sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 34 - Still apart

Como era o previsto, dormi pouquíssimo de noite e para ajudar chorei metade da madrugada.
Ian tentava me abraçar ou roubar umas caricias, mas eu o afastava todas as vezes em que nossas peles se relavam. Odiava como ele se aproveitava do meu corpo quando brigávamos, mas dessa vez seria diferente, eu não iria perdoá-lo tão fácil. Ele teria que vir se desculpar comigo se quisesse paz entre nós.
Esperei alguém acordar e assim que ouvi barulho na casa me levantei também não agüentando mais ficar na cama e ter que delimitar o espaço em que deitava para não encostar em Ian.
– Bom dia, tia Nina - Clarisse falou sonolenta ainda, coçando os olhinhos e segurando uma mamadeira.
– Mas já esta acordada? - Sorri.
– Minha mamãe fez mama para eu assistir desenho... - Bocejou.
– Robin já está acordada?
– Tá lá na sala. - Apontou para a escada. - Tia, liga a televisão para mim ? É muito alto... - Perguntou envergonhada.
– Claro amor, vamos lá! - Peguei sua mãozinha e a guiei até o quarto que ela dividia com Robin. Clarisse subiu na cama se ajeitando no meio das cobertas e colocou a mamadeira na boca assim que eu liguei a televisão.
– Obrigada tia...
– Magine amor - Sorri para ela.
– Mas já esta alugando sua tia a essa hora, Clarisse? - Robin apareceu na porta do quarto rindo. - Desculpe Nina, mas essa dai é uma oferecida - Brincou.
– Ela só me pediu para ligar a televisão..
– Ela te acordou? - Perguntou preocupada ajeitando um par de brincos com pressa.
– Não, não. Eu já estava acordada. - Falei cabisbaixa.
– Dormiu mal, foi?
– Um pouco... - Concordei.
– Isso tem alguma coisa a ver com a discussão de ontem?
– Discussão? Que discussão? - Me fiz de desentendida mordendo o lábio nervosa.
– Bom Nina, deu para ouvir vocês dois... - Encolheu os ombros culpada. - Não que eu tenha ouvido atrás da porta, mas é que o quarto de vocês é na frente do meu e vocês não foram muito silenciosos... – Sorriu envergonhada.
– Não foi nada, só uma conversa...- Corei ao imaginar ela ouvindo o que eu tinha dito para Ian.
– Nina, posso ser irmã de Ian, mas sei que ele pisa na bola também! - Desviei o olhar relutando contra ela. - Qualquer coisa vou estar aqui, ok? - Pegou minha mão me consolando.
– Obrigada... - Sorri fraco. - É só uma desconfiança besta... – Dei de ombros.
– Melissa, não é? - Assenti envergonhada. Não queria ser motivo de revolta na família e nem de mais discórdia, então decidi não falar sobre o assunto. Robin esperou um segundo pensando em alguma coisa para dizer. - Vamos fazer o seguinte, eu tenho umas consultas agora de manha e bem depois do almoço quando voltar eu, você, minha mãe e Clarisse podemos sair. Estou louca para encher essa princesa de presentes - Acariciou minha barriga. - E podemos aproveitar a oportunidade para conversarmos sobre o assunto, o que acha?
– Eu acho perfeito mamãe, quero sorvete... – Clarisse tirou a mamadeira da boca e falou animada para nós.
– Clarisse, televisão. Televisão, Clarisse – Apontou para TV.
– Robin, não se preocupe em gastar dinheiro, já temos quase tudo...
– Sou tia, é meu direito, licença... – Riu.
– Tudo bem, acho uma ótima ideia... Preciso de um tempo longe de Ian também.. – Me dei por vencida.
– Combinado! – Sorriu radiante. – Agora estou indo porque já estou atrasada. – Me deu um beijo na testa. – Minha linda, se comporte e nada de incomodar sua tia... – Deu um beijo estralado em Clarisse. – Te amo muito e já estou com saudades... – Arrumou o cabelo dela e a encheu de beijos novamente.
