da reação de todos em minha volta.
– Ele é seu o que? - Perguntou perplexo.
– Meu marido! - Respondi orgulhosa.
– Você só pode estar brincando... - Riu. - Não acredito que você é casada...
– Meu deus, fala serio Alex, vai me dizer que nunca viu essa enorme aliança na mão da Nina! - Candicce entrou na conversa.
– É obvio que eu já tinha visto, mas pensei que fosse só um anele não uma aliança... Ou aqueles anéis religiosos para casar virgem. - Deu de ombros fazendo Candicce rir.
– A Nina, casando virgem, piada nova...
– Mas agora falando serio, quando você casou?
– A dois anos...
– Wow! Porque isso?- Perguntou espantado. - Digo, porque tão cedo?
– Porque sim, porque eu amo meu marido, só isso...
– Meu deus, me conte tudo agora! Suspendo as jogadas, agora o assunto ficou legal.
– Não tem nada a contar! Nada demais!
– Como assim nada? Quem nos dias de hoje se casa com dezenove anos?
– Eu casei!
– Wow... Nina já é patroa! - O mesmo garoto que criticou Alex por ele ter ganhado a rodada fez o comentário.
– Patroa? A Nina é mãe de família já! - Candicce falou rindo.
– Mãe? Espera ai, você já é mãe? - Alex perguntou ainda perplexo.
– Sim, há três anos já! - Puxei a corrente que usava e mostrei meu pingente de menina com ouro branco.
– Você foi mãe aos dezoito?
– Uhum!
– Ok, agora eu estou impressionado!
– Não entendo por que... - Dei de ombros.
– E você o ama? - Ele me perguntou. - Ele te ama?
– E você acha que eu estaria casada há dois anos com um homem não o amando ou ele não me amando?
– A Nina? - Candy falou. - Se ela ama Ian? - Riu. - Ela é simplesmente louca por ele. Nunca vi casal tão apaixonado quanto eles.
– Bom, é certeza que esse anel não é religioso... - Riu. - Então, parabéns e felicidades para sua família. - Riu. - Queria muito conhecer sua filha, se ela for parecida com você é a coisa mais linda do mundo... - Comentou me fazendo corar. Já não era a primeira vez que Alex tinha dado em cima de mim e pra falar a verdade não estava gostando nada dessa intimidade que nossa relação tinha tomado de uns dias pra cá.
– Ela é parecida com o pai mas realmente é a coisa mais linda do mundo! - Sorri boba lembrando minha pequena dos olhos azuis.
– Que coisa mais linda... - Ele riu debochado.
– Você é um besta sabia disso? - Revirei os olhos.
Alex era uma pessoa boa mas ao mesmo tempo conseguia me irritava um pouco. Não sei por que mas ele tinha uma facilidade em me tirar do serio, vivíamos brigando e muitas vezes era por besteira. Não gostávamos das mesmas coisas, tínhamos opiniões completamente diferentes e gostávamos de coisas completamente distintas. Mas ainda assim gostava muito dele, era ótimo o ter como companhia e por incrível que parece ele sempre conseguia me fazer rir com suas piadinhas infames.
Ficamos discutindo, digo, ficaram discutindo sobre minha vida pessoal até entrarmos na sala para próxima aula e depois disso, para minha alegria, esse assunto morreu e no final do dia ninguém parecia lembrar do que havia dito.
Estava uma tarde chuvosa em Upper West Side e com certeza em toda Nova Iorque, então quando acabou o dia na faculdade me ofereci a dar uma carona para Alex até pelo menos à metade do caminho.
Infelizmente só consegui leva-lo até seu segundo ponto de ônibus porque a chuva estava forte demais e o transito estava impossível o que me fez demorar mais do que o previsto.
Depois de muito transito, estresse e músicas no rádio, consegui estacionar meu carro na garagem. Entrei em casa e Ian e Alice estavam sentados no chão da sala brincando de boneca.
– Mamãe! - Alice veio correndo até mim.
– Oi meu amor! - Sorri me agachando e a pegando no colo a abraçando forte. Alice tinha um cheirinho de frutas vermelhas do seu shampoo misturado com seu perfume de bebe. - Meu deus mas como esta cheirosa essa minha princesa!
– Papai me deu banho... - Sorriu delicada.
– E você deu um beijo e um abraço no papai de obrigada?
– Dei! - Sorriu assentindo. - Brinca de casinha comigo?
– Mas é claro que eu brinco, vamos ali. - Peguei sua mãozinha e fomos até o centro da sala.
