Na manhã seguinte acordei um pouco mais aliviada, depois de ter
chorado praticamente a noite inteira não tinha como acordar pior do que
tinha ido dormir. Me levantei e fui tomar um banho rápido para tentar
tirar o inchaço que me encontrava.
Por minutos fiquei me olhando
no espelho, alisando e analisando minha barriga, tentando achar alguma
saliência nela... Mas nada, eu estava normal, a mesma barriga plana de
sempre. Nem parecia que estava grávida, nada se mexia dentro de mim, eu
não mostrava nenhum sinal de que havia um bebê crescendo ali e o única
coisa que poderia evidenciar minha gravidez eram meus seios que
realmente estavam maiores e os enjoos que sentia.
Me vesti e
desci para tomar café da manha, mesmo não estando acostumada a comer
precisava começar a criar esse hábito. Peguei um suco e uma salada de
fruta que minha mãe sempre fazia de manhã e me sentei a mesa com meus
pais.
– Vai comer ? – Minha mãe me olhou torto. Será que não
estava obvio que eu iria comer? Pensei em dar uma resposta torta como:
“Não, só vou olhar, as frutas estão bonitas e eu gostei do contraste
colorido delas” ou então “Não, me servi para jogar fora mesmo” mas por
mais que eu estivesse irritada e por mais que essa pergunta fosse
idiota, esse não era um tipo de resposta que gostaria de receber quando
fosse mãe... E a partir de agora, precisava começar a pensar como uma.
– Estou com fome... – Dei de ombros.
– Que bom! – Meu pai interrompeu.
Mas comer de manhã não era só isso que eu precisava fazer. Precisava
também voltar a ir á ginecologista, fazer pré-natal, ultrassons e
exames. Nunca gostei de ir á gineco, minha mãe me obrigara a ir quando
completei 14 anos mas agora era extremamente necessário...
– Mãe...
– Hum? – Desviou a atenção da revista que lia.
– Me passa o cartão daquela ginecologista que eu costumava a ir ? – Sussurrei.
– E porque você quer ?
– Candicce me pediu ontem... Ela está com am... algum problema, não quis entrar em detalhes. – Menti.
– Está dentro da minha carteira, antes de sair você pega.
–
Obrigada! – Falei aliviada. Isso era uma das coisas que eu mais gostava
em minha mãe. Por não termos tido muito contato em minha infância,
quase nunca era pega mentindo e esse fato estava me favorecendo (e
muito) para conseguir manter esse segredo.
Comi bem de vagar já
esperando para dar tchau aquelas frutas doces, mas para minha surpresa
nada aconteceu e eu consegui deixar a comida em meu estomago. Mas foi
chegar ao colégio que tudo mudou, todos aqueles diversos perfumes se
misturaram e foi impossível não enjoar... Não via a hora dessa tortura
me deixar mas pelo jeito, isso não aconteceria tão cedo.
– Bom dia, flor do dia! – Candicce me cumprimentou sorrindo de bom humor.
– Bom dia! – Sorri fraco.
– Nossa, joga pra lá esse mau humor! – Bateu na carteira em que havia sentado.
– Só estou pensativa... – Dei de ombros.
–
Foi no médico, mocinha ? – Franziu o cenho. Eu concordei cabisbaixa
mordendo o cantinho da boca e olhando para o outro lado. – Nina, conheço
esse olhar, o que você tem ? – Balancei a cabeça negativamente com os
olhos marejados. – Nina.. – Me repreendeu.
– Eu não estou doente – Sussurrei.
– Então o que é, mulher ?
– Eu... Eu...
– Você...
– Eu, eu estou...
– Você está...
– Eu estou grávida... - Falei de uma vez.
– Calma, repete! – Riu sem graça.
– É isso que você ouviu.
– Eu sei, mas estou tentando você mostrar as câmeras ou falar logo que é primeiro de abril, alguma coisa assim...
– Candicce, hoje não é primeiro de abril, eu não tenho câmeras... - Falei chorosa.
–
Só pode estar brincando... - Riu. Fiquei séria olhando um ponto fixo,
sem coragem de olhá-la e ver seus olhos de reprovação. - Nina, será que
vocês nunca ouviram falar em camisinha? Anticoncepcional ? Sexo sem
penetração porra! - Se exaltou.
