sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 28 - Shopping Day

Me espreguicei ainda de olhos fechados, tateando o meu lado na cama tentando encontrar o corpo de Ian, mas infelizmente, só encontrei lençóis gelados...
Me virei na cama de novo em direção a porta que para minha infelicidade, também estava fechada. Com certeza, Ian tinha se levantado há algum tempo e tinha fechado a porta para que eu não acordasse com seus barulhos. Me virei novamente na cama, puxando seu travesseiro para abraçar e me embriagar com o cheiro de Ian.
Estava seriamente pensando em voltar a dormir, mas quando estava quase caindo no sono meu estomago reclamou por estar vazio ainda... Se minha fome não fosse maior do que minha preguiça e se um serzinho não dependesse de mim para comer, eu continuaria ali deitada até Ian vir me buscar... Levantei calma, peguei minha calcinha e a blusa dele que estavam próximas à cama,me vesti e abri a porta do quarto. Meu estomago revirou novamente, enchendo minha boca de água quando senti o cheiro delicioso de café que exalava no corredor. Caminhei na pontinha do pé até a cozinha onde Ian estava preparando nosso café da manhã com uma cueca boxer vermelha, rebolando e cantarolando uma música que eu não consegui identificar.
Fui chegando mais perto e ele seguiu para o balcão sem perceber minha presença. Pude reparar em seu rosto amassado com as bochechas levemente rosadas assim como seus lábios, reparei também em seus cabelos bagunçados...Tão lindo, sua feição tão angelical. Como conseguia amá-lo tanto ? O amava demais, demais! Agora, toda aquela história de se apaixonar, de amar desesperadamente, de desejar, tudo fazia sentido. Eu amava Ian com todas as minhas forças...
Cheguei perto dele sorrindo maliciosa por ver as marcas de minhas unhas em suas costas e sutilmente colei meu corpo em suas costas ficando nas postas dos pés para beijar sua nuca. Sua cabeça caiu em meus ombros enquanto sentia minhas mãos em suas costas, no seu peitoral, no abdômen, contornando seus ombros e braços musculosos.
– Não está com fome ? – Sussurrou.
– Faminta... – Beijei seu pescoço ainda na ponta dos pés e meu estomago reclamou novamente.
– Então vamos comer que depois saciamos essa sua segunda fome... Prometo. – Sorriu se virando para mim e agarrando minha cintura.
– Olha que promessa é divida! – Provoquei me virando de costas para ele o puxando para mesa.
– Pagarei essa divida com juros. – Deu um beijo estralado na minha bochecha.
Ian colocou em minha frente um copo com iogurte junto com uma tigela com frutas, aveia e mel. Bem do jeito que eu gostava.
– Aveia para o seu estomago trabalhar direitinho – Piscou pegando sua caneca com café.
– Acho que estou sendo muito mimada... – Peguei a colher e mexi minhas frutas para misturar o mel e a aveia.
– Tenho que cuidar das minhas duas vidas! – Me deu um selinho amargo pelo café.
Comecei a comer em silêncio, apenas relembrando da nossa noite, das sensações, dos toques, tudo. Sorri maliciosa ao ver o quanto Ian estava a vontade, sem nem se preocupar com Alice durante o ato...
– Você cedeu e nem ligou... – Falei baixinho corando por tocar no assunto. Ok, não sei como depois te tanto tempo e de tudo que fazíamos eu ainda corava...
– Oi? – Riu.
– Ontem... – Mordi o canto da boca nervosa.
– O que tem ? – Me perguntou divertido, percebendo que eu estava envergonhada de falar sobre isso.
– Você sabe... – Rolei meus olhos. - Ontem – Mordi o lábio. – Nós... Fizemos amor... E você não ligou para a Alice! – Ian me respondeu com aquele seu sorriso de canto de lábios, arqueando a sobrancelhas e revirando os olhos maliciosamente.
– Desculpe falar isso, filha... – Colocou a mão em minha barriga. – Mas com a sua mãe daquele jeito, implorando por mim, toda fogosa... Eu sinceramente esqueci de ti.
– Viu... E não doeu, não machucou e ela está bem! – Não sei que tom de vermelho eu estava, mas com certeza deveria ser um muito vivido porque já sentia meu rosto ferver. – E foi bom... – Dei de ombros.
– É claro que foi... – Revirou os olhos. – Nina, você já reparou o quanto seus seios estão maiores ? – Foi chegando mais perto, subindo as mãos que estavam em minha barriga para os meus seios os apertando contra a blusa. – Sabe o quanto foi difícil ficar sem você todo aquele tempo ? – Sussurrou em meu ouvido.