Robin e Clarisse eram como unha e carne principalmente agora que Robin tinha se separado do pai dela. Era lindo de se ver a cumplicidade e o carinho das duas.
– Tia, fica aqui comigo? – Clarisse perguntou sonolenta colocando a mamadeira no criado mudo. – Assiste desenho comigo?
– Oh claro meu amor – Me sentei ao lado dela.
– Tia, você não ama mais o tio Ian? – Perguntou chorosa se virando para mim.
– Claro que não Cla, porque isso?
– Porque você falou para a mamãe que quer ficar um tempo longe do titio...
– Não meu amor, a tia Nina disse isso porque... Porque... Porque – Procurei as palavras para dizer, mas mesmo assim não conseguia encontrar um motivo bom o suficiente para que Clarisse entendesse. – Olha Cla, a tia não sabe porque disse isso. As pessoas quando estão tristes falam as coisas sem pensar, falam as coisas que não querem dizer, mas eu amo sim o seu tio Ian, amo muito! – Sorri de leve para que as lágrimas não caíssem.
– Muito mesmo?
– Muito mesmo, demais!
– Ufa, que bom tia... – Sorriu. – Olha só tia, vai começar o filme da Barbie... – Se virou de frente para televisão.
Deixei meus dedos desembaraçarem seus cabelos compridos os ajeitando em cima do travesseiro e enquanto o filme passava fiquei fazendo cafuné em seus cabelos.
Ficar assim juntinho com ela fez minha ansiedade para ter Alice em meus braços aumentar mais ainda, eu queria tanto ver seu rostinho, queria tanto ouvi-la me chamar de mamãe... Ela seria tão linda, afinal, sendo filha de Ian não tinha como sair de outra forma a não ser perfeita, (assim como toda a família Somerhalder). E eu seria assim como Robin, Alice seria tudo para mim e eu faria ela me amar incondicionalmente...
O filme mal tinha começado e Clarisse já tinha dormido, então eu me levantei em silencio, desliguei a televisão e voltei para o quarto. Ian ainda dormia tranquilo sem sinal de que iria acordar tão cedo. Me deitei ao lado dele e tomando cuidado para que ele não acordasse, tirei os fios de cabelos que estavam em seus olhos e dei um beijo delicado em seus lábios e voltei a dormir.
Fiquei mais um tempo na cama mas logo minha cabeça começou a doer e eu me levantei novamente.
– Bom dia! – Edna me recebeu. – Acordou bem na hora, o café acabou de sair. – Sorriu.
– O cheiro está ótimo! – Sorri.
– Ian me disse que você gosta de comer frutas pela manhã e eu pedi para que Robert comprasse as melhores do mercado...
– Que é isso, não precisava se preocupar! – Me sentei à mesa com ela.
– Precisava sim... – Sorriu. – Ian está dormindo ainda ?
– Como uma pedra. – Assenti.
– Estava dormindo como uma pedra! – Edna apontou para escada.
– Bom dia família... – Ian falou.
– Dormiu bem, filho?
– Muito bem! – Me olhou frio. – E você, Nina? – Ele sabia que eu não tinha dormido bem, mas eu não iria dar esse gostinho para ele de confessar de voz alta.
– A noite inteira...
– Que bom! – Sorriu gélido para mim e se sentou ao lado de Edna.
– Então Nina, já decidiu o que vai fazer em relação a faculdade? – Minha sogra percebeu o clima pesado entre nós mas pelo jeito decidiu ignorar.
– Estou esperando só ser aceita e então vou trancar o curso e assim que Alice fizer um ano eu começo...
– Vão ficar na Califórnia mesmo ?
– Nova Iorque. – Corrigi.
– Hm, um ótimo lugar para se morar – Sorriu. – Talvez podemos todos ir para new York city... – Brincou.
– Seria ótimo – Sorri.
– Bom, vou deixar as duas marias conversando e me retiro. – Ian falou mal humorado se levantando da mesa.