– A gente não tinha, acabou na hora... – Gemi.
– Não fizessem oras!
–
Fácil falar quando não é você explodindo de tesão ! – Corei. – Candy,
acredite, já estou bem culpada, mas não posso fazer nada, a criança já
está na minha barriga e eu não vou mata-la! – Falei entre lágrimas. –
Acredite, eu estou mais confusa que você, mas ele foi feito com amor –
Coloquei as mãos sobre meu ventre o protegendo. – Sem nada de errado... –
Eu chorava descontroladamente e Candicce me abraçou forte quando viu
meu desespero.
– Ain amiga, desculpe ter explodido, mas eu me
preocupo contigo... Independente da sua escolha eu vou estar aqui ao seu
lado, vou te ajudar com o que posso e também vou ficar muito
decepcionada se você não me chamar para ser madrinha! – Candicce seria
sempre Candicce, com seu jeito único de saber lidar com tudo e com uma
maneira mágica de conseguir me fazer rir independente da situação.
– Você já poderia me internar se eu escolhesse outra louca para ser madrinha do meu filho ! – Ri ainda chorando.
– Como vai fazer com seus pais ? - Voltou a ficar séria.
– Estava pensando em só contar quando minha barriga começar a aparecer...
– Tudo bem Nina, isso é errado!
– Candicce, eu vou ser expulsa de casa se eles descobrirem a verdade!
– Mas Nina, não tem como esconder uma coisa tão séria!
–
Mas se eu esperasse pelo menos uns três meses ou quatro, enquanto
minhas blusas ainda escondam pelo menos vou ter tempo para conquistar a
confiança da minha mãe! Por mais que eu tenha Ian agora, um
relacionamento não é pra sempre e se eu terminar com ele para onde eu
vou? Ainda mais com um filho! Ninguém quer mulher com pacote... –
Solucei.
– Ian já sabe? – Concordei. – E o que ele falou ?
– Ele me apoiou! Disse que teremos o filho.
–
Então se ligue Nina! Agora você tem uma família, um marido, Ian não vai
te deixar! Seque essas lágrimas que nem tudo está perdido! – Brigou. Não sei o que seria da minha vida sem Candicce, com certeza já teria me matado sem todos esses conselhos dela...
– Argh, são esses hormônios que me deixam louca – Ri secando as lágrimas.
– Ai meu deus, vou ser tia, eu nem acredito! – Acariciou minha barriga.
Aproveitei a hora do intervalo para ligar pra médica e marcar consulta.
Pedi que fosse com urgência, mas ainda sim o mais rápido que eu
consegui foi sexta feira de tarde. Ian insistiu para me acompanhar,
porque queria estar presente em toda minha gravidez. Mesmo estando
morrendo de vergonha de ter que falar coisas pessoais á medica em sua
frente, fiquei feliz por ele se preocupar comigo e o bebê.
Já na
sexta feira eu estava extremamente nervosa, mas a tranquilidade da
doutora me acalmou e eu consegui me soltar respondendo á todas suas
perguntas sem muita vergonha. De acordo com a data da minha ultima
menstruação eu estava completando a quarta semana de gestação, meus
enjoos e cansaços tinham tendências a piorar e com isso me recomendou
dormir oito horas por noite e comer de duas em duas horas, assim o enjoo
não era tão forte. Fez uma lista de proibições e entre elas estava
fazer exercício físico pesado, ficar sem comer, carne crua ou mal
passada, sexo sem muita delicadeza e mais um monte de coisas. Me pediu
exames de sangue para ver como estava minha glicose, ferro e o
colesterol e um ultrassom mais para frente, já que não daria para ver
muita coisa porque ele só possuía cabeça, tronco, uma abertura de boca e
era só o tamanho de um ponto final.
Eu ainda não conseguia
acreditar em tudo que estava acontecendo, para mim eu estava doente e a
qualquer momento tudo melhoraria... Não conseguia acreditar que eu seria
mãe em oito meses.
OMG! que barra essa da Nina em :S
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