Capítulo 36 - My family

- Ian, ela é demais, sério! – Falei emocionada. – Ela é extremamente carinhosa e eu estou tão feliz, meu amor... – Sorri para ele com lágrimas nos olhos. Nós tínhamos acabado de chegar do shopping e eu estava trocando Alice que dormia tranquilamente depois de ter brincado o dia inteiro no shopping.

- Eu te falei que tudo iria dar certo, pequena. – Sorriu. Ian me assistia arrumar nossa filha sentado na cama de casal enquanto me esperava para deitar ao lado dele.

- Estou tão aliviada! – Peguei Alice no colo e a coloquei na cama de solteiro ao nosso lado. Ao deixar Alie deitada, fui para os braços de Ian e me aconcheguei ali. – Ela parece ter gostado bastante de mim...

- Só me diga uma coisa, tem como alguém não gostar de você? – Riu me abraçando pela cintura.

- Eu te amo! – Sorri.

- E me diga como que eu vou me controlar com você com essa camisola minúscula deitada nos meus braços? – Passou a mão pela minha coxa nua.

- Ian, Alice está aqui... – O repreendi. – Você anda muito tarado! – Provoquei.

- Podemos usar o banheiro! –Se defendeu.

- Não, nem pensar! – Ri alto. – Bebe, Alice está aqui e pior, não está nem no outro cômodo, está do nosso lado!

- Eu falei para irmos ao banheiro...

- Nem pensar!

- Isso é muita covardia, sabia né? – Me puxou para si me colocando em cima de seu corpo. Revirei os olhos e aproximei nossos rostos para começar um beijo, mas assim que nossos lábios se tocaram, meu celular começou a tocar. – Eu odeio o seu celular... – Grunhiu.

- Salva pelo gongo... – Sai de cima dele e fui pegá-lo.

- Aé? Salva pelo gongo? Você vai ver quando eu te pegar, Nina... – Ameaçou.

- Não vejo a hora, bebe. – Sorri maliciosa. – Olha, é Julian... – Sorri ao ver que meu amigo tinha lembrado de mim.

- E você vai atendê-lo?

- Sim! Eu seria uma ingrata se não o atendesse, ele me ajudou muito com isso...

- Nina, não acredito, quando finalmente você ia concordar em fazer amor comigo esse idiota liga e ao invés de continuarmos, você vai atender ele...

- Ian, eu vou atendê-lo, devo isso a ele.

- Nina! – Me repreendeu bravo e eu só revirei os olhos e peguei meu celular.

- Hey Julian! – Me virei de costas para ele e atendi.

- Nins, desculpe, ia esperar você ligar mas não aguentei de ansiedade...

- Tudo bem, eu ia te ligar jájá,só estava contando para Ian como foi lá.

- E ai, como foi?

- Foi ótimo, você não faz ideia! Vou te contar tudo...- Sorri.

- Ótimo, e o marido dela que se ferre aqui na vontade, odeio esse cara, sério mesmo. – Ian murmurou mau humorado.

- Ian falou comigo?

- Não Julian, ele está pensando alto só! – Revirei os olhos.

- Eu vou é dormir porque se duvidar até nos meus sonhos nossa vida sexual tá mais ativa... – Virou para o outro lado mal humorado fazendo a cama ranger.

- Desculpe Julian, vamos ao assunto... – Revirei os olhos pelo exagero de Ian. – Então, eu fui até lá... – Comecei a falar com ele e contar tudo.

Fiquei quarenta minutos com Julian no telefone apenas contando o quanto estava feliz e o agradecendo por ter me ajudado muito com isso. Ele também tinha ficado muito feliz por eu ter me dado bem com Juliet... Não sabia como agradecê-lo por ele ter me ajudado tanto com isso.

Já estávamos há muito tempo no telefone e minha orelha já estava vermelha devido ao celular quando finalmente demos boa noite e fomos dormir. Ian ressonava ao meu lado mas podia ver que ele não estava dormindo de verdade, então cheguei perto dele abraçando sua cintura com minha perna e mordendo o lóbulo de sua orelha.

- Terminou de falar com seu amiguinho? – Perguntou mal humor.

- Ian... – Gemi manhosa. – Podemos continuar de onde paramos... – Beijei seu pescoço.

- Agora não quero mais! – Bufou. – Acabou o clima! – Ah, francamente...

- Problema é seu, então, vai ficar sem! – Bufei do mesmo jeito e me deitei na cama de costas para ele fazendo questão de balançar o colchão mostrando meu mau humor. – Depois não diga que não fui eu que não quis...

- Mas você não quis mesmo, se quisesse não teria atendido o telefone.