– Não Ian, se sente, converse com a sua mãe... – Falei.
– Está falando comigo agora? – Riu pelo nariz e saiu da mesa.
– Ele é sempre assim de manhã? – Edna me perguntou confusa.
– Só quando a gente briga... – Dei de ombros.
– Ih não gostei dessa história, pode começar a contar.
– A gente só teve uma discussão pequena ontem por causa de Melissa e pelo jeito Ian é muito orgulhoso para admitir que está errado...
– O que ele fez? – Suspirei vencida, precisava falar com alguém sobre o que tinha acontecido e pelo jeito minha sogra era a melhor pessoa para desabafar.
Contei para ela de nossa discussão, de como me senti e como ele estava me tratando desde então.
– Não acredito que ele fez isso. Ai se eu pego esse garoto!
– Hey Dona Edna, não se preocupe é só uma discussão, nós vamos nos entender até o final da noite...
– Nina, ele não pode fazer isso com você...
– E porque não ? Ela é prima dele, não posso fazer nada, não posso lutar contra os laços “familiares” deles... – Fiz aspas com os dedos em “familiares”.
– E você é a mãe da filha dela, a mulher que ele ama!
– Não sei se consigo competir com Melissa...
– Nina, Melissa foi só uma distração, acredite nele!
– Eu sei, acredito, mas não consigo aguentar forte os dois juntos em minha frente sabendo que eles costumavam... Costumavam a ficar juntos... – Falei magoada.
– Eu sei Nina, te entendo e acho que você deve deixar isso claro para ele porque pelo jeito ele ainda não entendeu... Ou então o de um tempo, deixe ele sentir sua falta. Deixa ele correr atrás sabe como? – Piscou maliciosa para mim. – Esse é um dos grandes problemas de Ian, ele é extremamente orgulhoso e odeia quando alguém aponta os erros dele. – Esperou até que eu captasse tudo. – Ele está com orgulho ferido, espere um pouquinho que ele volta com o rabinho entre as pernas e de orelhinha baixa...
E assim eu esperava porque ficar brigada com Ian e ter que dividir a cama com ele não era nada confortável. Conversar com Edna foi de longe a melhor coisa que eu tinha feito, aquele peso nas minhas costas e aquela agonia terrível que eu tava sentindo foi tudo por água a baixo e eu estava decidida sobre o que iria fazer...
Logo depois do ataque no café da manha, Ian saiu para ver um amigo e eu fiquei em casa ajudando minha sogra com o almoço e depois fui brincar com Clarisse.
...
O almoço foi de longe a pior hora do dia. Estávamos todos reunidos a mesa e Robin fez Ian se sentar ao meu lado mesmo contra a vontade dele. Juro que não sabia por que ele estava me tratando daquele jeito, eu só queria que ele assumisse que tinha pisado na bola e viesse me pedir desculpas, mas pelo jeito, para ele, eu era a errada da história.
– E então Nina, sua família é grande assim como a nossa? - Pai de Ian me perguntou inocente querendo acabar com o clima pesado da mesa.
– Não, ela é bem pequena e eu não tenho contato com tios e tias ou avós .... - Respondi dando de ombros. – Então sempre foi só eu e meus pais...
– Então você não tem primos?
– Nem irmãos... - E nem pai e mãe, pensei.
– Que triste, primos são uma ótima distração... - Ian sorriu cínico tentando me atingir.
– Você que sabe bem disso... – Respondi.
– Se você fala... - Me olhou sério ignorando as pessoas sentadas a mesa junto com nós.
– E então, vamos sair essa tarde? - Robin perguntou para nos apartar. - Ah, mas é claro que vamos quero emperequetar essa minha sobrinha toda - Riu.
– Também vou ganhar presente, mamãe? - Clarisse perguntou sorrindo
– Vai sim se você se comportar!
– Oba! - Comemorou alto. – Eu sempre me comporto mamãe!
– Nossa, legal, nem para chamar o pai da sua sobrinha né! - Ian se fingiu de magoado.
