Eu simplesmente não acreditei quando meu despertador tocou. Meu
corpo inteiro doía, parecia que eu tinha levado uma surra e eu sentia
meus olhos inchados ao piscar. Desliguei o celular e quando eu estava
quase voltando a dormir, minha bexiga ardeu de tão cheia que estava não
me deixando outra escolha a não ser levantar e ir ao banheiro para
acabar com meu problema.
Antes de
me levantar para puxar descarga não pude deixar de perceber uma macha
escura em minha calcinha e no papel higiênico. Não era um vermelho
normal e sim muito mais forte que bordo mas sem sombra de duvidas era
sangue. Me desesperei, meu coração acelerou ao ultimo e eu comecei a
chorar.
– Iaaaan! – Gritei
desesperada o mais alto que consegui. Rapidamente Ian apareceu na porta
do banheiro onde eu estava encostada na pia de mármore atrás de mim.
– Nina?? O que foi ? – Perguntou assustado.
– Ian, eu estou sangrando!
– Como ?
– Eu não sei Ian, não sei, mas é sangue! – Arrumei meus cabelos desesperada.
– Calma, fique calma, vamos ao hospital! Fique ai, eu vou pegar uma roupa para você e nós saímos imediatamente! – Falou afobado.
Comecei
a me desesperar, não podia perde-la. Eu não aguentaria, seria dor
demais e só de cogitar essa possibilidade meu peito começou a doer
terrivelmente.
Quando percebi Ian
já estava me despindo e passando pela minha cabeça um vestido larguinho.
Assim que me vestiu, ele me pegou no colo me levando para o carro.
– Ian eu não posso perde-la! – Chorei em desespero.
–
Já estamos quase chegando, calma. Vai ficar tudo bem! – Ian tentou me
passar tranquilidade mas o nervosismo e a preocupação em sua voz era
perceptível o que me desesperou ainda mais.
–
Ian eu não a sinto mexer! – Esse era o horário em que ela sempre mexia,
costumava a falar que era seu bom dia para mim, mas dessa vez eu não
estava sentindo nada.
Ao ver o quão sério meu
caso estava, Ian pisou no acelerador e ignorou todos os sinais vermelhos
e as preferenciais me fazendo ficar com mais medo ainda.
–
Filha, mexe, por favor! – Acariciei minha barriga tentando acorda-la. –
Vamos, de um bom dia para mamãe! – Mas nada. Alice estava quieta e meu
coração aflito. – Só um chute, para tranquilizar seus pais! - Nada de
novo. Eu já estava convicta de que minha bebê estava sem vida...
Quando
cheguei ao hospital fui colocada em uma cadeira de rodas e levada para a
ala obstétrica onde minha médica estava de plantão.
–
Então Nina, o que aconteceu ? – Perguntou levantando meu vestido para
examinar minha barriga. Eu a expliquei tudo o que aconteceu, desde o
conflito com a minha mãe até o ocorrido de hoje de manhã e ela me olhou
um pouco séria. – E nessa mudança, você pegou algum tipo de peso ?
– Não muito, só ajudei Ian a levar as malas para o carro...
– Explicado! - Exclamou a médica.
–
Eu falei para ela não pegar peso, mas você acha que essa teimosa
obedeceu ? – Ian que estava calado o tempo todo no canto da sala agora
estava ao meu lado, segurando minha mão e me acusando.
– Mas vai ficar tudo bem com a bebê ? – Perguntei chorosa.
–Vai
sim, você só teve um deslocamento do saco gestacional que é bem comum
na sua idade de gestação quando tem exercícios físicos exagerados,
quando se pega peso. Eu vou te passar uma medicação e você vai fazer
repouso absoluto, nada de escola, subir escadas, pegar peso, sexo por
enquanto, agachar e levantar... Te quero só deitada até ele voltar ao
lugar!
– Mas sexo podia antes ? – Ian perguntou me fazendo corar em um vermelho vivido.
–
Claro que sim! – Sorriu e eu quis que o chão se abrisse pelo modo que
ela nos olhava. Eu quis sorrir vitoriosa para Ian, mas a minha vergonha
era maior. – Só agora que eu peço uma folga, mas daqui um mês ou três
semanas vocês já podem voltar à vida sexual de vocês... – Sorriu.
“Graças” murmurei para mim mesma, mas então lembrei que eu tinha
assuntos mais importantes para pensar.
– Mas ela não está mexendo... – Reclamei voltando a me focar na situação.
–
Ok, vamos ouvir o coração dela. Para você ficar mais tranquila ainda,
eu aconselho comer alguma coisa e se sentar ou deitar bem esticada e ela
logo mexerá... – Sorriu carinhosa. Ian sorriu da mesma forma para mim e
eu fui me acalmando com seu toque compreensivo.
Logo
a doutora voltou com o sonar em sua mão e o gel na outra. Meu coração
ficou mais tranquilo assim que ouvi os batimentos fortes de Alice e o
aperto firme de Ian em minha mão relaxou. Se minha pequenina estava bem,
então nós também estávamos.
– Coração de mãe está mais sossegado ? – Perguntou para mim.
– Demais... – Sorri aliviada. – Obrigada Doutora!
– Só você seguir a risca minhas recomendações e tudo voltara ao normal.
– Pode deixar, ela não vai sair da linha... – Ian piscou para mim.
– É isso, qualquer coisa vocês me ligam ou venham até aqui, estarei sempre de plantão – Riu.
Nós
deixamos o consultório e Ian me levou até a lanchonete para que eu
tomasse meu café da manhã. Mesmo estando sem fome eu só queria comer
para sentir Alice mexer e assim fiz. Coloquei para dentro um pão de
queijo junto com um suco bem doce e foi só chegarmos ao carro pra voltar
para casa que ela deu sinal de vida em minha barriga.
– Finalmente, ela mexeu! – Suspirei aliviada.
– Não faça mais isso com seus pais, mocinha! – Ian se debruçou em mim e beijou meu ventre. – Agora, repouso vocês duas...
– Pode deixar! – Sorri acariciando seus cabelos.
Ian
começou com seus mimos, me levando comida na cama, beijos e carinhos
Também tinha conseguido falar com o dono da clinica para que ele o
liberasse por pelo menos uma semana comigo para me cuidar.
Ficar em casa era a ultima coisa que eu queria, porque assim eu começaria a pensar em tudo que havia acontecido e meu rancor aumentaria cada vez mais, mas se fosse para eu ficar o resto da minha gravidez de cama, eu ficaria.. Tudo para ver minha filha bem!
Ficar em casa era a ultima coisa que eu queria, porque assim eu começaria a pensar em tudo que havia acontecido e meu rancor aumentaria cada vez mais, mas se fosse para eu ficar o resto da minha gravidez de cama, eu ficaria.. Tudo para ver minha filha bem!
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