sábado, 11 de agosto de 2012

Capítulo 9 - The Goodbye

Não podia ser... Eu queria acordar, eu precisava acordar. Implorei para Deus que aquilo fosse só um pesadelo, o pior de todos, mas infelizmente era realidade...
Ian, o meu Ian aos beijos com Megan....
Acho que meu coração parou naquele momento junto com tudo em mim... Eu estava quebrada, despedaçada, em milhões de cacos.
Eu só mandei uma mensagem para Ian dizendo que eu e Candicce tínhamos buscado Alice e que eu já estava em casa, queria fazer uma “surpresa” para ele. Ali chegou dormindo em e eu agradeci por ela não ter que presenciar eu e Ian brigando ou meu choro inconsolável durante o caminho.
Chegando em casa eu peguei algumas malas e fui jogando as coisas de Ian lá dentro de qualquer jeito. Eu o queria longe de mim, o mais longe possível. Queria esquecer que um dia eu fui completamente apaixonada por ele, eu necessitava esquecer.
Deus, como doía, doía demais. Era tanta dor que eu não conseguia nem explicar, acho que nem cabia no meu peito de tão intensa que era, não sabia de onde ela vinha mas só tinha certeza que ali ela ficaria por um bom tempo.
Eu desejava com todas as minhas forças que aquilo fosse um pesadelo, que tudo aquilo não passasse de ilusão e que eu acordaria no meio da noite nos braços de Ian. Como ele teve coragem de fazer isso comigo? Como ele conseguiu mentir tão bem? Como ele ainda conseguia olhar para mim e ainda dizer que me amava? Como ele tinha conseguido fazer isso com Alice? Com a nossa família? Ele era um covarde, um tremendo de um covarde.
Ian tinha se tornado tudo o que eu pensei que ele não fosse. Para mim ele era perfeito, o melhor homem do mundo, o mais fiel, o único. Mas agora, eu percebi que ele era um mentiroso e traidor, agora tinha percebido que ele era igual a todos os homens do mundo. Sabe o que era pior? Eu o amava, amava incondicionalmente e com todas as minhas forças mas o pior mesmo era que eu era idiota o suficiente para ainda ama-lo e ainda continuar o amando pelo resto de minha vida.
Eu estava sentada no sofá da sala me concentrando em parar de chorar para que quando Ian chegasse não me visse aos prantos por causa dele. Já era bem humilhante saber que eu havia sido traída e chorar na frente dele devido a isso se tornava ainda mais humilhante.
A porta da sala foi aberta e meu coração disparou, minha adrenalina foi a mil e minhas mãos tremiam...
– Oi pequena. - Sorriu para mim. - O que significa isso? Alguém vai viajar?
– Você, essas malas são suas... - Falei seria.
– Como assim? - Fechou a porta e veio até mim.
– Como pode Ian? Como teve coragem? Como conseguiu ser tão baixo? - Perguntei controlando o choro. - Sinceramente Ian, você achou que eu não fosse descobrir não é?
– Nina.... Quem te contou?
– Ninguém contou, eu vi vocês aos beijos em frente ao escritório do seu pai... – Ri sem graça. – Me responda Ian, você transou com ela? - Ele não falou nada, só suspirou fundo não conseguindo olhar em meus olhos. - Sabia... Saía daqui! – Apontei pra porta da sala.
– Nina, por favor, me deixe explicar. - Seus olhos se encheram de lagrimas e ele começou a se desesperar e suas mãos tremiam.
– Vamos lá...
– Eu estava bêbado Nina, não sabia o que estava fazendo. - Começou a chorar em prantos. - Nós tínhamos brigado, eu fui para o bar e ela estava lá. Nós começamos a conversar a beber, eu bebi demais, nós dois ficamos bêbados e então eu perdi o controle e quando me dei conta já tinha feito... - Imaginar aquela cena fez meu estômago revirar, meu peito doer... Meus olhos queimaram de lagrimas e eu não consegui evita-las, desmanchei em lagrimas na frente dele mesmo.
– Pare, já é o suficiente. – Fechei os olhos.
– Por favor Nina, você não sabe o quanto eu estou arrependido, me perdoe, eu ia te contar.
