sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 24 - A big problem

– Então é por isso que você não quer trabalhar na empresa! – Falou brava.
– Mãe, que susto! – Coloquei no peito tentando me acalmar.
– Tem como você me explicar isso? – Apontou para o meu corpo e só então eu me lembrei do meu pijama. Senti meu corpo inteiro tremer e eu tive que me segurar no balcão para não cair.
– Eu ia te contar...
– Não, eu quero que você me fale agora com a sua boca porque eu não estou acreditando no que meus olhos veem!
– Mãe, eu estou grávida... – Comecei a chorar baixinho para que ela não visse.
– Por isso todas as perguntas e casos de meninas grávidas! Como eu fui idiota por não ter percebido... – Veio em minha direção e eu me afastava com forme ela ia chegando perto. – Quem é o pai, Nina ? – Gritou mas eu não consegui falar nada, as palavras não vinham e do meu peito saiu um grande soluço. – Quem é o pai Nina? – Exigiu mais alto. Mas mesmo assim eu não consegui falar. – Não vai me dizer que não sabe quem é o pai...
– Eu sei... – Solucei.
– Então fala quem é criatura!
– Você não... não, conhece... Ele é o veterinário do Mike.
– Só o que me faltava! – Riu. – Minha filha dando para o médico de animal...
– Não fale assim dele!
– Agora você o defende, né vadia ?
– Não fale assim de mim! E eu o amo! – Solucei.
– Ama... Ama o que ele tem entre as pernas, isso sim! – Debochou. – Está de quanto tempo ?
– Quase quatro... – Meus olhos pareciam duas torneiras abertas de tanto que eu chorava e meu peito doía de tanto soluçar.
– Ótimo, está pequeno ainda! Agora mesmo estamos indo para fora do pais para tirarmos essa coisa de você! – Não conseguia acreditar no que estava escutando, minha mãe estava querendo matar a minha filha... Era isso mesmo?
– O que ? – Perguntei incrédula.
– Isso mesmo, nós vamos tirar esse filho!
– Nem ouse em pensar nisso, ele é meu e eu vou tê-lo. Você não tem o direito de tira-la de mim, eu a amo! – Gritei.
– Ah, então já sabem o sexo da linda criança... – Falou sarcástica.
– Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui ? – Meu pai chegou à cozinha entrando no meio da briga. – Eu consigo ouvir vocês gritando lá do quarto!
– Pergunte para sua filha o que esta acontecendo! – Gritou.
– Nina... – Olhou para mim. Eu não conseguia dizer, não saberia se iria aguentar outro surto e ser julgada novamente...
– Ela está grávida! Sua filha está grávida!
– É verdade, Nina ? – Afirmei e ele me olhou decepcionado. – Como pode, Nina ?
– Não é o fim do mundo! Foi um acidente!
– Não existe acidente, Nina! – Meu pai falou.
– Já que você não quer tirar esse filho, eu quero que você vá até seu quarto e arrume todas as suas coisas. Se você não estiver fora daqui até as seis horas eu mesma vou jogá-la para fora e você só saí com a roupa do corpo... E olha que eu estou sendo bem boazinha porque ainda são duas da manhã e eu pelo menos estou deixando você sair com alguma coisa daqui.
– Mãe, por favor... – Implorei.
– Não me chame assim, porque a partir de agora você é órfã... Para mim, você morreu, Nina!
– Pai... – Olhei para ele, mas recebi um olhar decepcionado me quebrando mais ainda. – Sinceramente, vocês não são pais, são uns monstros. Principalmente você Michaela. E sabe de uma coisa, eu fico muito feliz comigo mesma porque eu sei que não vou ser esse nojo de mãe que você é! – Desabafei. Ela estava quase saindo da cozinha quando eu berrei para ela tudo isso, mas em questão de segundos ela voou em mim e eu só senti meu rosto arder pelo tapa forte que ela me dera.
– E eu quero esquecer que eu já tive uma filha tão baixa como você. – Saiu.
Não sei quanto tempo fiquei ali tentando me recompor mas só depois de longos minutos que eu me arrastei até o quarto para ligar para Ian.
– Nina? Tá tudo bem ? – Sua voz estava sonolenta e eu consegui ouvir um bocejo quando falou.
– Ian... – Falei entre soluços.
– Que foi pequena? Está tudo bem com a nossa Alice ? – Perguntou preocupado.
– Ian – Tentei falar, mas os espasmos involuntários no meu peito não deixavam.
