Ian
narrando
Dois
meses.... Dois longos e vazios meses... Minha vida tinha parado no momento em
que eu sai por aquela porta. Eu já não tinha mais nada. Não tinha família, casa,
esposa... Era um homem vazio, incompleto.
Tinha me
esquecido do que era minha vida sem Nina, sem seus mimos, sem seus beijos
deliciosos de bom dia, sem seu pequenino corpo em baixo ao meu quando dormíamos
abraçados... A cada dia que passava mais eu a amava, mais sentia sua falta,
mais eu me arrependia por ter feito aquilo com ela. Se eu pudesse voltar atrás
teria feito tudo diferente, nunca teria saído para beber e nem teria ficado
nervoso por ela não ter feito amor comigo. Se eu soubesse que tudo acabaria
assim... Mesmo não sabendo, eu nunca deveria ter transado com Megan.
Minha
vida tinha mudado totalmente. Nunca pensei que fosse tão dependente de uma
mulher, nunca pensei que eu fosse sentir tanto a falta dela. Meus pensamentos
se resumiam basicamente a Nina, as lembranças inundavam minha mente e eu não
sabia como evitá-las, tudo em minha volta me fazia pensar nela, músicas, filmes
e até pequenas coisas que acontecia no meu dia. Como eu amava aquela mulher e
não fazia a menor ideia do que fazer para reconquistá-la. Minha única alegria
ultimamente era Alice. Eu a tinha para mim quarta de noite até domingo de
manha, mas mesmo nesse meio tempo eu conseguia curtir minha filha, não
dignamente como estava acostumado, mas conseguia matar saudades dela.
Mas pelo
menos depois de minha traição meu pai tinha me tirado de seus negócios até que
seus consultórios ficassem prontos, eles queriam evitar que eu visse Megan e eu
agradecia muito por isso, eu precisava mesmo parar de vê-la se quisesse
reconquistar Nina. Mas estava extremamente difícil, por mais que quisesse ela
me perseguia. Parecia um chiclete grudado na sola do sapato. Agora que eu tinha
me separado ela achava que eu iria a dar uma chance, mas isso nunca iria
acontecer eu não gostava dela mas ela insistia em se humilhar e me perseguir.
Eu estava a ponto de mudar de numero para que ela parasse de me ligar...
Como se
não bastasse ter Nina contra mim, minha irmã e minha mãe também já não falavam
comigo. Talvez se nós trocássemos dez palavras no dia era muito, quando eu
tentava conversar elas eram frias e falavam que só voltariam a falar comigo de
novo quando Nina me perdoasse e caso ela nunca me perdoasse, eu teria as
perdido para sempre. Meu pai e Clarisse eram as únicas pessoas que realmente
falavam comigo e me tratavam como se nada tivesse acontecido.... Meu pai por
motivos óbvios, puro interesse e Clarisse porque era criança e inocente demais
para ter consciência do que eu havia feito. Pelo menos dona Edna tinha me
acolhido em sua casa novamente, no início quase me jogou para um hotel de
esquina mas então teve o mínimo de compaixão e liberou um quarto para mim. Era
evidente que eu não teria o apoio de minha família nessa separação, eles tinham
uma adoração por Nina e eu seria até idiota de querer ter razão naquilo tudo.
Acordei
cedo aquela manha, Alice estava comigo e eu iria a levar para escola.
Lentamente me movi me virando de frente para Alice que dormia ao meu lado na
cama. A puxei para os meus braços e de imediato ela já acordou.
– Bom dia
princesa... – Falei a despertando.
– Já ta
na hora da escola? – Falou dengosa.
– Está
sim...
– Tô com
soninho...
– Aw
minha manhosa, você dorme mais na escola ou no carro...
– Não
quero... – Fez beicinho. Esse seu jeito dengoso me lembrava tanto sua mãe, a
manha para acordar cedo, o beicinho...
– Vamos
lá, vai ser legal... Ver os amiguinhos, brincar, aprender...
– Não
posso ficar hoje em casa? – Choramingou.
– Eu até
deixaria, mas a mamãe iria ficar doida com o papai se ele te deixasse faltar.
– Não
precisa contar, será nosso segredo...
– Ahá sua
pilantrinha! – A puxei para cima de mim fazendo cócegas nela.
– Ai
papai! – Se contorceu de rir. – Faz cócegas pai...
– Oi? Me
pediu mais cócegas? É isso? – Fingi que não tinha escutado. – Nossa, mas é pra
já! – A coloquei deitada na cama e continuei fazendo mais ainda.
– Pronto,
pronto, estou acordada, ai papai, pronto... – Alice ria que chegava a sair
lagrimas de seus olhos e logo parei deixando ela tomar fôlego.
– Está
acordada mesmo? – Levei minha mão até seu pé.
– Sim,
estou! – Falou rápido puxando o pé de minha mão.
– Ótimo!
– Sorri a dando um beijo na bochecha. – Agora vamos ao banheiro e se vestir
para ir a escola que quando você chegar a vovó Edna terá feito especialmente
para você e Clarisse um bolo de chocolate delicioso com cobertura de brigadeiro
e granulado!
