O carro parou e eu me vi de frente a uma casa enorme, com um desgin
moderno, sacadas e janelas, um jardim igualmente lindo também. Na
garagem havia pelo menos uns três carros e eu imaginei que a família
inteira estivesse ali para nos receber.
– Uuh, casa cheia... – Ian riu tirando a chave do carro.
– Ian... – Resmunguei.
–
Nina.. – Riu me imitando. – Vamos lá manhosa... – Ian me ajudou a sair
do carro, esperou que eu colocasse minhas costas no lugar e antes mesmo
que nos dirigimos para a varanda, a porta da frente foi aberta e uma
“senhora” nos esperava com um sorriso enorme.
– Finalmente! – Falou animada vindo em nossa direção.
– Mamãe... – Ian sorriu.
–
Ian, olha só para você, já esta com cara de papai... – Edna o abraçou
forte bagunçando seus cabelos. – E olha só você, consegue ser mais
bonita pessoalmente! – Ela olhou para mim, me fazendo corar.
– Obrigada, a senhora também... – Retribui seu abraço.
– Senhora? Senhora está no céu, Nina! – Riu. – E como está minha netinha ? – Colocou as mãos em minha barriga e a beijou.
– Está bem ! – Sorri. – Dê oi para a vovó, Alice...
–
A deixe dormir, terei muito tempo para senti-la mexer! – Pegou minha
mão. – Hey, vamos entrar, todos estão esperando por vocês.
Entramos
na casa direto em uma sala de estar. Ela era enorme, com cores claras,
uma decoração sofisticada e uma lareira no canto da sala. Tinha sofás
confortáveis, uma mesa de centro, estantes grandes com uma decoração
combinando.
– Quem te viu, quem te vê... Quem é vivo sempre
aparece não é mesmo? – Uma moça alta chegou á sala para nos
cumprimentar. Ela tinha cabelos lisos e loiros, muito parecida com Ian
por sinal...
– Robin! – Ian falou a abraçando forte. – Essa é nina e essa aqui é Alice! – Acariciou minha barriga.
–
Ai meu deus, mal acredito que vou ser tia..Gente, é isso mesmo ? –
Sorriu em minha direção. – Nina, mas que prazer em te conhecer! Ninguém
aqui nessa casa para de falar de ti, acredita? – Me abraçou.
– Hey, obrigada... Também estava muito ansiosa para conhecer vocês. Ian fala muito bem da família. – Falei envergonhada.
Até
o inicio da tarde eu já tinha conhecido metade da família de Ian. No
momento, estávamos esperando suas tias e primas para jantarmos todos
juntos. Eles eram muito apegados e eu estava estranhando esse afeto todo
porque minha família era extremamente diferente. E para ser sincera, eu
estava adorando tudo isso. Na minha mente isso mesmo era família, todo
esse carinho, essa união e não a frieza que era a minha...
Enquanto
esperávamos o restante da família ficamos todos no jardim de inverno,
aproveitando o inicio do outono tomando chocolate quente com as pernas
cobertas por uma manta fina e falando besteiras.
Desde que
cheguei eu e Robin não nos separamos. Assim como a família inteira,
Robin era um amor e em pouco tempo nos tornamos grandes amigas,
descobrimos vários gostos em comum, discutimos sobre gravidez...
– Cadê o meu tio Ian? – Uma vozinha de criança vinha da sala de estar.
– Ele está lá atrás com todo mundo, vai lá vai... – Meu sogro falou.
E então o barulho de pés correndo...
– Titiiio! – Gritou uma menininha correndo até Ian.
– Que saudades de você, princesa! – A pegou no colo em um abraço forte.
– Você veio para ficar, não é? – Sorriu abraçando o pescoço dele.
– Não meu amor, titio só veio para visitar e apresentar minha namorada para vocês...
– Mas você tem que ficar, ninguém mais me leva no parque ou me da sorvete... – Falou manhosa.
– Como não ? – Robin riu ao meu lado. – Clarisse, pare de mentir para seu tio e venha conhecer Nina e a sua prima.
A
garotinha tinha olhos verdes claros (assim como praticamente todos
naquela família, quando não era azul era verde ou algo parecido) e
cabelos castanhos lisos. Ela parecia uma bonequinha de porcelana com sua
pele branquinha e as bochechas rosadas.