- É, é, tá bom! – Rosnei. – Dorme ai que amanha a gente conversa.

Abracei um travesseiro e desliguei a luz do abajur que ficava ao meu lado. Por favor, eu tinha mais coisa no que pensar e me preocupar do que Ian e sua frustração por eu ter acabado com seu animo.

Amanha seria nosso ultimo dia naquela pequena cidade e consequentemente seria meu ultimo dia com minha mãe. Não queria deixá-la, de verdade. Tinha acabado de encontrá-la e seria muito doloroso ter que deixá-la, principalmente depois de termos nos dado tão bem...

Queria tanto que ela convivesse comigo mais a partir de agora, queria que ela conhecesse meus sogros, Clarisse, Robin... Queria que ela acompanhasse minha próxima gravidez e que convivesse com Alice também. Queria muito alguém para chamar de mãe e alguém para ter um colo quando precisasse...

Juliet morava nessa cidade sozinha, não tinha ninguém a não ser algumas amigas, não fazia sentido ela continuar aqui longe de mim enquanto em Nova Iorque estava sua família e sua filha... Estava pensando seriamente em levá-la comigo...

Isso pode estar soando um tanto egoísta, mas eu não estava pensando só em mim, mas nela também. Não a queria sozinha e eu não queria ficar mais longe dela.

Rapidamente eu dormi imaginando como minha vida seria feliz com a minha mãe junto comigo em NYC.

Na manha seguinte eu acordei mais cedo que Alie e Ian e fui para o banheiro tomar banho e me arrumar. Nós iríamos almoçar e passar o dia na casa de Juliet então me levantei ansiosa...

Tomei um banho rápido e me enrolei na toalha para escovar o dente. Estava de costas para a porta e consegui ver no espelho quando Ian entrou no banheiro.

- Bom dia... – Ele falou sonolento.

- Está mais manso hoje? – Perguntei ainda escovando o dente.

- Ainda está puxando saco do seu amiguinho? – Se virou de frente à privada. Revirei os olhos. Quando ele queria, conseguia ser muito chato... Terminei de escovar os dentes e dei espaço para que ele lavasse a mão.

- Ian, chega de ciúmes bobo, não é? Por favor, que saco! – Cruzei os braços

- Nina, se coloque no meu lugar... – Chegou perto de mim e me prensou contra o mármore da pia. – Nós estamos prestes a nos amar e então meu celular toca...  Quando eu vejo, é Melissa... – O fuzilei com o olhar. – E então eu atendo e te deixo na maior vontade...

- Ian, é totalmente diferente, você teve um caso com Melissa e eu nunca toquei em Julian da mesma forma que ela te tocou... – Revirei os olhos. - E por favor, não vamos entrar nesse assunto novamente porque acabamos brigando muito feio por causa dela! – Falei séria.

- E quando nós vamos fazer amor? – Fez beicinho.

- Quando voltarmos, ok? – Peguei seu rosto e o beijei delicadamente. – Podemos mudar de assunto? – Suspirei.

- Sim! – Suspirou derrotado.

- Estava pensando em Juliet... Não queria deixá-la...

- Quer se mudar para cá? – Falou divertido.

- Não...

- Quer que ela vá para lá com a gente, então?

- Sim!

- Eu acho ótimo, pequena, mas será que ela vai concordar? Deixar tudo aqui...

- Ian, ela não tem nada aqui, não tem ninguém...

- Vamos falar com ela hoje, ok?

- Obrigada, amor, obrigada mesmo! – Acariciei seu cabelo da nuca e ele voltou a me beijar.

- Mamãe? – Alice entrou no banheiro e nós nos viramos para olhá-la. Alie nos olhava com um sorriso malandro, o típico sorriso que ela dava quando via eu e seu pai nos beijando.

- Oi meu amor! – Sorri para ela ainda abraçada em Ian.

- Vocês estavam namorando? – Tinha malicia nos olhinhos puros de minha princesa? Era isso mesmo?

- Alie, de onde tirou isso? – Perguntei a repreendendo de brincadeira.

- Eu vi na televisão... – Falou convicta.

- E o que a mocinha estava fazendo olhando programa que não é pra criança? – Ian riu me puxando para frente dele.

- Estava ligada e eu vi... – Revirou os olhos.

- Tudo bem, tudo bem, não vamos mais falar sobre isso. Vamos agora nos arrumar que hoje vamos passar o dia na casa da vovó! – Sorri para ela e a peguei no colo.

- Na vovó Edna?

- Não amor, na vovó Juliet, minha mamãe! – Sorri orgulhosa.

- Oba! – Bateu palminhas.

