No sábado minha mãe me proibiu de sair de casa porque meu pai iria
fazer um churrasco na piscina para seus amigos da empresa e ela queria
que eu ficasse para conseguir me enturmar com meus futuros colegas de
trabalho. Tentei não ligar muito para “meus futuros colegas de trabalho”
pois agora eu tinha certeza que eu não colocaria os pés naquela
empresa, mesmo que meus pais aceitassem minha gravidez eu iria ser mãe e
por isso mais ninguém poderia mandar em mim...
Tinha
conseguido convidar Candicce para ficar comigo aquele dia, sua presença
faria tudo ficar muito menos torturante e com certeza eu iria conseguir
até rir. Ela também me ajudou a escolher um vestido largo para colocar
por cima do biquíni, já que desde o meu primeiro ultrassom (á uma semana
atrás) ganhei um volume visível quando estava sem roupa. Sem falar que
ela (não só ela, mas Ian também) estavam um grude comigo, não me
largavam por nada e sempre que podiam acariciavam minha barriga... E no
fundo eu estava adorando toda essa bajulação.
– É uma dó ter que esconder essa barriga, sabia ?
–
Eu sei, mas por enquanto ela vai ter que ficar escondidinha aqui por
mais que minha vontade seja tirar esse vestido e entrar nessa piscina...
– E isso era o que eu mais queria no momento, o calor estava
insuportável e eu sentia que iria derreter com aquele vestido.
– E por quanto tempo você acha que vai conseguir guardar isso? Esse bebê tá crescendo como uma abobrinha, Nina.
– Hey Candy, isso não esta ajudando... – Ri.
–
Mas é que eu não vejo a hora de poder ficar todo o tempo pendurada em
sua barriga sem estar preocupada com os outros... – Falou irritada me
fazendo rir alto. – Você não o sente mexer ainda né ?
– Ainda não... É muito pequeno ainda, do tamanho de uma uva! – Ri lembrando do jeito que a doutora o caracterizou.
–
Quem é do tamanho de uma uva ? – Meu pai falou atrás de mim e eu senti
meu coração parar. Só me faltava ele estar ouvindo atrás de nós sem que
víssemos.
– O bebê da nossa colega... – Candicce explicou e eu relaxei.
–
Ah sim... – Concordou. – Nina, seu suco está aqui... – Riu colocando um
copo e uma jarra de suco em minha frente. – De laranja e com pouco
açúcar como me pediu!
– Obrigada Pai, você é um anjo! – Senti
minha boca encher de água e logo me servi. Meu pai riu me dando um beijo
na testa e saiu para ficar com seus amigos na frente da churrasqueira.
– Suco ? – Candicce me olhou curiosa.
– Sim, minha médica me proibiu de refrigerante e álcool...
– Será que não dava para tomar uma água? Está deixando meio na cara!
–
Eu sei, mas falei para eles que eu estou tentando adotar uma
alimentação mais saudável... O que não é mentira! – Dei de ombros.
– Nina, Deus te proteja quando eles descobrirem!
O
resto do dia se traduziu em “não, obrigada”. Era um “não, obrigada”
para todas as vezes que me convidavam para entrar na piscina ou para
tirar meu vestido. Um “não, obrigada” para quando me ofereciam carne mal
passada ou para quando me ofereciam álcool e refrigerante. Mas essa
resposta não foi possível ser dada quando meu pai me chamou em um canto
para que eu conversasse com os seus amigos e eu fiz todas as orações
possíveis e imagináveis para que eu conseguisse me manter calma.
– Então Nina, quais são seus planos para o futuro ? - Perguntou um amigo do meu pai.
–
Bom, eu pretendo fazer faculdade de jornalismo ou publicidade
propaganda, me formar e trabalhar em alguma revista ou jornal... – Dei
de ombros. Não sei o que deu em mim, mas um desejo de desafiar minha
família tomou conta de mim e eu deixei aquilo tomar conta.
– Que
isso, filha ? – Meu pai riu ao meu lado. – Ela está brincando, ano que
vem vou ajuda-la a assumir a presidência da empresa...
– Na verdade eu também pretendo achar um marido na faculdade e ter um filho! – Falei com descaso.
– Nina... – Meu pai me repreendeu.
– Nossa, decidida sua filha! – Outro amigo riu.
– Obrigada... – Sorri falsa.
– Vamos lá Nina! – Meu pai me olhou sério.
– O que foi papai? Você que sempre me ensinou a não mentir! – Dei de ombros e sai vitoriosa.
Pela
primeira vez em minha vida eu não tinha abaixado a cabeça para tudo que
meus pais falavam e por mais errado que isso tinha sido eu estava me
sentindo bem, nem um pouco culpada...
Voltei a me sentar com Candicce, mas em seguida minha mãe veio tirar satisfações comigo.
– O que foi isso, Nina Dobrev ? – Esbravejou.
– Foi a verdade oras... – Deu de ombros.
– Nina você fez seu pai passar vergonha na frente de todos os colegas de trabalho!
– Não estou nem ai!
– Sinceramente garota, o que faltou na sua vida? No que eu e o seu pai erramos ?
–
Quer que eu comece a listar ? – Falei séria. Minha mãe tremeu de raiva e
eu acho que só não recebi um tapa no rosto porque nossa casa estava
cheia de visitas.
– Essa conversa não acabou! – Me fuzilou com o olhar.
– Para mim ela não deveria nem ter começado! – Me levantei da cadeira e puxei Candicce para sair comigo.
Subi para meu quarto junto com Candy ignorando o fato de a minha casa estar cheia de visitas.
– Nina o que foi isso ?
– Meus pais não querem que eu faça faculdade! – Mordi o lábio evitando chorar.
– Tá, então eles querem que você faça o que ? Limpe casa? Venda cosméticos ? Rode bolsinha na orla ?
– Eles querem que eu assuma a presidência da empresa...
–
Wow... – Me olhou perplexa. – Agora eu entendi tudo... Só fique calma,
ok ? Esse nervosismo não vai fazer bem para o bebê! – Assenti tentando
me acalmar aos poucos só me concentrando no que candicce havia dito.
Eu
não desci mais, fiquei no meu quarto com candicce até anoitecer e todo
mundo ter ido embora, quando tudo estava em silencio eu sai de casa com
Candy sem dar nenhum aviso e pedi para que ela me deixasse na casa de
Ian assim não passaria a noite sozinha e não teria que encarar a cara da
minha mãe e a fúria de meu pai tão cedo.
Ian como sempre só ao me tocar conseguiu me deixar feliz e eu adormeci em seus braços recebendo carinho nos cabelos.
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