– Vamos fazer compras e um programa de mulher, se quiser ir para segurar nossas sacolas e pagar o nosso lanche aceitamos de bom grado - Provocou.
– Há há há, não obrigado, vou ficar ótimo sozinho se for assim.
– Que bom porque nós não queremos um homem chato como você de companhia! - Mostrou a língua para Ian.
– Mamãe, é feio mostrar a língua. – Clarisse brigou.
– Viu Robin, é feio mostrar a língua... – Ian sorriu vitorioso para ela.
– Mas para o tio Ian pode! - Robin falou.
– Ah, então ta bom... Se é assim sim! - Clarisse deu de ombros e voltou a comer.
A conversa tomou outro rumo novamente e agora Ian conversava com seu pai sobre negócios e alguma coisa sobre lucro familiar, nada de muito importante, então não me importei em não prestar atenção.
Aquele enorme nó ainda estava em minha garganta impedindo que a comida descesse e para ajudar aquela falta de apetite tornava a comida até nauseante. Eu sei que não podia ficar sem comer e estava me sentindo horrível só de pensar que isso estava fazendo mal á Alice, mas a comida simplesmente não me descia e meu estomago me avisava que se eu insistisse ele jogaria para fora...
– Você mal tocou na comida... - Ian sussurrou em meu ouvido assim que todos já haviam terminado de comer.
Ah sim, agora ele se importava comigo! Dei um sorriso cínico para ele e peguei o garfo espalhando comida pelo prato, “tocando” na comida.
– Você sabe que essa sua birra não esta fazendo mal só a você mas a Alice também... – Bufei revirando os olhos. Birra? Argh parecia que ele tinha lido meus pensamentos em relação à Alice... - Tudo bem então, não coma... - Falou com descaso.
– Nós vamos sobreviver - Respondi com seu mesmo tom assistindo uma senhora retirar nossos pratos da mesa para não fazer contato visual com ele.
Tomei o resto do meu suco e aproveitei a deixa de Robin saindo junto com ela da mesa sem nem ao menos trocar uma palavra a mais com Ian.
Fui para o quarto, me arrumei rapidamente, tomei um banho e coloquei uma roupa que sabia que Ian gostava que eu usasse, se ele quer briga, então é briga que ele iria ter... Eu faria ele sentir minha falta e vir rastejando até mim assim como dona Edna tinha dito.
Sai do quarto e assim que fechei a porta atrás de mim, um par de mãos másculas me puxou pelos quadris.
– Vai mesmo parar de falar comigo ? – Ian me pressionou com força contra a parede do corredor.
– Ian, você está me machucando... – Gemi tentando empurrá-lo.
– Me diga Nina, vai ficar sem falar comigo? – Falou grosso com o olhar sério.
– Ai minha barriga Ian! – Reclamei com dor mais uma vez e só assim ele relaxou. – E sim Ian eu não vou falar contigo até você largar a vadia da Melissa...
Não conseguia decifrar os sentimentos que se passavam nos olhos de Ian. Eles eram desafiadores em um misto de ódio com tristeza e um pouco de arrependimento também. Por um momento fiquei com medo da reação de Ian, ou da falta dela. Ele estava estático e eu quase toquei suas mãos para chamar sua atenção, mas logo recebi um sorriso cínico.
– É assim então?
– É! – Falei brava e o empurrei para longe de mim.
Desci me segurando no corrimão sentindo minhas pernas vacilarem. Eu iria fazê-lo se arrepender por cada palavra fria que ele estava me falando, ah se iria.
Não demorou muito tempo e as meninas já estavam prontas e nós saímos de casa rumo ao shopping.
...
Robin parecia que não tinha freio, se eu tivesse deixado ela teria comprado tudo em todas as lojas que tínhamos entrado. Não só ela mas Edna também, sempre que eu falava alguma coisa as duas se defendiam com “ Quem disse que dinheiro não compra felicidade foi porque não encontraram a loja em que comprar ou porque nunca brigou com o homem da casa”. De uma certa forma eu tinha que concordar com elas. Comprar as coisas para Alice tinha realmente me distraído muito, sem falar na paz interior enorme que me causou.