– Calma amor, respira, se acalme e fale!
– Minha mãe Ian, ela descobriu... – Comecei a chorar mais. – Ela me expulsou de casa...
– Fique calma, não faça nada que em menos de meia hora eu estou ai! – Desligou o telefone e eu desabei em mais lágrimas.
Eu necessitava me mover, precisava me levantar e começar a arrumar minhas malas, mas minhas pernas tinham perdido as forças. Parecia que eu estava naqueles pesadelos que você corre mas nunca chega onde quer e quanto mais você corre mais desesperada e longe do lugar fica...
Só consegui recuperar minhas forças quando Ian me ligou avisando que tinha chego me obrigando a ficar de pé e descer para abrir a porta para ele. Quando o vi ali, em minha frente, com o olhar sério e preocupado, a única coisa que eu consegui fazer foi me jogar em seus braços, afundar o rosto em seu peito e encharcar sua blusa com minhas lágrimas.
– Ah, então está ai o responsável por tudo! Finalmente nos conhecemos.... – Minha mãe falou sínica. Senti Ian tremer de raiva e seus batimentos se acelerarem.
– Venha, vamos lá! – Toquei suas costas para que ele se acalmasse.
– É para arrumar as coisas e não fazer outras coisas!
– Obrigado por lembrar! E não, não foi um prazer conhecer a senhora... – Ian respondeu mal humorado e eu o puxei pela mão para que fossemos para meu quarto antes do pior acontecer.
– Só vamos pegar o necessário, ok ? Tenho até as seis para sair de casa... – Tranquei a porta.
– Se for possível vamos sair dessa casa em uma hora, ok ? – Pegou meu rosto me dando um beijo na testa.
Peguei só o que era extremamente necessário, minhas roupas, meus travesseiros, os objetos pessoais e uns enfeites. Deixei todos os presentes que havia ganho deles, não queria nada que me lembrasse eles, agora era uma nova vida, sem nenhum laço com o passado. Deixei também roupas de cama e minhas toalhas de banho que com certeza seriam doados para caridade logo que o sol raiasse.
Meu peito era só mágoa e rancor. Não tinha conseguido parar de chorar um segundo se quer. Minha cama, meu quarto, meu armário... Nada mais me pertencia. Nem mesmo a mulher que um dia eu chamei de mãe era minha mais. Agora as únicas coisas que eu realmente possuía era Ian e Alice, mais nada.
Eu e Ian arrumamos minhas coisas até às quatro horas, carregamos o carro em quinze minutos e antes das cinco estávamos em casa colocando minhas malas para dentro.
– Acho que é isso... – Falei colocando Mike e uma mala no chão.
– Te falei para não pegar peso, Nina! – Me repreendeu.
– Eu precisava fazer alguma coisa... – Expliquei. – Vá deitar vai, atrapalhei seu sono... – Cheguei perto dele e abracei sua cintura e com uma mão fiz carinho em seu rosto. – Eu vou ajeitar minhas coisas e já deito também.
– Negativo! – Pegou meu rosto delicadamente. – Nós dois vamos dormir e quando amanhecer eu te ajudo a arrumar tudo! – Beijou minha testa. – Precisa descansar...
– Não, não... – Relutei. – Amanha você trabalha e eu não quero que você vá cansado para o trabalho...
– Não seja por isso, eu não vou... Fico doente! – Sorriu. – Vamos dormir, pare de teimosia, suas coisas não vão fugir daqui... Quando acordarmos suas coisas estarão aqui ainda.
– Tudo bem, tudo bem. – Assenti. Realmente eu precisava descansar, parecia que meu corpo tinha acabado de ser batido com um moedor de carne. Ian me conduziu até nosso quarto e me deitou na cama delicadamente. Se deitou ao meu lado e me puxou para seus braços me aconchegando junto a ele.
As lágrimas foram inevitáveis quando tudo começou a passar em minha cabeça como um filme... Todas as palavras duras que ela tinha me dito, seus xingamentos, os olhares de reprovação, o tapa... Tudo! Aquilo seria algo que ficaria guardado em minha mente para sempre, impossível de esquecer. E depois desse dia, eu jurei para mim mesma que seria uma mãe muito melhor do que ela tinha sido. Eu faria Alice me amar e eu a amaria mais do que tudo e todos.
No meio de todas essas lágrimas o sono me fisgou e eu só acordei de manhã quando meu celular despertou.

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