Capítulo 37 - Fighting again

- Amor, o que acha de fazermos um jantar essa noite aqui em casa? – Nós estávamos no quarto de brinquedos de Alice brincando com ela. – Pra comemorar...

- Oba, isso eu gosto! – Alie comentou animada.

- Também gosto, acho ótimo – Ian e Alice trocaram um sorriso cúmplice.

- Pizza, o que acham? – Sugeri.

- Oba, isso eu gosto também! – Riu.

- Adoro isso, filha! – A pegou no colo fazendo cócegas.

- Podemos chamar seus pais, Candy, Micheal, Robin, Clarisse, Julian.

- Julian, eu gosto dele, mãe!

- A mamãe também, pequena.

- Ah não, o Julian não! – Ian bufou alto.

- Porque não papai?

- Porque ele quer roubar a mamãe do papai!

- Ian! – O repreendi. – É mentira amor, não acredite nisso, ok? Seu pai fala muita besteira. – Revirei o olho.

- Vai mesmo chamar esse cara? – Perguntou mal humorado.

- Sim, vou! – Revirei o olho. – Alie, que tal convidar seu papai pra te dar um banho e vocês se arrumarem enquanto eu convido as pessoas e peço as pizzas?

- Vou lá escolher minha roupa, pai.

- Vai lá, amor... – Ian assentiu e Alice saiu do quarto. – Sério que você vai convidar Julian mesmo eu não gostando dele? – Falou autoritário.

- Ian e desde quando você decide minhas amizades? – Usei o mesmo tom com ele.

- Desde quando eu sou teu marido e não gosto da presença dele aqui em casa.

- Desculpe Ian, mas não é assim que funciona. – Continuei autoritária. – O problema não é meu se você não gosta de Julian. – Sai o deixando sozinho ali.

Ian estava me tirando do sério com esse ciúmes doentio. Não era o ciúmes que me incomodava, eu sabia que é impossível não sentir ciúmes da pessoa que ama mas confiança é fundamental, eu nunca tinha dado motivos para Ian desconfiar de mim, reconheço que já fiquei com Julian mas isso aconteceu quando nós estávamos separados e depois disso nada mais aconteceu e sempre, em todos esses anos que estávamos juntos eu fui cem por cento fiel ao meu marido. Mesmo depois da traição eu tinha voltado a confiar em Ian e tinha até voltado para ele, quando acreditei que íamos, finalmente, nos acertar, estávamos brigando feito dois idiotas de novo.

Comecei a organizar as coisas para o jantar e assim que estava tudo combinado subi para me arrumar. Eu e Ian não tínhamos trocado mais nenhuma palavra sobre o assunto porque sabíamos que iríamos brigar e Alice estava acordada e já tinha percebido o clima ruim entre mim e seu pai então deixamos para continuar conversando quando ela estivesse dormindo.

Julian, por ironia do destino, foi o primeiro a chegar em minha casa deixando Ian ainda mais mal humorado por isso.

- Heey! – Falei animada. – Obrigada por ter vindo.

- Não pude perder né! – Sorriu abertamente e me abraçou forte conseguindo tirar meus pés do chão. Ian pigarreou atrás de nós e eu revirei os olhos. – Como você está? – Ignorou meu marido ciumento.

- Ótima né! Extremamente feliz. – Ignorei Ian também.

- Que bom, que bom! – Sorriu feliz e cruzou a sala para chegar em Alice que montava um quebra cabeças com Ian. – Boa noite! – Cumprimentou meu ciumento e ele fez o mesmo. – Hey pequenininha! – Se ajoelhou ao lado de Alie para ficar do seu tamanho e a cumprimentou mas não obteve resposta, ela apenas fechou a cara para ele.  – Não vai falar comigo, mocinha? – Alice fez que não com a cabeça.

- Alice, isso são modos? – A repreendi, brava.

- E porque não vai falar comigo? – Falou cabisbaixo.

- Porque você quer tirar a minha mamãe do meu papai! – Enfatizou o “meu” e o “minha” da frase falando furiosa. Eu iria trucidar o Ian assim que tivesse oportunidade.

- Alice Dobrev Somerhalder! – Falei. – Peça desculpas agora!

- Não! – Revirou os olhos.

- Será que vou ter que te colocar no cantinho da obediência para você pensar no que fez? – Cantinho da obediência era uma cadeira que eu tinha colocado no canto da sala para que quando Alice fazia alguma má criação, o que era raro, eu a colocava lá sentada por dois minutos para que ela pensasse sobre o que tinha feito, mas nunca chegava a tanto, ela sempre voltava chorando arrependida e pedindo desculpas para nossos braços.

- E quem te falou isso, Alie? – Julian perguntou divertido.

- Meu papai, oras! – Falou debochada. – Minha mamãe é do meu papai, entendeu bem? Você não vai separar eles de novo! – Ergueu o indicador para ele e entre suas sobrancelhas se formou uma carranca. A cena era muito engraçada, mas ao mesmo tempo errada, Alice e Ian tinham passado dos limites.

- Eu sei que sua mãe é de seu pai, querida, eu nunca iria tirá-la dele.... – Ian sorria presunçoso e um tanto orgulhoso de Alice, eu o fuzilei com o olhar como se dissesse; “Mais tarde conversamos”.

- Alice, você tem cinco segundos para se desculpar com Julian. – Falei. – Cinco... Quatro...

- Desculpe Julian... – Revirou os olhos.

- Agora sem revirar os olhos!