Ficamos o dia inteiro mesmo fora, lanchamos e levamos Clarisse para brincar no espaço de entretenimento do shopping. Tive que olhar milhares de vezes no celular para ver se eu não tinha o deixado desligado por que Ian que sempre me ligava para ver se eu estava respirando, mas aquela vez não tinha nem dado sinal de vida.
– Nina, se acalma, ele está bem!
– Eu sei, eu sei... Eu só queria...
– Ouvir a voz dele... – Robin completou. – Vamos só pegar uma pizza e vamos para casa, ok? – Acariciou minha barriga.
– Tia, minha prima está com saudades do tio Ian? – Clarisse perguntou inocente.
– Tá sim amor, tá morrendo de saudades do titio...
– Vovó, vamos logo embora, não quero que a minha prima chore... – Exigiu.
– Tudo bem Cla, ela não vai chorar! – Ri. – Alem do mais, nós vamos pegar pizza e eu acho que você gosta de pizza, né?
– Oba! – Gritou. – Alice, espere um pouquinho ok? Já já você mata as saudades do seu papai... – Colocou as duas mãozinhas em minha barriga e falou com Alice.
O caminho inteiro ficamos conversando e quando vi já estávamos entrando na sala de estar carregadas de sacolas, caixas e refrigerantes.
– Ah, finalmente chegaram! – Ian estava deitado no sofá, todo largado e sem camisa.
– Tio, Alice estava com saudades de você! – Correu para ele sentando em seu colo.
– É mesmo? E quem te falou isso? – Sorriu.
– Ela contou para tia Nina que contou para mim. Mas tio, você tem que ver as coisas novas que a mamãe me deu e que eu comprei pra minha prima, são lindas, tio! – Falou animada.
– Nossa, mal posso esperar para ver! – Deu um beijo na testa dela. – Mas espero que vocês tenham trazido pizza o suficiente para mais um – Riu apontando para a porta do banheiro assim que ela fora aberta.
– Oba, alguém falou pizza? – Aquela voz que eu menos queria ouvir gralhou atrás da gente e eu acho que se não tivesse colocando a mesa para o jantar, teria pulado em cima dela e arrancado aqueles cabelos nojentos e deixado um belo par de roxo em seus olhos.
– Faz tempo que você chegou, Melissa? – Perguntei amigável, forçando um sorriso.
– Não, não. Ian me chamou para passar a tarde com ele porque ele ia ficar sozinho... – Deu de ombros e se sentou ao lado do Ian. – Não pude recusar...
Respirei fundo, contei mentalmente até 10, contei mais uma vez até 10. Olhei para Ian, para Melissa... Os dois tão perto um do outro, ele sem camisa... Extremamente convidativo...
Não consegui aguentar a ardência em minha garganta e deixei algumas sutis lágrimas escorrerem pela minha bochecha.
– Não estou muito bem, se vocês me dão licença, vou me retirar... – Menti. Não conseguia ficar no mesmo cômodo que os dois pensando nas milhares de coisas que podia ter acontecido ali.
– Ah querida, está tudo bem com a nossa pequena? – Dona Edna me perguntou preocupada.
– Está sim – Sorri fraco secando as lágrimas. – Eu só estou um pouco indisposta... Vou me deitar um pouco e já melhora.
– Tudo bem querida, qualquer coisa nos chame, ok?
– Pode deixar... – Subi as escadas lentamente e atrás de mim ouvi as vozes lá em baixo.
– Ian, você não vai ver sua mulher? – Robin perguntou.
– Ué, ela disse que vai ficar bem e que qualquer coisa chama... – Ele falou com descaso.
– Sinceramente Ian, você não tem jeito, mesmo!
– Robin, ela falou que vai ficar bem! – Falou grosso. – Se está tão preocupada vai você mesma!
– Olha Ian, eu sei que você está morrendo de vontade de ir ficar com ela. Quando que vai vencer esse orgulho besta?
