Eu e Ian já tínhamos completado cinco incríveis meses juntos. Com ele
havia descoberto o que realmente era um relacionamento, todos os
prazeres e benefícios que ele nos propunha. Fazíamos planos, pensávamos
em casamento, em filhos, viagens e onde iriamos morar quando marido e
mulher... Brigávamos por besteiras, sentíamos ciúmes doentio um do outro
mas sempre no final da semana terminávamos suados e ofegantes em sua
casa.
Candicce começou com ciúmes de amiga, falando que eu não
dava mais atenção para ela e que eu havia a trocado, então fiz o favor
de apresenta-la a Micheal e em um mês eles já estavam juntos. Assim
sempre que eu saía com Ian a chamava e saíamos em casal.
Ian
tinha ido viajar a três semanas atrás em um congresso e só voltaria
naquele sábado. Ainda era segunda e eu estava morrendo de saudades
daqueles lindos olhos azuis. Apesar de termos nos despedido (diversas vezes)
dignamente eu sentia uma carência enorme e acho que seria capaz de
viajar até o fim do mundo onde ele estava só para acabar com aquela
falta que eu estava sentindo dele.
Estávamos na aula de
literatura e a professora falava alguma coisa sobre Romeu e Julieta, só
que o sono que eu estava sentindo tinha tornado impossível prestar
atenção em uma aula daquelas. Como já tinha lido aquele livro, me
debrucei na mesa com o intuito de dormir, mas logo Candicce me cutucou
me acordando.
– Por favor, me deixe dormir... – Resmunguei.
– Nina, você não dormiu no Ian ontem, né ?
– Ele está viajando, não lembra não ? – Falei grossa.
– Ouch, não precisa ser estupida, Nins... Sei que o sexo tá em falta, mas não precisa descontar em mim - Falou magoada.
– Desculpe Candy...Acho que o meu sono está me deixando mau humorada!
– Tudo bem, deite ai, quem sabe no intervalo você esteja melhor...
Eu só concordei e voltei a me debruçar na mesa sendo acordada na hora do intervalo.
– Está melhor ? – Candy me acordou sorrindo.
– Mais ou menos... – Me espreguicei ouvindo todos meus ossos estralarem.
– Que bom – Pegou meu braço – Vamos comer alguma coisa!
Aceitei seu braço de bom grado ainda um tanto zonza de sono, mas logo
acordei quando o cheiro insuportável de comida do refeitório atingiu
minhas narinas.
– Que cheiro horrível é esse ? – Perguntei.
Candicce me olhou confusa e cheirou o ar procurando o estranho odor que
eu estava sentindo.
– Que cheiro ? – Me olhou confusa.
–
Não sei, um cheiro estranho, ruim! – Era inexplicável o cheiro e só de
pensar nele meu estomago dava inúmeras cambalhotas e eu sentia que
poderia vomitar a qualquer momento.
– Nina, você está bem ?
–
Não! Preciso ir ao banheiro! – Coloquei a mão sobre a boca e corri para
o banheiro mais próximo. Entrei na primeira cabine livre e na privada
deixei tudo o que tinha comido no dia.
– Nina! – Candicce bateu
na porta. – Nina, você está bem? – Não consegui responder, toda vez que
eu procurava minha voz uma terrível ânsia me invadia e eu tinha a
impressão de que iria deixar meu estomago inteiro no banheiro do
colégio. – Nina, fale comigo mulher! – Insistiu.
Só consegui
realmente proferir uma palavra quando percebi que não tinha mais nada no
meu estomago e força o suficiente nas pernas para ficar de pé.
Puxei a descarga e sai da cabine cambaleante me apoiando no mármore gelado da pia do banheiro.
–
Nina o que você tem ? Está mais branca que papel! – Candicce me ajudou
segurando meu cabelo para trás enquanto eu me limpava na água.
–
Estou melhor, só um enjoo terrível! – Fechei a torneira e me apoiei para
pegar papel toalha. – Acho que comi alguma coisa que não me caiu bem...
– Fiz uma careta carrancuda enquanto me lembrava de tudo que tinha
comido.
– Ou uma virose... Das feias ainda por cima! É melhor ir para casa, Nins.
– Desculpe por ter que presenciar isso!
– Tudo bem, vamos tomar um ar! Você está horrível amiga!
– Obrigada! – Ri sem humor.
– Desculpe, mas é verdade! Nina, vá embora!
– Não... Minha mãe vai ficar me fazendo perguntas, não estou com humor pra responde-las.
– Pare de ser teimosa! – Ralhou.
– Candy, eu estou bem, já estou bem melhor. Se eu piorar eu vou embora, ok ? - Menti.
– Promete ?
– Sim! – Falei firme.
–
Tudo bem, vamos para sala, já vai tocar o sinal... – Me deu o braço de
novo para eu pegar estabilidade e fomos assim para sala.
Candicce me perguntava de meia em meia hora se eu estava bem e eu mentia
todo tempo. Para ser sincera eu estava muito mal, parecia que aquele
enjoo não iria ter fim. Quando tocou o sinal pedi uma carona para Candy
pois estavam sem nenhuma condição de andar e ao chegar em casa
simplesmente capotei dormindo o resto da tarde.
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