sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 20 - Our Little Baby

Como toda manhã, me levantei e fui me olhar no espelho. Não dava para notar muito ou deveria ser coisa da minha cabeça mesmo, mas minha cintura já estava mais larga e eu tinha a impressão de já ter uma leve saliência na região do meu umbigo. Pelas minhas contas já estava de oito semanas e meus enjoos estavam impossíveis, mas para minha tranquilidade me disseram que lá pelo fim do primeiro trimestre eles passariam e seria como se eu nunca tivesse tido nada.
Aquela manhã eu iria fazer meu primeiro ultrassom, para saber como meu bebê estava e tudo mais. Não sabia como tanta ansiedade conseguia caber em um corpo só... Ian não parava de falar o quanto estava animado e como nos amava um verdadeiro babão. Na verdade, estávamos dois babões. Tudo o que fazia era pensando no bebê, se iria fazê-lo mal ou o que estaria fazendo se eu o tivesse nos meus braços, todos meus pensamentos eram sobre ele e Ian. Sim, eu já amava demais aquele ser pequenino que carregava.
Desci para cozinha e quando cheguei meu lugar na mesa já estava posto, minha tigela com frutas e granola já estava servida só esperando por mim.
– Perdi alguma coisa ? – Me sentei.
– Só achei que seria legal te esperar com o café pronto já que de uns tempos pra cá você tem comido todos os dias de manhã... – Minha mãe falou simpática.
– É, acho que estou precisando engordar um pouco... – Dei de ombros começando a comer.
– E pelo jeito esta conseguindo – Brincou e eu a fuzilei com os olhos, não de raiva, mas por preocupação, estaria totalmente perdida se minha mãe tivesse notado alguma diferença em meu corpo. – Brincadeira Nina, só queria ver sua reação... – Relaxei.
– Mãe... Me diga uma coisa já que estamos nesse momento legal, mãe e filha... – Aproveitei que meu pai estava no banho para conversar com a minha mãe sobre filhos porque afinal já era hora de começarmos nos abrir uma com a outra. Quando vi que ela me olhava curiosa, comecei a falar. – Como que foi sua vida de grávida?
– Foi normal, eu trabalhava bastante na época então não cheguei a curtir muito. Sempre estava cansada e chegava de noite você não me deixava dormir de tanto que chutava... – Riu carinhosa e eu sorri boba. – Enquanto minhas amigas morriam de enjoos eu tinha pouquíssimos, quase nada. Você era super elétrica e minha barriga se mexia com tantos pulos que dava...
– E quando eu nasci ?
– Quando você nasceu tudo foi mais complicado, eu não tinha leite o suficiente então você desidratou nos primeiros dias de vida... Chorava o dia inteiro e nada te consolava. Eu e seu pai quase enlouquecemos! – Riu. – Mas porque todas essas perguntas ?
– É que tem uma menina grávida na minha escola... – Mordi o lábio. Mal sabia ela que a garota grávida era sua filha...
– Huum... De quanto tempo ? – Perguntou curiosa.
– Dois meses...
– Quantos anos ela tem?
– Dezoito. – Olhava fixamente para minha tigela enquanto comia, não tendo coragem de olhar em seus olhos.
– Esses casais não sabem o que é camisinha! Tem em todos os cantos para vender! Sem falar que já inventaram anticoncepcional, hoje em dia só engravida quem quer, Nina! – Falou estupidamente.
– Mas acontece, mãe... É inevitável quando se tem um namoro sério. Sem falar que camisinha não é cem por cento eficiente! – Sussurrei.
– Essas garotas também abrem as pernas para qualquer um e em qualquer lugar... Não existe mais gravidez por acidente – Não conseguia mais ouvir... Se eu continuasse naquela mesa a verdade ia sair e tudo estaria acabado. Me levantei séria torcendo para não deixar transparecer alguma coisa e deixei minhas coisas na pia.
– Perdi a fome... – Pigarreei.
– Mas é verdade Nina, essa sua colega está com a vida acabada!
– Isso quer dizer que eu acabei com a sua vida? Sinceramente, me desculpe mesmo, juro que não pedi para nascer! – Gaguejei tentando segurar as lágrimas.
– Não é isso Nina, você entendeu errado! – Se defendeu.
– Desculpe, mas eu não acho que um filho seja o fim de tudo. Na verdade, para mim é o recomeço de uma vida e eu acho que uma mãe deveria amar incondicionalmente seu filho... Mas vejo que não devo generalizar.
Não sabia como minha mãe conseguia ser tão insensível, se ela havia dito isso para mim mesmo sem saber que eu esperava seu neto, imagino o que ela diria para mim, quando soubesse que eu namorei escondido e que o pai do meu filho tinha 28 anos. E não, eu não era uma vadia, eu não tinha simplesmente aberto as pernas para Ian, tudo bem, tenho que concordar que não deveríamos ter transado na praia principalmente sem camisinha, mas eu não me arrependia disso e se pudesse voltar no tempo faria a mesma coisa...Minha gravidez tinha sim sido um acidente mas eu e Ian estávamos felizes com ela e isso nem minha mãe e nem ninguém poderia mudar.
Ian chegou e eu entrei no carro rápido o dando um beijo caloroso de bom dia.
– O que aconteceu ? – Acariciou minha bochecha com os dedos percebendo que alguma coisa estava errada.