– Quando Ian? Quando Alice fizer dezesseis anos? Ou então quando sem querer ela engravidar de você? - Falei em prantos. - Deus, como eu sou idiota! Eu confiei em você Ian, eu te amei como nunca nenhuma mulher te amou e é assim que você me agradece?
– Nina, te imploro perdão! Eu juro que não significou nada, eu amo você, você é a mulher que eu amo, Nina! Você é única para mim.
– Ian, você transou com ela, tem noção o quão intimo uma transa é? Em pensar que eu fiquei culpada por Alex ter me beijado a força... – Como eu era idiota... Enquanto eu me culpava por ter “deixado” Alex me beijar, ele transava com Megan.
– Como que é? - Falou exaltado. - Porque não me contou? Como assim? Como que você deixou uma coisa dessas?
– Menos Ian, muito menos! Você transou com outra mulher então fique calado. - Ordenei.
– Por favor Nina... - Implorou. - Se quiser eu até me ajoelho aos seus pés, mas não faça isso comigo, eu te amo demais, você não sabe o quanto. - Fechei os olhos e apenas ri sem graça. – Nina, por favor, acredite em mim... Eu nunca quis te magoar, nunca, nunca quis. – Ian chorava desesperadamente, nunca o vi chorar dessa forma antes, nem quando sua avó morrera há dois anos.
– Por favor, Ian, saía daqui... - Falei de olhos fechados sentindo minhas lagrimas escorrerem pela minha face.
– Nina...
– Ian, agora! Não me faça pedir de novo. - Meus braços estavam cruzados com força em meu peito, parecia que eles me seguravam para que eu não desmontasse ou que ele escondesse o enorme buraco que ali se encontrava.
– Tudo bem, eu vou... Mas quero que saiba que é você que eu amo e que eu vou fazer de tudo para te reconquistar... - Pegou suas malas e saiu, levando com ele tudo de bom que eu tinha.
Minhas pernas estavam bambas, eu me sentia tonta, angustiada. Não consegui suportar meu peso e assim que a porta foi fechada, desmoronei no chão.
Eu tinha me entregado de corpo e alma a Ian. Eu era totalmente dele, cada fibra de mim pertencia a ele. Eu iria ama-lo para sempre mas ele não iria me amaria, ele não me amava mais e disso eu tinha certeza. Agora ele tinha outra, eu não pertencia mais a ele e ele não pertencia mais a mim.... Deus, como doía...
Eu levantei e me rastejando fui até o quarto de Alice. Minha princesa dormia tranquilamente, não fazia noção do que estava acontecendo com seus pais, não fazia ideia do cafajeste que seu pai era. Maldito cafajeste, como eu o amava. Amava demais e sempre amaria. Nunca mais seria de outro homem, nunca mais amaria outro como eu o amei.
Só percebi que estava chorando quando me debrucei na cama de Alice e minhas lagrimas começaram a molhar o seu lençol rosa, malditas lágrimas. Ajeitei seus longos cabelos negros fazendo carinho neles e em seu rosto de leve para que ela não acordasse. Ali era tudo o que eu tinha, ela era minha vida, era literalmente a razão do meu viver. Eu a amava tanto que parecia que não ia caber em meu peito, parecia que ele iria explodir de tanto que a amava.
– Oh minha pequena, agora somos só nós duas... - Contornei com a ponta do dedo seu nariz pequenino. - Eu te amo minha filha, te amo demais, você não faz ideia o quanto... - Sussurrei. - Eu juro que vou ser a melhor mãe que alguém pode ser, vou ser a melhor mãe solteira que já existiu... - Esse pensamento me fez entristecer ainda mais... Pensar em viver uma vida sozinha, só eu e minha filha sem Ian era extremamente obscuro, nunca se passou em minha mente que eu iria me separar de Ian assim...
Me levantei exausta deixando minha filha dormir e fui para o meu quarto. Coloquei um pijama leve e me deitei na cama. Por impulso puxei o travesseiro que era de Ian me abraçando nele... De longe foi a pior coisa que eu já tinha feito, ali naquela fronha tinha o cheiro dele, seu perfume misturado com o perfume másculo do seu pós-barba e com o cheiro dele mesmo. Foi uma facada em meu peito, eu já sentia saudades dele, sentir seu cheiro era ainda pior... A cama estava vazia demais, fria demais... Faltava o calor de Ian, o corpo de Ian... E agora, para sempre faltaria...
