O resto
de nossa semana se passou normalmente, eu e Ian estávamos em uma harmonia
perfeita devido a todas as nossas noites um tanto agitadas no banheiro e em
outros lugares inusitados e escondidos da casa. Era ótimo ser assim, casada,
com uma filha e mesmo assim ter uma vida sexualmente ativa com meu marido como
se estivéssemos no inicio do relacionamento.
Ian tinha
um apetite que eu não entendia de onde surgia tanto desejo. Se eu aceitasse
terminaríamos sempre assim os nossos dias... Mas eu não podia reclamar porque
sexo em si já era bom, com Ian ficava melhor ainda.
Por mais
que Alex e um pessoal da faculdade tenham me convidado para um churrasco na
piscina eu recusei. Eu não tinha a mínima vontade de sair com meus amigos e
deixar minha família. Já era extremamente complicado ter que deixa-los só para
ir pra faculdade, imagine sair pra me divertir, sem nem citar que para mim era
muito mais divertido ficar com minha filha e meu marido do que ir para bar
beber, sinceramente não via mais graça nisso tudo. Não sei se era normal mas
quando eu estava longe minha cabeça só pensava em Ian e Alice, se eles estavam
bem, se estavam com frio ou fome, o que estavam fazendo... Pode soar um pouco
paranoico mas acho que todas as mães são assim.
Robert e
Robin tinham finalmente conseguido abrir seus consultórios em Nova Iorque.
Nunca os vi tão animados, não falavam de outra coisa a não ser os novos
negócios da família. No sábado de manha fomos à melhor empresa de arquitetos na
cidade para planejar os consultórios e as decorações. Robin insistiu que Ian
fosse junto porque ele tinha um ótimo gosto para essas coisas então fomos todos
nós ver os consultórios para depois irmos almoçar todos juntos.
Quando
chegamos na "empresa" um senhor simpático nos atendeu e depois nos
guiou até uma sala especial. Pelo que tinha entendido ele era dono daquilo tudo
e recomendava o melhor arquiteto para cada caso.
– Creio
que vocês vão adorar o trabalho dela. Em minha opinião ela é a melhor quando o
assunto é consultório medico. - O senhor falou orgulhoso nos apresentando a
arquiteta que faria projeto de tudo. A moça era muito bonita, tinha os olhos
verdes azulados, um cabelo preto e super liso, seu corpo era escultural e
ficava bem evidente com o jeans e a regata simples que usava.
Senti Ian
estético ao meu lado enquanto Alice segurava uma barbie em meu colo sem
entender nada. Olhei para a mulher em nossa frente e incrivelmente ela estava
do mesmo jeito que meu marido.
– Ian? -
Ela falou perplexa.
–
Megan...- Ian sussurrou.
Acho que
meu coração parou por alguns segundos, não consegui raciocinar direito...
Sentia uma agonia terrível no peito e por um momento senti Ian se distanciando
de mim, como se nossa relação fosse uma corda e essa corda estava se desgastou,
desfiou com a presença de Megan.
–
Apresentações... - Falei torcendo para que minha voz não falhasse.
– Megan,
essa é Nina minha esposa - Tocou minha cintura. - E essa é nossa filha, Alice.
- A voz de Ian era tão baixa que era quase difícil de se escutar, podia
perceber que ele estava muito desconfortável e nervoso com a situação.
Eu sabia
que ela estava na cidade e estava me preparando para encontra-la mais cedo ou
mais tarde, mas nunca pensei que fosse ser tão difícil assim ou até mesmo nunca
pensei que fosse encontra-la...
– Nina,
essa é Megan uma... É, uma... Uma amiga do passado...
– Prazer
Nina... - Sorriu meiga.
–
Igualmente - Falei um tanto mal humorada.
– Vamos
lá? - Nos chamou.
– Eu fico
aqui com Alice, não se preocupem. - Falei segurando minha filha forte nos
braços. - Clarisse pode ficar aqui também...
Robin
assentiu e esperou todos entrarem na frente e veio ao meu lado.
– Esta
tudo bem, Nins? - Me perguntou.
– Uhum...
- Respondi depois de ter respirado muito fundo.
Robin
sorriu de leve e apertou minha mão como se me passasse força.
Sabe
quando algo te dizia que coisas ruins iriam acontecer? Aquele aperto no peito
te avisando que você ia sofrer?
Porque
essa mulher tinha que aparecer? Porque ela simplesmente não podia ir para a
China, África do Sul, qualquer lugar bem longe de mim e minha família?
– Tia...
- A mãozinha de Clarisse tocou meu braço chamando minha atenção.
– Oi
linda - Me ajoelhei com Alice no colo para ficar da altura dela e forcei um
sorriso.
– Esta
tudo bem? - Perguntou preocupada. Clarisse era como minha segunda filha,
incrível nossa ligação, principalmente agora que eu a vi crescer, ela estava
uma mocinha linda de quase nove anos mas parecia uma pre adolescente de doze...
– Oh
amor, esta tudo bem sim! - Assenti. - Vai ficar tudo bem.
Ela me
olhou compreensiva e nós três fomos para uma mesa brincar de leggos e desenhar
até aquela tortura passar.
Eu estava
cuidando das duas mas minha mente estava imaginando as conversas e tudo o que
ocorria naquela sala. Meu coração ficava mínimo ao deixar meu marido nos mesmos
metros quadrados que aquela mulher...
– Mamãe,
desenha comigo... - Alice puxou meu braço pedindo minha atenção.