Ian estava sentado de costas para mim um tanto quieto vestindo uma boneca de Alice.
– Oi meu amor... - Falei sentando ao seu lado.
– Oi! - Sorriu fraco me olhando. Ele estava um tanto frio e eu estranhei isso. Toquei sua nuca acariciando seu coro cabeludo com as pontas dos dedos.
– O que foi? - Perguntei pra ele.
– Você demorou!
– Desculpe amor, estava muito transito por causa da chuva e eu dei uma carona a Alex...
– Alex? De novo esse garoto?
– Ian, estava muita chuva, fiquei com pena dele.
– Espera, você foi até o brooklyn? - Perguntou desconfiado.
– Não tecnicamente, fui até a metade do caminho.
– E nem pra nos avisar?
– Ian, foi só uma carona....
– Eu sei Nina, mas eu não gosto desse cara! Você esta andando demais com ele e eu não gosto disso!- Falou carrancudo e bravo.
– Depois conversamos sobre isso, agora vou brincar com a minha filha.... - Não iria discutir com Ian sobre isso naquele momento, principalmente porque Alice estava ali e eu sei que iríamos terminar brigando feio. - E então, quem vai ser minha filha? - Dirigi minha atenção a Alice que brincava sozinha no canto.
– Ninguém - Sorriu malandra. - Eu vou ser sua mamãe e você tem que me obedecer.
– Ah é assim então? - Coloquei a mão na cintura fazendo um tom diferente.
– Uhum! Agora eu vou fazer seu papa e você tem que comer tudinho!
– Vou pensar no seu caso...
– Tem que comer tudo pra ganhar sobremesa... – Falou colocando as mãos na cintura me imitando.
– Oba, mas eu não posso comer a sobremesa antes, mamãe?
– Não! - Cruzou os braços brava.
– Vou tomar banho... - Ian falou depois de um tempo em silencio.
– Não papai, fique aqui, quero brincar com os dois! - Ali choramingou.
– Não princesa, curta sua mãe um pouco... - Deu um beijo no topo de sua cabeça e depois saiu.
– Deixa Ali, depois brincamos nós três por enquanto vamos ficar nós duas aqui... – Peguei sua mão a acalmando.
– Ok... - Falou tristonha.
– E agora mamãe? Estou com fome, cadê minha comida? - Falei manhosa.
– Calminha ai - Levantou as duas mãos em minha direção em sinal que eu esperasse. - Vá lá brincar um pouco que jaja nossa janta estará pronta. - Falou em um tom superior me fazendo morder o lábio segurando riso.
– Mamãe, me conte como foi seu dia na escola... - Perguntei para ela enquanto me sentei ao seu lado pegando uma boneca no colo para fingir que estava brincando.
– Foi legal... - Suspirou. - Nós plantamos cenourinha, alface e outras coisas na horta... E meu feijão no algodão estragou - Falou cabisbaixa. - Não sei o que fiz de errado, dei aguinha pra ele, coloquei no sol mas mesmo assim ele ficou com um cheiro ruim...
– Oh meu amor, isso acontece, não foi culpa sua, juro que não foi.
– Tem certeza?
– Tenho, pequena! - A puxei para meus braços e arrumei seus cabelos para trás da orelha e dei um beijo em sua bochecha. - Se você quiser podemos fazer outro agora mesmo. O que acha?
– Você me ajuda a cuidar dele?
– É claro que eu ajudo! - Sorri. - Vamos fazer?
– Mas e o papa que eu estou fazendo para você?
– Vamos deixar ele aqui e quando voltarmos ele já vai estar pronto.
– Ok! - Sorriu me dando a mãozinha.
Nos levantamos e fomos até a cozinha. A deixei sentada no balcão e fui pegar um pote de plástico de sobremesa para colocar o algodão e o feijão, depois tirei dois grãos de feijão do saco e da caixa de primeiros socorros um pedaço de algodão.
– Mamãe, vou dar um nome para os meus feijões...
– E como eles vão se chamar?
– Um vai se chamar Nina e o outro Ian! - Sorriu delicada.
– Eles vão ser o papai e a mamãe?
– Uhum! - Sorriu. - É que você e o papai estão sempre juntos e meus feijões vão crescer juntos também.
– Que lindo, filha, seu pai vai adorar.
– Agora só falta colocar um pouquinho de água... – Completou.
– Uma gotinha só né?
– Duas - Levantou dois dedos com um sorriso malandro.
