Infelizmente tudo que é bom tem um final e nós tivemos que ir embora...
Juro
que se me formar em jornalismo na Columbia não fosse meu sonho, eu iria
largar tudo na Califórnia para ir morar no Canadá junto com a família
de Ian. Seria mágico viver com eles, ter almoços domingos em família,
ter a casa dos avos para levar Alice quando eu e Ian quiséssemos sair ou
até mesmo levá-la na casa de
Clarisse para elas brincarem... Mas
infelizmente essa não seria a felicidade que eu daria para minha filha,
não em seus primeiros anos de vida.
Foi incrível como
eu tinha me apegado aos Somerhalders. Eles eram a família que eu sempre
quis ter, animados, carinhosos, unidos... Com eles tinha conseguido
esquecer todos os dramas de minha vida, as confusões na escola, a briga
com meus pais... Seria pedir demais para aquelas semanas nunca
acabassem?
A única coisa que me animava em voltar era
que eu tinha uma ecografia marcada no dia seguinte de minha volta e no
mesmo dia uma consulta de pré-natal. O fato de ver como Alice estava
melhorava visivelmente meu humor, não só o meu mas o de Ian também, que
sempre me acompanhava em tudo que era consulta e exames. Criávamos uma
expectativa e tanto ao vê-la se mexer na tela e ao ouvir seus batimentos
acelerados.
Nessa ultima eco conseguimos ver certinho o perfil dela, seu narizinho arrebitado e até ela que estava chupando o dedo.
Com
28 semanas algumas desvantagens começaram a aparecer. Dores de cabeça
tão fortes que nem tylenol passava, um inchaço que meus anéis não cabiam
mais e algumas rasteirinha também não, as azias insuportáveis que eu
sentia que poderia cuspir fogo, sem nem citar nas noites mal dormidas
porque eu simplesmente não conseguia encontrar uma posição confortável
por causa da barriga ou porque Alice trocava o dia pela noite e quando
eu estava quase pegando no sono ela começava a se mexer, ou até mesmo a
soluçar. Mas para minha felicidade, não apareceu nenhuma estria em minha
barriga nem em meus seios e pelo jeito, não iriam aparecer mais.
–
Olha só, temos uma menininha sentada na barriga da mamãe... - Minha
medica comentou ao ver as fotos do ultrassom que eu tinha levado para
ela.
– Isso é um problema, doutora? - Ian perguntou preocupado.
– Não, não pai! Só é um problema se você quiser parto normal, caso contrario não. Mas lembrando que ela pode virar ainda.
– Ah sim.. - Relaxou.
– E ela mexe muito? - Me perguntou.
– Sim, demais! Não para um segundo... - Ri.
– Isso é bom! - Sorriu em aprovação. - Alguma duvida? Reclamação?
– Não, esta tudo bem... - Sorri.
– Ótimo, então vamos ali para vermos como vocês estão.
Me
levantei e coloquei aquela camisola azul e fomos para uma sala a parte
em seu consultório. Antes de tudo me pesei, depois ouvimos os batimentos
de Alice, medimos minha barriga e então tiramos minha pressão. Ela
tirou uma, duas, três vezes já na quarta eu tive vontade de mandá-la
enfiar aquele esfigmo bem naquele lugar dela mesmo, meu braço já
latejava de dor pela pressão do aparelho.
– Algo de errado? - Ian perguntou mais uma vez preocupado.
– Só estou achando a sua pressão muito alta, Nina...
– Esta quanto? - Perguntei.
– Treze por oito... - Franziu o cenho. - Isso não é bom!
– Doutora, seja direta... É perigoso para uma das duas?
–
Se não controlada sim. Alice ficara bem enquanto Nina estiver apenas na
pré-eclampsia, mas se o quadro evoluir para a eclampsia, as duas podem
não resistir...
Não conseguia pensar ou falar alguma coisa. Um ataque de pânico me atingiu. Minha pequena estava correndo risco?
–
Traduzindo, por enquanto nenhuma das duas esta em perigo,
principalmente a bebe, ela mexe bem e responde a estímulos externos. Mas
se não cuidarem disso e a pressão de Nina continuar a subir, não só a
criança como a mãe correram risco...
– E qual é a causa disso, doutora?- Ian perguntou.
–
Bom a causa não temos ao certo. Mas ela ocorre devido à má adaptação do
organismo a essa nova situação ou então a má alimentação...
– Aposto que seja o primeiro fator porque eu mesmo cuido para que essa mocinha não coma besteiras...
–
Mas mesmo assim, hipertensão pode ser passado de mãe para filha...