– O que
você quer que a mamãe desenhe? - Olhei sorrindo para ela tirando minhas
preocupações da cabeça.
– Uma
flor.... De vermelho... - Alcançou o giz para mim.
– Que
tipo de flor?
– Uma
flor bem cheirosa e bonita... - Falou.
– Ok, vou
desenhar uma bem grande, pode ser?
– Pode!
– E você
vai dar essa flor pra quem?- Perguntei.
– Pra
você... - Falou baixinho.
– Ah,
obrigada meu amor! - Sorri beijando sua bochecha.
Alice
estava extremamente manhosa por não ter dormido o suficiente àquela manha e
enquanto ela estava no meu colo, tinha a impressão de que ela fosse desmaiar em
meus braços a qualquer momento de tanto sono. Mas assim que a coloquei no chão
para que brincasse ela se animou um pouco.
Acho que
tudo durou uma hora e meia e logo nós estávamos indo almoçar ali perto. Tive
que começar a conversar com Alice para chamar atenção dela no caminho do
restaurante para que ela não dormisse antes do almoço
Ian
estava estranho, enquanto todos conversavam sobre a decoração do local, ele estava
pensativo e sério. Só tínhamos trocado umas dez palavras desde então e isso
estava me deixando muito preocupada.
Até na
hora do almoço ele comeu quase nada e continuou mudo do mesmo jeito que
chegamos... Eu também não estava conseguindo comer nada, parecia que tinha uma
tampa em minha garganta e dali nada mais passava. Alice era outra que não
estava comendo, mas ela era por birra e sono, já Ian...
– Filha,
você tem que comer. -Falei.
– Não
quero! - Cruzou o braço e fez bico.
– Só um
pouquinho... - Mexi com a colher no prato dela espalhando a comida.
– Não!
Quero o tedy... - Manhou. Quando ela pedia seus ursos era sinal de que queria
dormir mas eu não iria fazê-la dormir antes de almoçar.
– Depois
mamãe te da o tedy, mas agora coma...
– Nanão!
- Negou.
Eu só
respirei fundo e deixei sua colher no lugar. Uma das coisas que eu tinha
aprendido em ser mãe(principalmente mãe de Alice) era que a criança adorava te
ver insistir para que ela fizesse alguma coisa.
– Ok, vou
deixar seu prato aqui, se quiser é só comer... - Não me preocupei em fazer isso
pois sabia que se ela estivesse realmente com fome iria comer. Alice não era
aquela criança manhosa e cheia de querer, só ficava desse jeito quando estava
com sono, e era isso que estava acontecendo.
Depois de
ter vencido uma guerra com minha filha voltei a olhar para o homem que estava
pensativo em mina frente. Estranhei Ian não ter se intrometido e me ajudado a
fazer Alice comer, isso era um sinal de que ele realmente não estava bem.
Depois do
almoço voltamos para casa no meio da tarde porque Ali tinha finalmente se
entregado e dormido, Ian continuava estranho comigo e eu tinha medo de
perguntar o que estava acontecendo, não queria ouvir algo já esperava escutar.
Ao chegar
em casa coloquei Alice na cama dela e depois fui para a sala ficar com Ian. Me
sentei ao seu lado e ele me puxou para seus braços me aninhando em seu peito
sem falar nada.
– Esta
tudo bem? - Perguntei quando finalmente tinha criado coragem de perguntar o que
havia de errado.
– Esta
sim... - Suspirou. Eu sabia que não estava, conhecia exatamente seu jeito de
falar e seu olhar quando as coisas não estavam nos conformes.
– É ela
não foi? Megan te deixou assim... - Coloquei a mão em sua nuca acariciando seu
coro cabeludo o passando tranqüilidade.
– Eu só
não esperava encontra-la mais... - Pensou.
– Eu sei,
nem eu...
– Sinto
muito por isso Nina. - Entrelaçou nossas mãos me olhando culpado.
– Você
ainda a ama? - Fechei meus olhos cerrando os dentes esperando uma resposta que
eu não queria ouvir.
– Não,
nem um pouco!
– Jura
para mim?
– Juro!
Por tudo que é mais sagrado!- Falou serio. - É só difícil reencontra-la. -
Suspirou.
– Me fale
sobre ela... - perguntei um tanto mais calma.
– Bom...
Ela era ou é, não sei, amiga de um colega meu de faculdade. Nós nos conhecemos
em um bar, eu tinha 21 anos, ficamos amigos e então começamos a namorar...
Achei que estávamos apaixonados mas... - Deu de ombros.
– Porque
terminaram?
– Megan é
uma pessoa muito certinha, organizada, mandona... Nada a ver comigo. Nós
brigávamos demais, falávamos coisas horríveis um para o outro quando
discutíamos e ela também não queria nada muito serio, eu queria casar - Sorriu
para mim. - Queria ter filhos, uma família, sabe? - Assenti. - Mas ela não, ela
dava prioridade para sua faculdade e seu futuro e não fazia nenhum plano de ser
mãe ou esposa ... Então decidimos terminar.
– Você
sente falta dela?
– Com
você e Alice ao meu lado? - Riu fraco. - Nem um pouco. - Sorriu. Eu sorri de
leve e o beijei ternamente.
– Eu
tenho tanto medo de te perder, tanto... - Encostei nossas testas.
– Hey,
estou aqui, você nunca vai me perder! - Ele falou pegando meu rosto com as duas
mãos.
– Eu te
amo, Ian, te amo muito, ok?
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