– Ok! - Sorri. - Agora colocamos aqui e amanha vemos!
– Isso, agora vamos ver seu papa porque se não vai queimar e não da pra comer mais. - Ergueu os braços em minha direção para que eu a pegasse.
A peguei no colo e então fomos para a sala voltando a brincar.
– Oh mamãe, tem que comer tudo! - Falou me entregando um prato de plástico lilás das princesas e uma colher.
Brincamos de fazer comida e com suas bonecas até que ela se sentou em meu colo e começou a coçar os olhinhos. O relógio marcava nove e meia, exatamente o horário que ela costumava a dormir.
– Mamãe, quero um mama... - Falou manhosa.
– Mas já?
– Uhum...
– Então vamos fazer assim, nós fazemos um mama, escovamos os dentes e vamos pro quarto, o que acha, topa?
– Topo! - Sorriu.
A peguei no colo e ela abraçou meu pescoço deitando no meu ombro cansada. Fizemos sua mamadeira e seguimos para o banheiro do seu quarto.
– Abre bem a boca, bocão de jacaré ein! - Falei e ela me obedeceu abrindo bem a boca. - Nossa mas quanto dente! - Segurei seu rosto escovando seus dentes de trás.
– Ta ficando limpo ? – Perguntou de boca aberta.
– Esta sim, bem limpinho. - Sorri. - Esta brilhando já!
– Oba! – Respondeu do mesmo jeito.
Assim que terminei seus dentes fomos para seu quarto e eu liguei um filme para ela assistir. Me deitei com ela e sem demorar muito minha pequena adormeceu e eu fui para o meu quarto onde Ian estava deitado na cama lendo um livro. Acho que ele estava muito concertado na leitura ou realmente estava me evitando porque foi como se eu nem tivesse entrado no quarto. Peguei meu pijama e ele nem se quer olhou para mim, o clima era pesado como se nós tivéssemos brigado feio.
Soltei um suspiro pesado mas mesmo assim ele não me olhou. Desisti de tentar chamar atenção dele e fui para o banho demorando tempo necessário para que eu tomasse coragem para enfrentar a fúria do meu marido enciumado.
Ian estava na mesma posição que o encontrei, sem ter se movido praticamente nada. Suspirei fundo novamente e me sentei ao seu lado, de leve toquei sua perna tentando chamar sua atenção mas ele não me olhou.
– Ian, olhe para mim, quero falar com você...
– Fale. - Se ajeitou na cama e fechou o livro para olhar para mim.
– Você esta bravo?
– Não Nina, só estou triste... – Falou frio.
– Desculpe amor, não sabia que ia ficar assim...
– Mas como você quer que eu fique? Você preferiu ficar com um colega da faculdade do que com a sua família, Nina!
– Não foi isso, eu não preferi ficar com ele, foi só uma carona, Ian!
– Eu sei, mas não gosto de ti andando com esses garotos...
– Como assim? Você não pode me privar de ter amigos homens.
– Porque tem que fazer questão de ser amiga dele?
– Ian, pare de besteira, você sabe que eu não sou assim!
– Eu sei e você é só minha! - Falou ainda bravo.
– Ian, eu sei que sou sua, sempre fui e sempre vou ser. - Suspirei. - Eu nunca te dei motivos para desconfiar desse jeito de mim, um voto de confiança é legal, sabia?
– Eu confio em você!
– Não é o que esta parecendo. - Retruquei.
– É que acaba comigo pensar que existe um cara que fica com você mais tempo do que eu, acaba comigo lembrar que de tarde é ele do seu lado e não eu... - Com essa confissão foi impossível não sorrir boba para ele, fiquei de joelhos na cama e fui "andando" até ele.
– Olhe para mim - Peguei seu rosto e entrelacei minhas mãos em sua nuca acariciando seus cabelos. - Eu posso passar a semana inteira com ele mas você nunca sai do meu pensamento, entendeu? - A expressão carrancuda de Ian se desmanchou e ele me olhava serio com os olhos brilhando. - Eu posso passar o dia inteiro com ele, mas é com você que eu divido a cama, é o seu nome gravado em minha aliança de casada, se lembra?
– Não faça mais isso, ok? Você sabe que eu morro de ciúmes de ti... - Agarrou minha cintura com as duas mãos e me puxou ao encontro de seu corpo. Eu acabei com o espaço entre nossos lábios selando um beijo leve e apaixonado.
– Não faça mais isso você, ok? Você sabe que é o único para mim! – Falei o imitando.

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