Ian entrou no banho e eu fiquei arrumando Alice. Coloquei a roupa mais linda que tinha levado e arrumei seu cabelo com uma presilha de laço.

Em pouco tempo nós três já estávamos prontos e mais cedo do que o previsto, saímos do hotel rumo à casa da minha mãe.

Dessa vez a viagem até o subúrbio foi mais tranquila, eu consegui conhecer melhor a cidade ao invés de ficar me preocupando se Juliet fosse gostar de mim.

Talvez tenha sido impressão mas a viagem não foi tão longa e quando vi estávamos parado em frente à pequena casa de minha mãe. Tocamos a companhia e rapidamente, com um sorriso enorme no rosto, Juliet atendeu a porta.

- Olá! – Sorri para ela.

- Hey, entrem! – Respondeu sorridente. – Pensei que viessem mais tarde, nem comecei o almoço ainda.

- Não se preocupe, mãe, não temos horário hoje! – Falei a tranquilizando. – Mãe, quero que conheça duas pessoas... – Seu rosto iluminou quando a chamei de mãe. – Esse aqui é Ian, um marido... – Entrelacei nossas mãos ao os apresentar.

- Dona Juliet... – A cumprimentou com um aperto de mão.

- Dona está no céu, querido! – Apertou sua mão o puxando para um abraço. – E não é que ele é bonito mesmo, querida? – Ian corou visivelmente me fazendo rir alto.

- É sim, ele é lindo! – Sorri em sua direção e ele piscou para mim. – E essa pequena aqui... – Mostrei Alice que estava encolhida de vergonha em meu colo com o rosto em meu pescoço. – É Alice...

- Oi querida... – Ela chegou perto de nós e acariciou as costas de Alie. – Você não vai deixar eu ver seu rosto, amor? Vovó quer te conhecer...

- Filha, olhe para a vovó, amor... – Falei. Lentamente Alice ergueu o rostinho para olhar para Juliet.

- Você não vai me levar para longe da minha mamãe, vai? – Sussurrou.

- Mas é claro que não, amor, eu nunca faria isso com você e com sua mamãe... – Juliet respondeu. – Você é muito linda, sabia disso? Parece uma princesa...

- Como que diz... – Ian falou.

- Obrigada, vovó! – E mais uma vez seu rosto iluminou, assim como quando eu a chamei de mãe.

- E muito educada também! – Falou emocionada. – Posso te pegar no colo? – Alice assentiu e esticou os bracinhos para Juliet que a pegou no colo. Mamãe deu um longo beijo em sua bochecha a apertando forte contra seus braços. 

- Mãe, eu e Ian queremos te fazer uma proposta... – Disse por fim não querendo adiar mais o assunto.

- Não queremos que você se sinta pressionada nem nada, ok?

- Falem logo, estou curiosa... – Riu um tanto nervosa.

- Eu queria que você fosse embora conosco para Nova Iorque...  O que acha?

- Acho demais mas onde vou morar? Onde vou trabalhar...

- Nós podemos vender sua casa e comprarmos uma perto da nossa e enquanto ao emprego, posso falar com meu sogro e ele pode arrumar alguma coisa para ti... Não vai ser muita coisa, mas é o inicio... – Falei baixinho. – Eu vou entender se você não quiser ir porque sua casa é aqui, tudo seu está aqui... – Dei de ombros.

- Eu aceito! – Sorriu.

- Jura? – Falei radiante.

- Juro!

- Você vai morar com a gente, vovó? – Alice sorriu.

- Vou, querida!

- Oba! – Bateu palmas. – Mamãe, papai, agora eu tenho duas vovós, igual meus amigos!

- Vai sim! – Ian falou. – Está feliz?

- Muito! – Alie respondeu. É filha, eu também estava...

O dia passou como em um piscar de olhos. Incrível como quando estamos nos divertindo o tempo parecia voar. Alice se divertiu muito com Juliet e nós com as duas, elas criaram um vinculo muito forte em apenas um dia. Minha mãe fez questão de mimá-la demais, a levou até seu quarto, a deu uma boneca de pano e uma de porcelana linda para ela e mostrou uns brinquedos que foram meus, que por sinal eu nunca brinquei.

Juliet me mostrou uma caixa cheia de recordações minhas, fotos dela grávida, cartas que ela escreverá para mim quando estava desaparecida, roupas e fotos minhas de quando era recém nascida... Ela tinha tudo, era como se fosse um memorial. As cartas ela me deu mas eu só iria ler quando estivesse sozinha, era algo muito especial, muito nosso, queria ler na tranquilidade, então as guardei em minha bolsa.

Infelizmente anoiteceu e nós tivemos que ir embora porque na manha seguinte, bem cedo, tínhamos que viajar.