sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 29 - Bullies

Já era segunda e estávamos na segunda aula... Educação física... Ou seja, horário livre para mim. Então, como sempre, eu fiquei sentada no campo ao lado, me esquentando no sol, assistindo o jogo de basquete dos garotos e o treino das lideres de torcida.Já que por motivos óbvios eu tinha sido afastada dessas aulas.
Alice tinha acabado de parar de mexer e assim ficaria até a hora do intervalo. Me sentia tão sozinha quando ela estava quieta, gostava tanto de senti-la... Parecia que eu sempre tinha uma companhia quando ela estava acordada. Mas mesmo assim a deixei “descansar” porque ultimamente ela não parava.
O tempo passou voando para minha infelicidade e logo Candicce vinha em minha direção com um sorriso radiante.
– Como estão meus amores ? – Se sentou em minha frente colocando as mãos em minha barriga. – Você ficou bem sem a dinda ? Sentiu saudades? – Fez voz de neném para conversar com Alice.
– Meu deus, essa menina vai ser muito mimada... Quero só ver!
– Hey, vamos dar um chutão aqui na mão da dinda, vamos acordar! – Ignorou meu comentário apertando Alice.
– Ela acabou de dormir... – Choraminguei.
– Dorme de novo, vamos Alice, um chute na dinda... – Tentou acordá-la novamente. Comecei a rir pela afobação de Candicce, mas logo esse riso parou quando uma voz irritantemente nojenta soou atrás de nós.
– Deve estar adorando essa atenção, não é, Dobrev?
– Torrey... – Revirei os olhos. – Veio invejar porque agora minha barriga é mais tocada que a sua? – Candicce tentou conter o riso.
– Me poupe querida... Por quanto tempo que você teve que abrir as pernas para que ele te engravidasse e você desse o golpe do baú ?
– Como que é ? – Perguntei divertida.
– Porque é obvio que você passou a perna no gostosão, ou realmente acha que um homem como Ian ficaria com uma pirralha sem conteúdo como você? – Como ela sabia o nome de Ian? Como ela conhecia Ian? Afinal, como ela sabia qualquer coisa de minha vida?
– Cale a boca Torrey, você nunca ao menos o viu!
– Aah, melhor, quanto que tem na conta bancaria dele? – Colocou a mão na cintura. – Huum, já sei! Quanto que ele está te pagando para ti abrir as pernas para ele? Ah, ele não sofre de ejaculação precoce pela idade?
– Você só não consegue ser mais nojenta por falta de espaço, Devitto! – Me levantei brava ficando a centímetros dela.
– Claro, ele quer uma criança para dar continuidade na família e por isso te usou... O que você vai fazer quando ele te abandonar sem a criança para procurar uma mulher aos pés dele? Mais madura? Ou então mais gostosa ? – Me olhou desafiadora. – Porque é obvio que você não vai continuar com esse corpinho depois que a criança nascer...
Uma bomba de ódio explodiu em mim e eu fervi de ódio! Sem pensar duas vezes voei para cima dela, mas só não consegui tocar naquele cabelo liso falsificado porque Candicce me segurou.
– Me solta, Candicce... – Berrei.
– É solta ela, chifruda! – Riu.
– Você acha que eu vou deixar você tocar nessa mocreia com a minha afilhada na barriga! – Quando Candicce citou Alice eu me acalmei, não poderia deixar a vida da minha filha em risco. Por mais que eu estivesse fervendo de ódio por ela ter falado desse jeito de Ian, eu tinha que pensar no bem estar de Alice também.
– Eu sinto muito pela sua inveja, porque Paul nunca vai te amar como Ian me ama ou nunca vai te dar filhos como Ian me deu... Na verdade, será que alguém vai gostar de ti pelo o que você é? Ou só vai viver de migalhas, com as pessoas se aproximando de você pelo seu dinheiro ou até mesmo pela sua popularidade. Pessoas como você eu só sinto pena... – Dei de ombros.
– Pelo menos não fui expulsa de casa pelos meus pais... – E eu não agüentei. Me soltei de Candicce e enquanto Torrey estava distraída juntei toda a força que tinha e descontei tudo em um tapa barulhento em sua bochecha.
– Vadia... – Sussurrou.
– Querida, você mexeu com a pessoa errada... – Fui até ela me ajoelhando ao seu lado sorrindo sínica. Ainda sentindo meu corpo tremer de raiva, emaranhei meus dedos em seus cabelos e a puxei com toda a força sua cabeça para trás. – Nunca mais se atreva a falar mal da minha família, principalmente enquanto eu estiver grávida, com os hormônios a flor da pele... – Não liguei para seus resmungos de dor e continuei puxando da mesma forma. – Estamos entendidas, Devitto ? – Ela assentiu com lágrimas nos olhos pela dor e eu sorri vitoriosa. – Boa menina... – Dei três tapinhas em seu rosto, me levantei e sai.