Ian a colocou no chão e envergonhada veio até mim sentando no colo de Robin.
– Você é muito linda, sabia ? – Falei para ela ajeitando uma mexa de cabelo para trás de sua orelha.
– Obrigada... – Sorriu levemente.
–
Quantos aninhos você tem, Clarisse? – Perguntei. Ela olhou confusa para
suas mãozinhas e logo levantou a mão direita aberta sutilmente. –
Nossa, cinco? – Falei surpresa e ela assentiu. – Tudo isso? Uma mão
cheia já!
– Já sou mocinha... – Sorriu orgulhosa.
– É sim! – Concordei.
– Posso te chamar de tia? – Perguntou inocente.
– Mas é claro que pode! Agora sou sua tia, não é?
–
É sim! – Concordou. Clarisse me olhou desconfiada e pensativa, parecia
que estava escolhendo as palavras para falar comigo– Tia... – Mordeu o
lábio . – Porque você engoliu uma melancia? – Apontou para minha
barriga.
Assim como todos em nossa volta, não consegui conter o riso. Ela era tão inocente que chegava até a ser meigo.
– Essa é sua priminha! – Levantei a blusa mostrando minha barriga.
– Tia... Porque você engoliu minha prima ? – Perguntou indignada e nós rimos novamente.
– Não engoli, amor. – Ri.
– Então como ela foi parar ai dentro ? – Cruzou os braçinhos desafiadora.
–
Fui eu que coloquei sua priminha ai dentro... – Ian falou vitorioso se
sentando ao nosso lado. Já prevendo sua próxima pergunta, dei uma
cotovelada forte em suas costelas.
– Como assim, titio ? – Arregalou os olhinhos.
–
É que é assim Cla, quando um homem e uma mulher se amam muito, eles
fazem... – Ian tentou continuar mas eu o impedi, dando outra cutucada
mais forte.
– Clarisse, o que seu tio quer dizer é que quando um
homem e uma mulher se amam muito, o homem planta uma sementinha na
barriga da mulher e então vai crescendo o bebê. Daí, esse bebê fica por
nove meses na barriga da mamãe crescendo e quando ele já estiver bem
fortinho e grandinho ele nasce... – Sorri.
– Mas não são as cegonhas que trazem os bebês, mamãe? – Olhou para Robin.
–
É tio Ian, não são as cegonhas que trazem os bebês? – Robin olhou para
Ian indignada querendo que ele se explicasse. Por mais que eu tivesse
explicado o “processo” para Clarisse, foi ele que tinha começado com a
história do “homem e mulher”... Se não fosse por isso, eu teria contado a
teoria da cegonha mesmo.
– Não... é... hum. – Ian se atropelou
nas palavras. – É a cegonha sim... – Olhou confuso para mim como se
pedisse ajuda. – A cegonha trás a sementinha para plantar na barriga da
mulher... – Suspirou aliviado.
– Mas titio, como você colocou essa sementinha na tia Nina? – Meu deus, essa menina era uma caixa de perguntas pelo jeito.
–
Colocando Alice... – Sorriu malicioso e eu corei. – Vamos mudar de
assunto que isso não é assunto para criança! Cada pergunta...
– Mamãe, eu fiquei assim na sua barriga também ?
–
Ficou sim, por muito tempo! – Sorriu. – Mas agora me conte como que foi
o passeio com o papai? – Arrumou o cabelo da filha e assim elas
começaram a conversar.
Me desconectei da conversa das duas e encostei minha cabeça no ombro de Ian, prestando atenção em outro assunto.
–
Hey Nina, quer descansar um pouco? – Meu sogro veio até mim acariciando
minha barriga. - A viagem foi longa e a janta vai demorar... Ninguém
aqui nessa casa tem horário o que é péssimo para mulher grávida! – Riu.
– Não, imagina senh... – Tentei terminar mas Robert me repreendeu com o olhar. – Seu Robert, estou bem aqui... – Menti.
–
Amor, vai lá, eu te chamo assim que a janta ficar pronta! – Ian
acariciou meu braço. – Ninguém vai ligar, sério! Aqui nessa casa ninguém
tem essas frescuras... – Insistiu.
Eu realmente estava cansada e
precisando de um banho então logo cedi e Ian me conduziu ao nosso
quarto onde namoramos um pouco até eu cair no sono.
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