– Só discuti com a minha mãe, de novo... Bobeira como sempre! – Dei um sorriso fraco e ele pareceu se convencer.
– Como estão meus amores ? – Sorriu acariciando meu ventre.
– Melhores agora! – Sorri contra seus lábios.
– Está crescendo... – Ergueu minha blusa notando o tamanho dela.
– Está sim! – Sorri boba.
– Então, vamos ver a carinha desse pequenino! – Me beijou novamente e deu partida no carro.
– Eu quero que ele tenha seus olhos... – Falei o analisando.
– E eu quero que ele tenha os seus, o formato do seu rosto, seu nariz, seu perfil... – Riu.
– Acho que é um menino. – Acariciei minha barriga.
– Em minha opinião é uma menina...
– Não estamos em harmonia hoje! – Ri. – Gosto de Matt...
– E eu de Alice.
– Lindo Ian... Se for menina Alice, se menino Matt!
– Adorei! – Sorriu. – Só mais dois meses e saberemos... – Eu tinha certeza de que Ian iria ser um bom pai, toda vez que falávamos sobre essa criança seus olhos brilhavam, dava para perceber pelo seu sorriso que ele já a amava. Não tinha como ser tão errado havia amor.
Chegando a clinica, ficamos esperando por um bom tempo até nossa vez e Ian já começava a ficar chato, parecendo uma criança que não gostava de esperar. Quando fomos chamados Ian deu um pulo da cadeira e eu fiquei extremamente satisfeita porque já estava sem meios de distraí-lo e acalmá-lo.
Entramos em uma sala média, com um equipamento enorme junto com um computador e uma maca alta. Uma moça simpática de branco me pediu que eu tirasse as roupas pesadas e colocasse alguma coisa que eu não consegui identificar o que era, mas tinha um tecido leve e uma abertura na frente. Depois deitei na maca e ela passou um gel gelado em minha barriga espalhando com aquele aparelho pequeno. Quando aquela tela cinza com preto apareceu, Ian apertou forte minha mão e eu correspondi.
– Olha papais, esse aqui é o bebê de vocês! – Sorriu dando zoom na imagem.
Um pequeno serzinho em branco apareceu. Meu coração disparou e eu não aguentei de emoção.
– Olha só que lindo, aqui está seu tronco, as perninhas e os braços... – Mostrou com a seta do mouse. Ele não parava de se mexer, dava cambalhotas uma atrás da outra livremente que era até difícil conseguir distinguir algum membro nele.
– Meu deus, ele se mexe muito... – Ian falou assustado.
– É que por enquanto ainda tem muito espaço! – Riu. – Espere só ele aprender a chutar... – Eu mal via a hora de senti-lo se mexer, para mim foi tão decepcionante vê-lo dando todas as piruetas e eu não sentir absolutamente nada... – Vamos ver.... Ele esta medindo exatos 15 milímetros, uma uva – Riu. – E seu útero está mais ou menos com o tamanho de uma maçã por isso que já da para ver um pouquinho...
– Então esse volumezinho não é meu bebe ? – Ian perguntou decepcionado apontando para minha barriga.
– Não Pai... Seu bebê é do tamanho de uma uva !
– Que decepcionante... – Grunhiu.
– Vamos ouvir o coração dele! – A tela mudou e um barulho começou.
Se eu já estava emocionada só de vê-lo assim, escutar o seu coração de longe foi a melhor experiência até agora. Seus batimentos eram fortes e acelerados, difícil de se explicar... Quando olhei para Ian algumas lágrimas escorriam pelo canto de seus olhos e eu tinha certeza que também estava chorando.
– Primeiro filho ? – Perguntou e eu concordei. – Os avos já sabem ?
– Ainda não! – Ri fraco.
– Vai ser uma surpresa e tanto, ein.
– Ohh se vai... – Ian falou irônico.
Fizemos mais algumas medições, o vimos em diferentes ângulos e em mais ou menos 45 minutos já tínhamos saído da clinica e fomos ficar o resto da manha juntos babando nas “fotos” tiradas.
– Sinceramente, como você consegue comer esse sorvete de menta com chocolate? Ele é verde Nins... – Ian fez uma careta de nojo.
– Que preconceito. Você já provou ?
– Não e não vou provar... Obrigado! – Fez bico.
– Ah não vai... – Desafiei.
– Não! – Deu de ombros. Coloquei meu potinho com sorvete sobre a mesa e fui chegando perto dele com um sorriso maroto. – Não, assim não vale...
– Ah, vale sim! – Fiz que sim com a cabeça chegando mais perto dele e tocando nossos narizes.
Nos beijamos levemente e eu deixei que ele explorasse toda minha boca com a língua mas logo o puxei pela nuca emaranhando meus dedos em seus cabelos aprofundando o beijo. Ian me puxou pela cintura me colocando em seu colo e abraçando minhas pernas enquanto nos beijávamos sem muita delicadeza.
– Ian, estamos em publico...
– Eu não ligo! – Sorriu malicioso mordendo meu lábio.
– Não me torture desse jeito... – Gemi. – Não se pode fazer uma coisa desta com uma mulher grávida com os hormônios a flor da pele! – Brinquei mas ele pareceu não ligar e voltou a me beijar do mesmo jeito.
Nos namoramos mais um pouco e depois Ian teve que ir trabalhar e eu tive que infelizmente voltar para casa mesmo não querendo ver a cara da minha mãe...

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