sábado, 11 de agosto de 2012

Capítulo 25 - Michaela

Meu corpo inteiro tremia de nervosismo e eu controlava as lágrimas que ardiam meus olhos, eu jurei que nunca mais iria chorar por ela principalmente em sua frente. Michaela olhava para minha filha de uma forma carinhosa demais para o meu gosto, a olhava de uma forma que ela costumava a me olhar quando eu era criança, quando eu ainda não tinha começado a dar problemas pra ela, seus olhos estavam cheios de lagrimas e eu nao entendia o porque, depois das coisas horríveis que ela havia me dito quando eu estava grávida eu só esperava que ela odiasse Alice e não que quisesse se aproximar dela. Michaela estava ficando louca, só podia.
Eu sabia que nessas semanas que eu ficasse em Malibu iria acabar a encontrando, mas não esperava que fosse tão cedo e que fosse na praia. Minha mãe odiava a areia e o mar e uma de nossas maiores brigas quando eu era criança e não podia sair sozinha era que eu queria ir a praia mas ela não me levava. Realmente a vida dela tinha mudado muito depois que eu fui embora...
O ódio que eu sentia por Michaela era imensurável, chegava até a doer em mim essa raiva toda que eu sentia por ela. Eu me sentia muito mal por sentir tamanha repulsa pela pessoa que havia me posto no mundo, mas era algo que não podia evitar, era mais que eu. A única coisa que eu queria dela era distancia, queria que ela ficasse longe de minha família. Ela não poderia causar mais dor em mim do que já havia causado. Um dos meus piores defeitos era ser muito orgulhosa e guardar magoa dos outros, então só iria perdoá-la caso ela estivesse realmente arrependida ou que ela me implorasse por perdão... Ou então nem assim.
Depois da praia fomos para casa onde minha sogra estava. Chegamos na hora do almoço e eu ajudei Ali a comer e depois lavei a louça só para tentar não pensar sobre o ocorrido da manha, o que estava sendo impossível porque eu tinha me desligado da conversa em minha volta e meu passado corria pela minha mente como um filme sem pause, Dona Edna, Robin, Clarisse, Ali e Ian tentavam puxar assunto mas eu estava fora do ar, não tinha concentração para focar no assunto deles. Era horrível relembrar tudo aquilo, principalmente porque eu já tinha passado anos sem nem me importar com o assunto e agora que ele voltou, estava ainda pior que antes.
Depois de ter arrumado a cozinha fui brincar com Alice e Clarisse na sala mas Ali tinha dormido e Clarisse e seus pais foram tomar sorvete no calçadão. Ali dormia tranquilamente no enorme sofá da sala só de calcinha pelo calor e sem aguentar de saudades dela, a peguei em meu colo para ela dormisse comigo. Aconcheguei seu pequeno corpinho em meus braços a segurando com força contra mim. Um lado extremamente protetor voltou para mim, um lado que eu não lembrava que tinha desde quando tinha ido embora e quando Michaela me falou que queria tirar minha filha de mim.
Passei as mãos nos cabelos escuros e molhados de suor de Alice os afastando de seu rosto e de suas costas e logo ela voltou a dormir tranquila.
– Oi minhas vidas! – Ian falou se sentando ao meu lado e me puxando junto com Alice para seus braços.
– Oi amor! – Sorri para ele e deitei em seu ombro.
– Como está dormindo essa baixinha... – Riu acariciando o cabelo dela.
– Deve ser o calor!
– Queria tanto que ela tivesse aproveitado a praia...
– Eu também, podemos ir amanha só que para outro lado, o que acha? – Sugeri e ele assentiu. Ficamos um tempo só contemplando o sono tranquilo de Alice e quase nos entregando assim como ela.
– Como você está, pequena? – Ian falou após longos minutos em silencio.
– Vou sobreviver... – Suspirei. Não adiantava eu falar que estava bem porque estaria mentindo, eu não estava bem, nada bem...
