sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 22 - And the life goes on

Como era de se esperar nem meu pai e nem minha mãe tocaram no assunto sobre o que acontecera no sábado. Para eles eu iria facilmente desistir da ideia de me formar pra ir para empresa e isso só confirmava que eles não conheciam nada sobre mim.
Na minha adolescência inteira fui tachada de rebelde por nunca concordar com o que eles queriam para mim, tanto é que fui obrigada a fazer acompanhamento com psicólogo para tentar acalmar a minha “revolta”. Meu único desejo na época era fazer dezoito anos logo e conseguir mandar em mim, mas ali estava eu, com dezoito anos, um filho na barriga e ainda sendo mandada pelos meus pais. Irônico, não ?
Para ser sincera eu nunca entendi porque minha família era assim. Talvez a criação deles tenha influenciado bastante, ou é frescura deles mesmo. Meu pai ficou órfão aos onze anos e por isso foi criado pela tia, ele nunca me falou muito sobre sua vida e eu não tinha muita vontade de saber sobre isso, mas pelo jeito tinha sido um tanto sofrida. Já minha mãe tinha sido criada em uma cidade pequena no interior dos Estados Unidos e sua família tinha costumes bem típicos do lugar e da época (o que justificava ela ser virgem aos 21 anos), ela sempre me deixou claro que nada em sua vida havia caído do céu e que era por isso que eu deveria aproveitar a oportunidade de trabalhar na empresa da família.
Minha mãe também nunca conversou comigo sobre muita coisa. Sexo, namoro, meninos, bebidas eu fui descobrindo sozinha e o pouco que sabia, aprendi com uma babá que eu tive até meus 13 anos (que por sinal foi despedida assim que eu comecei a chama-la de mãe). Isso também justificava eu estar escondendo tudo isso deles, eu não tinha intimidade e liberdade para conversar sobre garotos com a minha mãe e muito menos para falar que eu estava grávida.
Pois é, mas apesar de tudo isso eu nunca deixei de aproveitar minha vida dignamente. Candicce sempre me ajudava a fugir de casa e por incrível que pareça, seus pais nos encobriam. Eles achavam um absurdo o que meus pais faziam comigo então sempre quando queríamos sair de noite falavam para os meus que iriamos passar a noite assistindo filme por isso a casa de Candy era meu ponto de fuga... Por mais irresponsável que isso fosse, eles falavam que eu era uma menina de cabeça no lugar e que não iria aprontar, por isso investiam em mim.
Ok tenho que admitir, nunca nada me faltou e eu nunca passei dificuldades, mas as vezes eu preferia ter passado um pouco de aperto para não ter que omitir tudo isso dos meus pais... Triste, mas é verdade, só damos valor a alguma coisa quando não a temos ou quando a perdemos.
Eu e Ian estávamos cada vez mais preocupados, nosso bebê já tinha três meses, minha barriga já começava a aparecer e por mais que eu tinha começado a usar blusas batas e vestidos soltos dependendo do movimento que fazia ou como me sentava dava para ver a saliência entre meus ilíacos. O que eu realmente agradecia era por eu ser magra e a minha cintura não ter aumentado tanto... Mas mesmo assim a verdade estava perto de aparecer e eu ainda não tinha conseguido ter uma conversa civilizada se quer com a minha mãe.
Mas por um lado, minha mãe não ter percebido nada, me entristecia um pouco... Eu estava namorando a um bom tempo e minha mãe nem se quer desconfiava(talvez um pouco mas não o bastante para eu ser pega), meu corpo estava mudando a cada segundo e minha não notava! Até a mãe de candicce e alguns professores já haviam notado pelo menos uma diferença em meu corpo, mas minha mãe nada...

...

Nós éramos o casal mais perdido e confuso que existia. Pesquisávamos na internet sobre gravidez já que não tínhamos ninguém para conversar sobre o assunto ou então ligávamos para sua mãe pra tirar nossas duvidas.
Sim, eu insisti que Ian contasse a sua mãe porque se alguma coisa acontecesse ela seria nosso plano de fuga. Depois dos dois terem ficado uma hora no telefone falando o quão irresponsável nós fomos, eu fiquei mais uma conversando com ela, nos conhecendo, e planejando uma viagem para o Canadá enquanto eu ainda estivesse grávida... Como uma família mesmo.
Em pouco tempo Dona Edna tinha se tornado minha aliada e em tudo que eu tinha duvida ou quando queria conversar com alguém que não fosse Ian ou Candicce eu a ligava e nós ficávamos horas conversando. Às vezes eu sentia que poderia deixar minha vida inteira em Malibu e ir para os braços da minha sogra no Canadá de tão bem que tínhamos nos dado.
Ela me ajudou com várias coisas também, assim como quando o bebê começou a mexer que ela me disse que parecia um celular vibrando ou então maneiras de esconder a barriga ou como preparar o seio para dar de mama nos próximos meses.
O mais engraçado foi quando Ian começou a sentir ciúmes da nossa relação, ele falava que eu estava o deixando de lado e dividindo as coisas da gravidez só com a minha sogra e que ele estava perdendo o posto de filho... Mas era verdade, Edna tinha se tornado minha mãe e eu não via a hora de conhecê-la.Com Ian eu tinha descoberto o real significado de família.

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