sábado, 11 de agosto de 2012

Capítulo 12 - Without Her

Ian narrando

Dois meses.... Dois longos e vazios meses... Minha vida tinha parado no momento em que eu sai por aquela porta. Eu já não tinha mais nada. Não tinha família, casa, esposa... Era um homem vazio, incompleto.
Tinha me esquecido do que era minha vida sem Nina, sem seus mimos, sem seus beijos deliciosos de bom dia, sem seu pequenino corpo em baixo ao meu quando dormíamos abraçados... A cada dia que passava mais eu a amava, mais sentia sua falta, mais eu me arrependia por ter feito aquilo com ela. Se eu pudesse voltar atrás teria feito tudo diferente, nunca teria saído para beber e nem teria ficado nervoso por ela não ter feito amor comigo. Se eu soubesse que tudo acabaria assim... Mesmo não sabendo, eu nunca deveria ter transado com Megan.
Minha vida tinha mudado totalmente. Nunca pensei que fosse tão dependente de uma mulher, nunca pensei que eu fosse sentir tanto a falta dela. Meus pensamentos se resumiam basicamente a Nina, as lembranças inundavam minha mente e eu não sabia como evitá-las, tudo em minha volta me fazia pensar nela, músicas, filmes e até pequenas coisas que acontecia no meu dia. Como eu amava aquela mulher e não fazia a menor ideia do que fazer para reconquistá-la. Minha única alegria ultimamente era Alice. Eu a tinha para mim quarta de noite até domingo de manha, mas mesmo nesse meio tempo eu conseguia curtir minha filha, não dignamente como estava acostumado, mas conseguia matar saudades dela.
Mas pelo menos depois de minha traição meu pai tinha me tirado de seus negócios até que seus consultórios ficassem prontos, eles queriam evitar que eu visse Megan e eu agradecia muito por isso, eu precisava mesmo parar de vê-la se quisesse reconquistar Nina. Mas estava extremamente difícil, por mais que quisesse ela me perseguia. Parecia um chiclete grudado na sola do sapato. Agora que eu tinha me separado ela achava que eu iria a dar uma chance, mas isso nunca iria acontecer eu não gostava dela mas ela insistia em se humilhar e me perseguir. Eu estava a ponto de mudar de numero para que ela parasse de me ligar...
Como se não bastasse ter Nina contra mim, minha irmã e minha mãe também já não falavam comigo. Talvez se nós trocássemos dez palavras no dia era muito, quando eu tentava conversar elas eram frias e falavam que só voltariam a falar comigo de novo quando Nina me perdoasse e caso ela nunca me perdoasse, eu teria as perdido para sempre. Meu pai e Clarisse eram as únicas pessoas que realmente falavam comigo e me tratavam como se nada tivesse acontecido.... Meu pai por motivos óbvios, puro interesse e Clarisse porque era criança e inocente demais para ter consciência do que eu havia feito. Pelo menos dona Edna tinha me acolhido em sua casa novamente, no início quase me jogou para um hotel de esquina mas então teve o mínimo de compaixão e liberou um quarto para mim. Era evidente que eu não teria o apoio de minha família nessa separação, eles tinham uma adoração por Nina e eu seria até idiota de querer ter razão naquilo tudo.
Acordei cedo aquela manha, Alice estava comigo e eu iria a levar para escola. Lentamente me movi me virando de frente para Alice que dormia ao meu lado na cama. A puxei para os meus braços e de imediato ela já acordou.
– Bom dia princesa... – Falei a despertando.
– Já ta na hora da escola? – Falou dengosa.
– Está sim...
– Tô com soninho...
– Aw minha manhosa, você dorme mais na escola ou no carro...
– Não quero... – Fez beicinho. Esse seu jeito dengoso me lembrava tanto sua mãe, a manha para acordar cedo, o beicinho...
– Vamos lá, vai ser legal... Ver os amiguinhos, brincar, aprender...
– Não posso ficar hoje em casa? – Choramingou.
– Eu até deixaria, mas a mamãe iria ficar doida com o papai se ele te deixasse faltar.
– Não precisa contar, será nosso segredo...
– Ahá sua pilantrinha! – A puxei para cima de mim fazendo cócegas nela.
– Ai papai! – Se contorceu de rir. – Faz cócegas pai...
– Oi? Me pediu mais cócegas? É isso? – Fingi que não tinha escutado. – Nossa, mas é pra já! – A coloquei deitada na cama e continuei fazendo mais ainda.
– Pronto, pronto, estou acordada, ai papai, pronto... – Alice ria que chegava a sair lagrimas de seus olhos e logo parei deixando ela tomar fôlego.
– Está acordada mesmo? – Levei minha mão até seu pé.
– Sim, estou! – Falou rápido puxando o pé de minha mão.
– Ótimo! – Sorri a dando um beijo na bochecha. – Agora vamos ao banheiro e se vestir para ir a escola que quando você chegar a vovó Edna terá feito especialmente para você e Clarisse um bolo de chocolate delicioso com cobertura de brigadeiro e granulado!