– Desculpe por ter te feito vir para cá meu amor... – Acariciou meus cabelos enquanto eu descansava minha cabeça em seu ombro.
– Tudo bem, vai passar! – O tranquilizei. – Mais cedo ou mais tarde eu iria encontrá-la, não posso evitar de vir no lugar em que nasci por causa dela.
– Eu sei mas estou me sentindo culpado...
– Hey hey, não vamos mais pensar nisso, ok? – Entrelacei os nossos dedos. – Aconteceu, não podemos fazer nada, foi inevitável e eu estou me preparando para encontrá-la mais vezes até irmos embora...
– Vai ficar bem?
– Vou sobreviver, o mais difícil já passou!
– Já sabe o que vai fazer em relação a eles? – Ótima pergunta... Não fazia menor ideia. Inúmeras coisas já haviam passado pela minha cabeça, já havia pensado em pular no pescoço daquela mulher, bater nela com toda a minha força ou então ignorá-la, fingir que não havia a visto... Estava confusa demais.
– Improvisar... – Ri dando de ombros.
– Vamos levá-la para cama?
– Queria ficar com ela no meu colo... – A apertei em meus braços.
– Mas podemos deitar junto com ela. Ali está desconfortável amor, sem falar que está muito calor... – Explicou. – Amor, nada vai acontecer com ela... – Me tranquilizou. – Ninguém vai encostar em nossa pequena, eu juro para você, ela está segura com nós!
– Eu sei Ian, mas tenho medo...
– Seria estranho não estar, mas Michaela não teria coragem de fazer nada com a neta! – Me tranquilizou.- Hey, porque não vai dar uma volta pela praia, você adora não é mesmo? Tome um suco, sinta a brisa do mar... Se quiser vou contigo. – Sugeriu. Ian tinha razão, iria me fazer bem mesmo... Fazia muito tempo que eu não ia à praia mas eu tinha medo de deixar Alice. Paranoica, eu sei, mas era mais forte que eu.
– Você cuida dela? – Suspirei.
– Claro que sim não vou desgrudar dela um segundo!
– Vai lá pequena, nossa princesa vai ficar bem, eu prometo! – Eu assenti e me levantei com ela no colo e então a levei para o quarto que estava livre na casa. – Vá tranquila, ok? – Ian pegou meu rosto assim que coloquei Alice na cama.
– Cuide bem dela, ok ?
– Assim você me ofende amor! – Sorriu. Ian era um ótimo pai, talvez o melhor pai que eu já havia visto em minha vida inteira. – Hey, podemos levá-la hoje para casa com a gente... Podemos alugar filmes que ela gosta, comprar comida gostosa para nós três, passar a noite na piscina com ela já que está bem calor... Um programa em família, o que acha? – Pegou meu rosto delicadamente e colocou uma mexa de cabelo para trás de minha orelha.
– Acho perfeito! – Sorri abertamente. – Mas antes disso temos que arrumar a bagunça que está aquela casa! –Ri alto ao lembrar as condições que deixamos nosso ninho de amor.
– Damos um jeito, não se preocupe! – Me deu um selinho demorado. – Te amo, ok? – Eu sorri e o puxei para mais um beijo.
– Eu vou mas não demoro, ok?
– Tudo bem, estarei dormindo aqui com ela, bem abraçado nela como você estava... – Sorriu.
– Obrigada! – Sorri e o roubei mais um beijo dele.
Sem demorar mais eu saí de casa e fui em direção à praia. Conhecia aquele lugar como a palma de minhas mãos, era tudo tão lindo, tão arrumado... Tanta coisa tinha mudado enquanto eu estava fora... Aquela cidade me trazia tantas lembranças, boas, ruins... Era uma explosão de sentimentos, uma confusão. Não sabia se ficava feliz ou triste.