– Aaah! –
Pulou na cama. – Vamos logo então!
– Só está
interessada no bolo, não é?
– É sim!
– Riu malandra. – Papai, estou apurada...
– Então
vamos correndo no banheiro antes que escape! – Ri a pegando no colo.
Em poucos
minutos Ali estava pronta para ir para escola. Eu felizmente levava jeito com
ela mas também não precisava de muito. Alice era uma ótima criança e bem
obediente para a idade dela, era claro que fazia suas artes, mas nada que
saísse do comum. Era impossível não se encantar pelo seu jeito carinhoso e
meigo, eu mesmo era perdidamente apaixonado por ela.
– Papai,
eu quero uma trança hoje! – Falou emburrada cruzando os braços.
– Mas
amor, o papai não sabe fazer isso... É muito complicado!
– Não é!
E você disse que iria aprender! – Bateu o pé.
– Não
pode ser um rabo de cavalo? Ou sei lá, deixar solto mesmo... – Sorri amarelo.
– Não
papai, sou moça, tenho que fazer penteados!
– Ah... –
Falei vencido.
– Não tem
de A, nem de B e nem C, papai. Quero meu penteado! – Levantou o indicador em
minha direção. Foi impossível eu não cair na gargalhada. Deus, como conseguia
ser tão igual a Nina? Até no que falar, o jeito de falar... Era tão linda, era
minha Nina em miniatura. – Pare de rir, não teve graça! – Falou magoada.
– Amor,
pense na mamãe! – Suspirei fundo tentando parar de rir. – Ela é uma moça, não
é?
– É
sim...
– E a
mamãe é linda, não é mesmo? – Falei bobo ao lembrar de minha pequena. – E ela
usa o cabelo para o lado... Você não acha bonito?
– Acho...
– Então, vamos
colocar o cabelo para o lado assim como a mamãe faz e para ficar mais bonito
ainda podemos colocar uma tiara, o que acha?
– Cabelo
igual ao da mamãe?
– Igual
ao da mamãe!
– Tudo
bem... – Suspirou fundo. Sorri vitorioso, usar Nina como exemplo era sempre uma
boa tática. Arrumei seu cabelo de modo que a parte que eu coloquei para o lado
ficasse debaixo da orelha e por cima coloquei uma tiara Pink.
– Olhe só
como você está maravilhosa! – Sorri para ela a mostrando o espelho. – Gostou?
– Sim!! –
Falou animada.
– Viu?
Moça igual à mamãe!
– Adorei
papai. – Me deu um beijo na bochecha. – Agora vamos descer que eu estou com
fome! – Riu sapeca.
– Vamos.
Nós dois
descemos de mãos dadas pela escada e tomamos café. Depois eu escovei seus
dentes e a levei para escola. Alice foi cantando animada o caminho inteiro, nem
parecia que era aquela menininha manhosa que chorou para ficar em casa logo de
manhã. Depois que a deixei na escola fui para o escritório de meu pai mesmo
contra o meu gosto, estava cansado de lidar com gente, meu forte eram os
animais... Eles sim iriam te amar incondicionalmente independente do que você
fizesse...
Fui o
mais de vagar que pude e quando parei na rua em frente ao enorme edifício tive
vontade de ligar o carro e voltar para minha casa. Na calçada, ninguém mas,
ninguém menos que Megan me esperava ali e se ela não tivesse visto que eu tinha
chego iria mesmo voltar para casa. Arrependido de ter feito aquele maldito
caminho até o escritório, estacionei e de cara fechada desci do carro tendo que
aturar Megan vindo ao meu encontro.
– Ian...
– Sorriu tirando os óculos escuros e colocando na cabeça.
– O que
você quer? – Falei grosso.
– Autch,
você já foi mais carinhoso comigo! – Falou magoada. Foda-se, não ligava em
magoá-la... Não ligo para os sentimentos dela e além do mais, ela era o motivo
de eu ter me separado de minha pequena.
– Fala
logo o que quer...
– Quero
conversar Ian, conversar, você me deve isso!
– Te
devo? – Ri. – Conte outra. Fala logo sobre o que quer falar!
– Sobre
nós Ian. Sobre o que aconteceu! – Falou exaltada.
– Mega,
coloque uma coisa na sua cabeça! Não existe nós, nunca existiu, talvez tenha
existido há muitos anos, mas agora não! Eu não sou mais seu, não é você que eu
amo! Quantas vezes mais eu vou ter que te dizer isso? É Nina, sempre foi e
sempre vai ser Nina!
– É assim
então? Você transa comigo como um louco no banheiro de um bar e depois quer que
eu deixe isso passar?
– É, isso
mesmo que eu quero que faça! – Debochei dela.
– Você é
um idiota Ian, um imbecil. – Falou chorando.
– É, eu
sei, não precisa falar! – Continuei com o mesmo tom. – Agora, se você quiser se
humilhar mais eu posso ficar aqui te falando o quanto amo minha esposa... Por
favor Megan, me esqueça! – Sai a deixando sozinha na rua aos prantos.
Sim, eu
tinha sido um canalha, mas era o que precisava ser feito.
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