– Já quer pagar sua divida ? – Gemi revirando os olhos enquanto ele acariciava meu pescoço, minha clavícula e minha mandíbula com a ponta do nariz e da língua.
– Não, não... Antes você vai comer tudinho para que possamos gastar essas calorias! – Piscou malicioso e eu tratei de começar a comer mais rápido. Argh, hormônios, hormônios...
Nós terminamos o café com calma (digo, sem mais provocações) e assim que eu acabei com as minhas frutas Ian me puxou para seu colo.
– Estava pensando em fazermos um sábado das compras... – Sugeriu.
– Hum? – O olhei fingindo espanto. – Ouvi direito ?
– Ouviu sim... – Deu um cheiro no meu pescoço. – Temos uma bebê prestes a nascer – Colocou a mão em meu ventre. – E ela só tem um conjunto de roupinhas brancas...
E então minha ficha caiu... Alice precisava do enxoval, quarto, fraudas... Por incrível que pareça eu tinha completamente esquecido desses detalhes e já estava quase de seis meses!
– Soa perfeito para mim – Sorri boba por Ian ter lembrado isso antes mesmo de mim. – Mas antes... – Mordi meu lábio fazendo uma cara malandra. – Você tem um debito a cumprir! – Olhei maliciosa acariciando seus cabelos.
– E você acha que eu iria esquecer isso? – Mordeu meu lábio inferior enquanto subia a mão por a minha coxa para chegar à lateral do meu corpo por baixo da minha blusa.
Arrepiei inteira me deliciando com suas mãos quentes e grandes. Ian estava aproveitando horrores de minhas reações exageradas aos seus toques e investia em caricias e provocações só para me “torturar”. Não que eu não estivesse gostando, longe disso, mas ouvi-lo rindo vitorioso, prazeroso de meus gemidos ou quando eu mordia meus lábios e revirava os olhos era um tanto irritante e constrangedor...
– Me fale que você continuará com esse corpo depois que Alice nascer... – Manhou em meu ouvido enquanto suas duas mãos já estavam em meus seios e sua cintura no meio de minhas pernas. Nessa posição conseguia senti- crescendo conforme me tocava e eu não podia deixar de gemer.
– Isso eu não sei, mas podemos aproveitar muito ... – Agarrei sua nuca me arqueando para ele.
– Eu te amo, te amo tanto... – Sussurrou. – Você é minha, só minha Nina... – Mordeu meu pescoço. – Sempre vai ser. Tudo, tudo meu! – Tirou minha blusa e eu o ajudei levantando os braços. – Seu corpo... – Refez o caminho em meus seios e foi para minha cintura. – Seu cheiro... – Falou em meu pescoço inalando o cheiro de minha pele. – Seus lábios... – Sugou meu lábio mais uma vez. – Tudo, tudo meu! – Repetiu. Só conseguia me concentrar em seus olhos azuis marinhos de tanta excitação, eu adorava ver que ele me desejava também...
Começamos com um “leve” amasso na cozinha e então Ian nos guiou até a sala, onde começamos com ele me prensando contra a parede e terminamos na mesa mais próxima. Colocamos em dia todas aquelas semanas que ficamos na abstinência e depois dessa maratona fomos tomar banho juntos para irmos às compras.
...
Primeiramente fomos a uma loja de moveis para planejar o quarto de nossa pequena.
Como tínhamos certeza de que não iríamos continuar naquela casa, deixamos as paredes brancas mesmo, sem nenhuma tintura ou papel de parede e ao invés disso, investimos em quadros com borboletas desenhadas e prateleiras com bonecas de pano, tudo nas cores lilás e rosa bebe que combinava perfeitamente com todos seus moveis brancos. O quarto estava perfeito, parecia de boneca e eu não vi a hora de tê-la ali dormindo em seu berço.
Depois fomos ao shopping, almoçamos e continuamos a comprar só que dessa vez estávamos atrás de roupinhas e outras coisas. Após termos andado por literalmente todo o shopping, saímos cheios de sacolas com roupas, travesseiro, toalhas de banho, roupas de cama, protetores de berço... Tudo o que ela precisava.
Mesmo não tendo que enfrentar fila e estar carregando algumas sacolas, eu estava exausta, parecia que um trator tinha passado em cima de mim e eu só queria deitar, esticar minhas pernas e dormir... Outro “mal” da gravidez, qualquer coisa que fazia, me cansava rapidamente.*
– Alice falou que precisa se esticar... – Falei manhosa para Ian.