A pizzaria que eu adorava e onde foi meu primeiro encontro com Ian, os bares que eu ia escondido de minha mãe com Candice, a praia onde eu exibia minha enorme barriga de grávida com Ian ou onde admirava os caras bonitos na minha época de solteira. Meu deus, meu colégio, vulgo inferno... Desse lugar eu definitivamente não sentia saudades. Ah minha querida Malibu.
Tirei meus chinelos e ajeitei o chapéu que tinha pego de Ian e fui para a areia andar descalço. Estava insuportavelmente quente mas tinha um vento forte que deixava o clima mais fresco. A praia estava um tanto vazia pelo horário e eu agradeci porque pelo menos assim não iria encontrar mais ninguém indesejado.
Caminhei pela areia, molhei meus pés na água gelada, andei mais um pouco, me sentei na areia...
Aah aquela praia... Quantas vezes eu e Ian nos amamos ali mesmo? Que saudades daquela época de recém-casal. De quando eu passava todas minhas sextas-feiras na casa de Ian e só voltava no domingo...
Ao perceber que minhas lembranças estavam ficando obscuras, tratei de me levantar e fui para um quiosque que vendia sucos e sorvetes na beira da praia. Como sempre o lugar estava vazio a não ser por uma senhora que estava sentada de costas para a porta de entrada.
Ow merda, merda, merda, merda, mil vezes merda.
Sabem aquelas historias de que onça não ataca duas vezes no mesmo dia? Pois é, isso é mentira. E ali estava eu, no mesmo lugar e com o monstro de Michaela junto. Pensei em dar meia volta e fingir que não tinha a visto, mas por mais que eu pudesse fingir, ela havia percebido minha presença e agora estava vindo em minha direção.
– Nina, sabia que iria vir aqui!
– Então você estava me esperando aqui? – Ri mal humorada. – Ah, melhor, você está me seguindo!
– Nina, nós temos que conversar! – Insistiu
– Eu não acho que precisemos. – Relutei. – Você não quis conversar comigo quando viu minha barriga, logo me jogou para fora de casa como um cachorro sarnento.
– Me entenda Nina, eu não fiz consciente.
– Ah claro, então achou que o mais sensato a se fazer era me deserdar! – Falei tentando controlar minhas lagrimas. – Eu só precisava do seu apoio, de seu carinho mas em troca eu ganhei desprezo, ingratidão!
– Nina, eu queria colocar os pingos nos is, precisamos nos entender filha. – Não, sério? Filha? Ela só poderia estar brincando...
– Sinceramente mulher, vai se tratar, você é doente! – Grunhi. – Eu acho que você precisa ficar longe de minha família, de mim e de todos que eu amo!
– Por favor Nina, eu estou arrependida, acredite em mim.
– E acredite em mim quando eu falo que quero você longe, eu não quero que você nem chegue a pensar em minha filha. Você nunca vai vê-la, ela nunca vai saber que tem uma avó materna e para você, eu morri, Michaela, entendeu? Eu morri! Me esquece, esquece Alice, esquece Ian... Esquece que um dia você teve uma filha, ok?
– Nina você está sendo precipitada, vamos conversar como duas adultas...
– Ah sim, eu sou a precipitada... Falou a mulher que pensou muitas vezes antes de me expulsar de casa quando eu mais precisei!
– Já falei que eu estou arrependida! – Se defendeu.
– Ótimo, então guarde esse arrependimento para você porque eu não caio nessa!
– Me deixe ao menos vê-la uma vez, uma vez só!
– Não! Você não entendeu que eu não te quero perto de minha filha? – Gritei.
– Algum problema aqui, senhora? – Um atendente do local veio até nós e segurou meu braço. Só então percebi que eu estava aos berros com Michaela e que estávamos espantando os poucos clientes da tarde.
– Desculpe, está tudo certo. – Falei sem olhar para ele apenas fuzilando Michaela com o olhar. – Entendeu? Eu morri, Michaela, morri! – Essas foram minhas ultimas palavras.

Um comentário:

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