Genético, entende? - Arrumou o estetoscópio em volta do pescoço e
enrolou o aparelho de medir pressão colocando dentro do bolso do jaleco.
– Nina, você esta tendo muitas dores de cabeça? - Assenti. - Seu inchaço esta me preocupando também...
– O que eu tenho que fazer para evitar tudo isso... - Perguntei.
–
Controlar sua alimentação, não tomar muito café ou comida com muito
sal. Exercício físico também é bom, uma ioga ajuda bastante...
– Elas vão ficar bem? - Ian perguntou.
– Se fizer isso que eu disse, tudo ficara bem.
– Um remédio para abaixar a pressão não é eficiente? - Perguntei.
– É sim, mas não esta tão serio a ponto de termos que colocar medicação, se você de cuidar, tudo ficara bem!
– Tem certeza? - Ian perguntou.
–
Tenho sim! - Faliu convicta. - Caso você sinta algo diferente com ela
ou em você mesma, pode me ligar, na verdade você tem que me ligar, ok?
– Ok, pode deixar, doutora... - Sorri de leve não deixando transparecer minha preocupação.
O resto da consulta se passou normalmente, tirando esse imprevisto, tudo estava bem.
Mais
do que nunca eu queria Alice em meus braços. Não conseguia me perdoar
por estar colocando a vida da minha pequena em jogo. Nunca iria me
perdoar se algo acontecesse com ela, se eu pudesse prever o que iria
acontecer e se algo ruim acontecesse eu a faria nascer naquele momento e
a daria minha vida só para vê-la bem...
– Hey, fale
comigo... Esta quietinha desde que saímos do consultório. - Ian
acariciou minha bochecha enquanto eu estava perdida em meus pensamentos
agonizantes.
Desde que havíamos chego eu me sentei no sofá e ali fiquei apenas curtindo Alice elétrica em minha barriga.
- Conheço esse olhar... - Ian me puxou para o seu colo me aninhando em seu peito. - Me conte o que houve...
– Só estou cansada... - Menti. Deitei mina cabeça em seu ombro fechando os olhos e controlado as lagrimas.
– Nina, fale comigo pequena... - Me abraçou forte. Suspirei fundo e comecei a brincar com a gola de sua camisa.
– Estou com medo, Ian... - Choraminguei.
Ele
ficou quieto por uns segundos apenas pensando e eu pude perceber que
ele também estava com medo, mas não queria admitir e procurava algo para
me consolar.
– Eu sei amor, também estou... - Falou calmo. -
Mas temos que ficar fortes e não sermos pessimistas, tudo vai dar certo e
logo logo teremos nossa princesa aqui em nossos braços e isso tudo
será uma lembrança ruim. - Fez carinho em meus cabelos.
– Ian,
eu nunca vou me perdoar se alguma coisa acontecer! - As malditas
lágrimas escorreram pelos meus olhos molhando o tecido de sua camisa. -
Eu a amo demais... - Chorei.
– Hey, Hey! - Pegou meu rosto
delicadamente e eu pude ver seus olhos marejados. - nada vai acontecer,
ok? Eu estou aqui e nós vamos juntos enfrentar isso. - Falou olhando bem
dentro dos meus olhos. - Eu também amo Alice muito - Acariciou meu
ventre. - E eu te amo muito também! - Beijou minha testa. - Agora você
pode, por favor, se acalmar que nossa pequena pode sentir o que você
sente? - Secou minhas lagrimas.
– Como sabe disso? - Ri sem graça.
–
Li em algum lugar... - Deu de ombros. - Mas parece fazer sentido porque
você esta nervosa e Alice parece estar em uma boate de tanto de que se
mexe... - Se acalme pequena, tudo ficara bem - Me aconchegou melhor em
seus braços. - Princesa, fale para sua mamãe que tudo vai ficar bem.
Diga que você esta bem e que ama muito ela... - Falou perto da minha
barriga. - Viu mamãe, ela te ama e esta bem!
– Oh meu amor, mamãe te ama muito também! - Falei chorosa. - Bebe, diga para nós se você vai demorar para sair daqui....
– Diga se você vai ter os olhos azuis do papai ou os caramelo escuro de sua mãe... - Sorriu de canto para mim.
– Ou se você terá esse ego enorme igual ao de seu pai... - Mostrei a língua pra ele.
E
assim ficamos o resto da noite, conversando com Alice, imaginando como
ela seria e reprogramando nossas vidas... Por mais que eu tivesse Ian,
eu ainda me preocupava... Só iria conseguir descansar minha cabeça no
travesseiro de novo quando a tivesse saudável em meus braços.
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