– Aaah! – Pulou na cama. – Vamos logo então!
– Só está interessada no bolo, não é?
– É sim! – Riu malandra. – Papai, estou apurada...
– Então vamos correndo no banheiro antes que escape! – Ri a pegando no colo.
Em poucos minutos Ali estava pronta para ir para escola. Eu felizmente levava jeito com ela mas também não precisava de muito. Alice era uma ótima criança e bem obediente para a idade dela, era claro que fazia suas artes, mas nada que saísse do comum. Era impossível não se encantar pelo seu jeito carinhoso e meigo, eu mesmo era perdidamente apaixonado por ela.
– Papai, eu quero uma trança hoje! – Falou emburrada cruzando os braços.
– Mas amor, o papai não sabe fazer isso... É muito complicado!
– Não é! E você disse que iria aprender! – Bateu o pé.
– Não pode ser um rabo de cavalo? Ou sei lá, deixar solto mesmo... – Sorri amarelo.
– Não papai, sou moça, tenho que fazer penteados!
– Ah... – Falei vencido.
– Não tem de A, nem de B e nem C, papai. Quero meu penteado! – Levantou o indicador em minha direção. Foi impossível eu não cair na gargalhada. Deus, como conseguia ser tão igual a Nina? Até no que falar, o jeito de falar... Era tão linda, era minha Nina em miniatura. – Pare de rir, não teve graça! – Falou magoada.
– Amor, pense na mamãe! – Suspirei fundo tentando parar de rir. – Ela é uma moça, não é?
– É sim...
– E a mamãe é linda, não é mesmo? – Falei bobo ao lembrar de minha pequena. – E ela usa o cabelo para o lado... Você não acha bonito?
– Acho...
– Então, vamos colocar o cabelo para o lado assim como a mamãe faz e para ficar mais bonito ainda podemos colocar uma tiara, o que acha?
– Cabelo igual ao da mamãe?
– Igual ao da mamãe!
– Tudo bem... – Suspirou fundo. Sorri vitorioso, usar Nina como exemplo era sempre uma boa tática. Arrumei seu cabelo de modo que a parte que eu coloquei para o lado ficasse debaixo da orelha e por cima coloquei uma tiara Pink.
– Olhe só como você está maravilhosa! – Sorri para ela a mostrando o espelho. – Gostou?
– Sim!! – Falou animada.
– Viu? Moça igual à mamãe!
– Adorei papai. – Me deu um beijo na bochecha. – Agora vamos descer que eu estou com fome! – Riu sapeca.
– Vamos.
Nós dois descemos de mãos dadas pela escada e tomamos café. Depois eu escovei seus dentes e a levei para escola. Alice foi cantando animada o caminho inteiro, nem parecia que era aquela menininha manhosa que chorou para ficar em casa logo de manhã. Depois que a deixei na escola fui para o escritório de meu pai mesmo contra o meu gosto, estava cansado de lidar com gente, meu forte eram os animais... Eles sim iriam te amar incondicionalmente independente do que você fizesse...
Fui o mais de vagar que pude e quando parei na rua em frente ao enorme edifício tive vontade de ligar o carro e voltar para minha casa. Na calçada, ninguém mas, ninguém menos que Megan me esperava ali e se ela não tivesse visto que eu tinha chego iria mesmo voltar para casa. Arrependido de ter feito aquele maldito caminho até o escritório, estacionei e de cara fechada desci do carro tendo que aturar Megan vindo ao meu encontro.
– Ian... – Sorriu tirando os óculos escuros e colocando na cabeça.
– O que você quer? – Falei grosso.
– Autch, você já foi mais carinhoso comigo! – Falou magoada. Foda-se, não ligava em magoá-la... Não ligo para os sentimentos dela e além do mais, ela era o motivo de eu ter me separado de minha pequena.
– Fala logo o que quer...
– Quero conversar Ian, conversar, você me deve isso!
– Te devo? – Ri. – Conte outra. Fala logo sobre o que quer falar!
– Sobre nós Ian. Sobre o que aconteceu! – Falou exaltada.
– Mega, coloque uma coisa na sua cabeça! Não existe nós, nunca existiu, talvez tenha existido há muitos anos, mas agora não! Eu não sou mais seu, não é você que eu amo! Quantas vezes mais eu vou ter que te dizer isso? É Nina, sempre foi e sempre vai ser Nina!
– É assim então? Você transa comigo como um louco no banheiro de um bar e depois quer que eu deixe isso passar?
– É, isso mesmo que eu quero que faça! – Debochei dela.
– Você é um idiota Ian, um imbecil. – Falou chorando.
– É, eu sei, não precisa falar! – Continuei com o mesmo tom. – Agora, se você quiser se humilhar mais eu posso ficar aqui te falando o quanto amo minha esposa... Por favor Megan, me esqueça! – Sai a deixando sozinha na rua aos prantos.
Sim, eu tinha sido um canalha, mas era o que precisava ser feito.

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