– Alice ou a mamãe dela ? – Me abraçou por trás cheio de sacolas.
– Alice. – Continuei no mesmo tom manhoso. – Ela falou assim; “Mamãe, aqui está ficando muito apertado e eu preciso de espaço, buá buá, fale para o papai que a princesa dele está querendo se mexer”... – Fiz voz de criança e Ian caiu na gargalhada.
– Sério que ela disse isso ? – Me puxou para seu corpo, colando minhas costas em seu peitoral para andarmos assim. – Pois pra mim ela disse assim: “ Papai, eu quero sorvete de chocolate, papai, por favor, eu preciso! Vou ficar muito feliz com sorvete de chocolate” – Riu contra meu cangote fazendo cócegas.
– Uhum sei, Alice que quer sorvete mesmo... – Ironizei.
– Ah, tenho uma ideia para satisfazer a nossa pequena de ambos os modos... – Falou pensativo. – Primeiro vamos até a praça de alimentação e compramos sorvetes de chocolate e depois vamos para casa onde você pode se deitar em nossa cama enquanto babamos nas roupas novas de Alice e ela se estica em sua barriga!
– Uh, ela adorou essa ideia, até deu um pulo de alegria! – Ri.
Continuamos andando agarradinhos e Ian continuava a beijar meu pescoço me fazendo cócegas e por isso não vimos um casal que saia do corredor onde queríamos entrar para irmos para a praça de alimentação.
– Desculpe, não... – Me desvencilhei dos braços de Ian e enquanto eu consegui ver quem era o casal me calei na hora. – Mãe... – Falei desanimada.
– Aaaah, ai está a família feliz! - Michaela debochou.
– Desculpe, não vimos vocês... – Ian falou ríspido.
– Venha, vamos Michaela, os deixe em paz! – Meu pai a puxou pelo braço, mas ela relutou.
– Pai... – Falei com os olhos cheios de lágrimas.
– Mas é claro que eu vou deixar, eu lá vou cuidar da vida de vagabunda... – Falou com desgosto. – Toda a infelicidade do mundo para vocês! – Grunhiu.
O ódio tomou conta de mim e eu quase voei nela. Queria devolver aquele tapa, queria revidar todos seus xingamentos, queria estrangulá-la por estar desejando mal a minha filha... Mas Ian me segurava firme ao seu lado.
– Michaela... – Meu pai a repreendeu e depois de insistir, conseguiu puxá-la para longe de nós. – Deixe nossa filha em paz! – Brigou e ainda podíamos ouvir seus gritos.
– Ela não é minha filha, eu vou acabar com a vida dela... Ela não poderia ter feito isso com nós... – Ameaçou.
– Shsh, calma, vamos embora! – Ian me segurou forte impedindo que eu caísse e assim me obrigou a caminhar.
Não relutei nem nada, precisava sair daquele lugar, não conseguia ficar no mesmo ambiente que ela... Eu a detestava, odiava com todas as minhas forças e com todas as células do meu corpo! Eu iria ser a mãe que ela nunca foi. Eu amaria Alice com todas as minhas forças, a protegeria de todos os maus, eu seria seu ponto de paz... Eu mudaria de casa, cidade, até mesmo de país para que minha filha nunca conhecesse esse monstro que é Michaela.
Me perdi nesses pensamentos e só reparei que tínhamos saído do lugar quando Ian abria a porta do carro para eu entrar.
– Hey, quer falar sobre isso ? – Pegou meu rosto delicadamente.
– Não... Só quero ir para casa... – Rolei meus olhos, evitando nosso contato visual porque se não cairia em lágrimas. Ian respeitou minha decisão e assim fomos para casa, o caminho inteiro em silêncio.
Porque tinha que ser assim? Porque tinha que ser tão difícil ?
Eu não pedi para Ian se apaixonar por mim e muito menos para estar grávida dele... Mas aconteceu e eu só queria aproveitar, ser feliz. Porque é tão complicado para alguém não atrapalhar a felicidade dos outros? Será que a minha felicidade era demais para minha mãe ?
Já era extremamente difícil ter que lidar com a pressão psicológica que eu estava sofrendo, ter que lidar com os constantes olhares críticos dos meus colegas e professores, imagine então ser xingada de vagabunda pela sua mãe... Todos os xingamentos ecoavam em minha mente... O que eu tinha feito para ela me odiar tanto ? Sinceramente, algo muito grave eu tinha feito ou então minha mãe estava com sérios problemas mentais...

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