Ian não respondeu e parecia que eu conseguia ver sua expressão confusa de tão bem que eu o conhecia.
– Vamos comer, ok? – Falou depois de um tempo. – Depois decidimos isso.
Me joguei na cama abraçada em um travesseiro deixando as lagrimas encharcarem a fronha branca sem nem ao menos ligar de estar a sujando de maquiagem. Como ele conseguia ser tão imaturo, tão frio? Será que ele não percebia que eu estava sensível e que precisava de apoio e companhia? Sinceramente, achei que ele fosse diferente...
Minha vontade era de enche-lo de tapas, falar que eu o odiava demais para depois puxá-lo para um beijo tão urgente que o deixaria com vontade de tirar a roupa e então pararia bem no ápice da relação e o faria implorar por perdão e jurar de pé junto que nunca mais falaria com aquela vadia. Mas assim como ele, eu era orgulhosa demais e não iria correr atrás, principalmente porque eu não era a errada da história.
Mas felizmente eu não estava sozinha. Era incrível como Alice parecia sentir que eu estava mal. Desde que eu e Ian tínhamos brigado sempre quando eu ficava sozinha chorando ela fazia questão de mexer bem forte e bastante. Era como se ela dissesse “ Hey, estou aqui, não precisa chorar” e isso tornava inevitável e impossível não sorrir em resposta.
– Hey, vai ficar tudo bem... – A cutuquei de levinho com os três dedos. – Você vai ver, tudo vai voltar ao normal. Papai já volta, espera só... – Chutou.- É? Está com saudades daquele bobo também, né? – Ri secando minhas lágrimas. – Te entendo amor...
– Como você está ? – Ian entrou no quarto sério sem nenhum aviso prévio.
– Bem, obrigada... – Desviei o olhar. – Hum, me deixe adivinhar sua querida prima foi embora e você veio ficar com o seu step, acertei? – Perguntei magoada.
– Há então é isso? Esta de greve comigo... – Passou a mão no rosto nervoso.
– Nossa, mas você só percebeu agora ou teve que pedir ajuda para sua prima?
– Escuta aqui Nina, até quando nós vamos ficar assim? – Perguntou irritado. – Ou você vai esperar Alice nascer para admitir que realmente sente minha falta?
– Até você parar de ser esse imaturo orgulhoso e vir me pedir desculpas e assumir que e está errado. Ou então até você largar a idiota da Melissa e decidir me contar porque está agindo dessa forma comigo...
– Ah sim, agora eu sou o imaturo! Pera ai, quem está me evitando desde ontem? Quem que está se escondendo no quarto ao invés de assumir o problema de frente? Você sabe muito bem porque eu estou assim Nina, de repente você fica brava comigo e ainda quer que eu adivinhe o motivo.
– Não venha me dizer que eu sou a errada, Ian! – Me exaltei. – Porra, eu estou aqui grávida junto com um monte de pessoas que eu não conheço e você vem me falar isso?
– É claro que você é a certa da história, ninguém vê meu lado também.
– Espera, que lado? – Levantei minha mão pedindo tempo. – Porque até agora você só jogou na minha cara que ela é sua prima e nada mais...
– Olha aqui Nina, não é só você que está sofrendo. – Gritou alto com os olhos cheios de lagrimas.
– Olha Ian, porque você não desce e vai comer e me deixa em paz com a minha imaturidade, ein? Vai sofrer no seu canto que eu fico aqui com Alice no meu.
– Pois é, eu iria te deixar aqui pensando mas insistiram para que eu viesse te ver...
– Então porque não volta? Huh? Vai lá, vaai! Eu estava muito melhor sem você aqui só com Alice!
– Desisto... – Riu cansado e se virou de costas para mim. – Vou lá com Melissa que ela pelo menos não me trata com patada!
– Isso, vai e fica! – Gritei jogando um travesseiro na porta que tinha acabado de se fechar. – Me esquece... – Peguei outro travesseiro o abraçando forte.

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