– O que foi isso ? – Candicce me perguntou perplexa.
– Algo que já deveríamos ter feito há muito tempo... – Dei de ombros aliviada.
– Wooow, você sabe que está bem encrencada, não é?
– Muita gente viu ? – Cerrei os olhos nervosa.
– Huuum não, mas com certeza ela vai direto ao diretor assim que conseguir arrumar sua dignidade... – Riu.
Dito e feito,voltamos para sala e na metade da terceira aula fui chamada no microfone para toda a escola. Tinha até me esquecido a sensação de ter o nome nos auto falantes do colégio ou de qual era o caminho até a sala do diretor... Fazia uns bons anos que eu não ia parar lá...
Caminhei lentamente até lá, sem me preocupar com o que poderia me acontecer... Agora eu não tinha minha mãe para me passar um sermão por eu ter agredido uma vadia da minha escola. Agora eu mandava em mim, tinha coisa melhor ? Não, não tinha nada melhor que isso.
Não sei quanto tempo que eu fiquei trancada naquela sala, tendo que suportar todo aquele discurso de que eu era já mãe e que deveria ter controle dos meus atos, de que violência gera violência de que poderíamos ter resolvido tudo como adultas, com diálogo civilizado...Muita bobagem para eu prestar atenção.
Mas de uma hora para outra a conversa se virou para meu futuro, o que faria na faculdade, como estava lidando com a pressão de ser mãe e ter sido expulsa de casa. Sinceramente, não faço ideia de como ele tinha descoberto isso (assim como todo mundo na escola), mas eu não queria falar com o diretor da minha escola sobre minha vida e meus problemas pessoais.Escutei seu discurso impaciente, balançando minha perna incessantemente, olhando minhas unhas... Tudo para que ele se tocasse que eu não queria estar ali.
No final de tudo, levei uma suspensão de três dias. Primeiramente por ter brigado na escola e segundo por ter respondido ele... Sim porque eu não agüentei quando ele começou a querer se meter na minha vida e como estava com fome, não me acanhei em mandar ele cuidar da vida dele, que da minha cuido eu, que minha filha, meu “marido” e meu futuro não tinha nada a ver com ele... Segundo, por ter brigado na escola e batido em Torrey.
Mas essa suspensão foi ótima por um lado, afinal eu teria tempo para descansar, porque minhas costas pareciam pegar fogo de tanta dor, e para arrumar as coisas de Alice, que eu ainda não tinha tido pique para organizá-las. É como dizem, há males que vem para o bem...
O restante da aula se passou normalmente, só algumas pessoas vinham me dar parabéns por ter “dado uma lição” na nojenta de Torrey e outras que vieram me chamar de “mamãe invocada” o que foi realmente muito engraçado... E cá entre nós, eu estava adorando ter acabado com a imagem de Torrey.
De noite quando Ian chegou e eu contei tudo para ele enquanto jantávamos, por um momento achei que tivesse o matado de tanto que ele ria.
– Sério, mande essa garota escrever novelas mexicanas, porque ela tem a mente muito fértil! Adorei como eu sou o malvado da historia! – Suspirou limpando as lagrimas que escorriam de seus olhos devido aos seus risos.
– Ian... Jura que nunca, nada disso uma vez passou pela sua cabeça? – Peguei seu rosto delicadamente e fiz que ele me olhasse bem dentro dos olhos.
– Nina, quantas vezes eu vou ter que te falar que eu te amo ? – Me puxou para o seu colo pela cintura me fazendo abraçá-lo.
– Eu tenho tanto medo de te perder... – Encostei minha testa na dele e fechei meus olhos. Ok, eu não tinha auto-estima e isso era algo que me incomodava demais.
– Você acha que se eu quisesse só sexo eu teria continuado contigo mesmo sabendo que vamos ter um bebe? – Roçou nossos narizes delicadamente. – E você acha que me lembro de sua idade ? Acha que eu ligo para isso? – Acariciou minhas bochechas com o polegar. – Ah, e você acha que eu vou deixar de fazer amor com você por causa do seu peso ? – Riu. – Mesmo que eu quisesse, você tentaria me seduzir, colocando a melhor das lingeries ou então indo dormir nua... – Brincou.
– Ian... – O repreendi corando. – Você jura que nunca nada vai nos separar ?
– Juro!
– Você não é um sonho, é real, não é mesmo?
– Isso te prova algo ? – Correu as mãos para minha nuca me puxando para um beijo apaixonado.

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