- Desculpe...

- Tudo bem querida. – Ele riu.

- Agora o de um abraço. – Alie obedeceu. – E nunca mais faça isso, ein mocinha.

- Posso brincar com você? – Julian perguntou.

- Pode sim... – Afirmou com a cabeça. – Aqui ô, esse aqui é o quebra cabeças da era do gelo...

Aos poucos as pessoas foram chegando e minha casa foi ficando lotada. A pizza também havia chego e nós conversávamos animadamente enquanto comíamos. A não ser por Ian. Ele estava quieto e mal humorado no canto da sala bebendo cerveja, sozinho. Sabia exatamente o que estava acontecendo com ele e me preparava mentalmente para uma enorme briga quando todos tivessem ido embora.

- O que houve com Ian, ein? – Candice me perguntou falando baixinho para que ninguém ouvisse.

- Ele está mal humorado porque eu convidei Julian essa noite. – Revirei os olhos. – Ele deve achar que eu vou o trocar por Julian, ridículo.

- Mas vocês já conversaram sobre isso?

- Inúmeras vezes! – Bufei. – Mas adianta? Ian é um cabeça dura e sempre que tento começar uma conversa pacifica ele transforma em uma enorme briga!

- Nina, vocês acabaram de voltar e estão brigando de novo? – Assenti. – Não pode isso amiga, vocês se amam, não deixem se abalar por pouca coisa.

- Eu sei, mas ele parece não confiar em mim, isso me tira do sério.

- Nins, de vez em quando temos que abrir mão de umas coisas para o bem de nosso relacionamento.

- Candice, mas isso é uma coisa que eu não vou esquecer, ele tem que confiar em mim!

- Mamãe, mamãe! – Alice veio correndo até mim.

- Oi, princesa.

- Mãe, fica com barrigão para mim? – Se debruçou em minhas pernas apoiando os cotovelos em minha coxa descansando o queixo nas mãos. Seu pedido me fez rir alto.

- Você quer que a mamãe fique grávida pra você? É isso? – Ela assentiu e eu ri mais alto.

- Uhum!

- Quer um irmãozinho, então?

- Sim, mãe, igual à Clarisse.

- Mamãe vai te dar um irmãozinho, ok? Só espere uns anos!

- Vai demorar?

- Um pouco! – Assenti. – Mas quando a mamãe engravidar e seu irmão nascer, você vai querer dividir o papai e a mamãe? Seus brinquedos? Se for uma menina, vai pintar as unhas dela? A maquiar?

- Pensando bem, vou pensar melhor se quero um irmãozinho mesmo... – Falou pensativa e saiu.

- Me responda, como vou dar um irmão a ela enquanto eu e Ian estivermos tão instáveis assim?

- Mas você quer ter outro filho, Nina?

- Quero, quero sim, mas me diga como eu vou engravidar com esse relacionamento de montanha russa? Alice sofreu demais quando eu e Ian nos separamos e não quero que nosso outro filho sofra por não ter o pai em sua vida.

- Mas não precisa ser assim e vocês dois sabem disso. – Candice me repreendeu. – Não gosto de te ver assim, amiga, vocês se amam e não vale a pena ficar brigando, principalmente por causa de Julian.

- Eu sei... – Suspirei derrotada. – Juro que vou tentar conversar com ele hoje.

- Promete?

- Prometo! – Assenti.

Não demorou muito para todo mundo ir embora. Era dia de semana então não poderíamos ficar reunidos até tarde, já que a maioria acordava cedo no dia seguinte. 

- Temos que conversar... – Falei assim que Ian desceu as escadas após ter deixado Alice em seu quarto dormindo.

- Sou todo a ouvidos. – Suspirou fundo.

- Ian, porque você foi falar aquilo de Julian na frente de Alice? Você sabe que ela é criança e fala as coisas na frente das pessoas.

- Ué, falei alguma mentira?

- Você sabe que ele não quer isso, só fala porque está com ciúmes.

- Sim, eu estou com ciúmes, muito ciúmes na verdade! – Falou irritado. – Você é minha mas parece se esquecer disso.

- Como assim? – Rosnei.

- Nina, você parece me trocar para ficar com ele.

- Por favor Ian, pare de ser palhaço, eu nunca te trocaria e você sabe muito bem disso.

- Não é o que parece.

- Eu não quero brigar mas você não está facilitando as coisas, Ian. – Fechei os olhos tomando fôlego e calma.

- Eu também não quero brigar mas você que está se estressando. – Defendeu.

- E você não está entendendo que eu só quero que você confie em mim.

- E você não está entendendo que eu quero que você pare de falar com Julian.

- Isso não vai acontecer, Ian. – Rebati. – Não vou parar de falar com uma pessoa que me ajudou por um simples capricho seu.

- Capricho meu? – Riu debochado.

- Pai? Mãe? – Uma vozinha sonolenta vinda das escadas nos apartou. – Vocês estão brigando? – Alice perguntou coçando o olhinho com seu urso na mão.

- Não, amor, só estávamos conversando. – Ian falou.

- Vocês me acordaram, sabiam?

- Desculpe, anjo. – Cheguei perto dela. – Venha, mamãe vai deitar contigo e fazer carinho em seus cabelos, pode ser? – Ela assentiu e ergueu os bracinhos pedindo colo. – Boa noite, Ian. – Dei fim em nossa conversa. Peguei Alice no colo e ela se aconchegou descansando a cabeça em meu ombro até o caminho de seu quarto.