Não conseguia parar de pensar nele, imagina-lo na cama com Megan... Ele a tocando, a beijando da mesma forma que ele me beijava que ele me tocava... Ela o tocando, contornando seu corpo delicioso, beijando o corpo que uma vez me pertenceu... Isso Nina, jogue mais ácido na ferida...
Aquela seria uma longa noite e ela não estava nem na metade...
Não conseguia dormir, me virei inúmeras vezes na cama, minha cabeça explodia de tanto chorar e eu não sabia de onde arrumava tanto fôlego para lagrimas... Ainda acreditava que aquilo não se passava de um pesadelo.
O dia começou a amanhecer e eu não havia dormido ainda, o céu estava começando a ficar claro e eu não sentia nem um pouco de sono. Eu sei que se dormisse os sonhos iriam insistir em aparecer e eu não queria isso, não queria Ian só na minha inconsciência, eu o queria ao meu lado, só meu, me acalentando falando que era tudo uma brincadeira de mal gosto que ele ainda era só meu mas infelizmente aquela era a realidade...
Eram cinco da manha e eu estava impaciente. Estava agoniada e inquieta, precisava me mover para não ficar pensando em Ian.
Me levantei, peguei um jeans e um suéter do closet e fui tomar banho. Eu estava horrível, pior impossível. Não reconhecia aquela Nina que estava refletida no espelho... Ela era triste demais, incompleta demais e sinceramente, eu não gostava nem um pouco dela.
A água quente relaxou meu corpo e eu não tive vontade de sair dali nunca mais, demorei tempo o suficiente para que minha mãos ficassem enrugadas e quando percebi que já era hora de sair, desliguei o chuveiro derrotada. Fiz um coque frouxo com os cabelos molhados mesmo e sem ligar para me arrumar, ignorei qualquer tipo de maquiagem e só passei perfume mesmo.
Fui para cozinha e preparei uma térmica cheia de café para mim. Coloquei a tigela com cereais e a garrafa de leite no lugar de Alice. Por impulso, no lugar de Ian coloquei sua caneca e tudo que ele gostava, como se ele fosse tomar café da manhã comigo... Aaah... Como iria demorar para eu me acostumar a viver sem ele.
Me sentei no lugar dele e tomei café sozinha, bebi a metade da térmica, sem ninguém para me acompanhar ou para reclamar que ele estava forte demais... Me obriguei a não pensar nele enquanto esquentava meu peito frio com aquele café quente, deixei meus pensamentos desligados, minha mente estava em branco e eu agradeci por isso... Talvez nem fosse tão difícil superar se eu fizesse isso sempre...
Olhei no relógio na parede e já eram quase sete horas, me levantei para acordar Alice. Subi as escadas lentamente e quando cheguei ao quarto dela me sentei ao seu lado na cama acariciando seus cabelos.
– Filha... - A chamei. - Vamos acordar, amor... - Ela choramingou me fazendo sorrir pela primeira vez no dia. - Ali, temos escola, lembra? - Lentamente seus olhinhos foram se abrindo mas se fechando de imediato devido ao sono. - Vamos pequenina... Vamos ver os amiguinhos, brincar, desenhar... - Ela bocejou se espreguiçando - Isso... Vamos lá que temos que sair mais cedo, princesa. - Me levantei e peguei seu uniforme. - Dormiu bem amor? - Ela já estava sentada na cama me esperando.
– Uhum... – Assentiu ainda sonolenta.
– Que bom! - Sorri. - Agora levante os braços para tirarmos a camisola. - Ela me obedeceu e eu a arrumei rapidamente, depois penteei seus cabelos fazendo Maria Chiquinha neles e depois descemos para que ela tomasse café.
– Cadê meu papai? – Perguntou quando a coloquei sentada em seu cadeirão. Era obvio que ela iria reparar na ausência de Ian e pra falar a verdade eu fiz essa cena milhões de vezes em minha mente na madrugada, todas com respostas diferentes e para falar a verdade não fazia ideia do que falar para ela. Me sentei ao lado e peguei sua mãozinha a segurando forte.
– Amor, deixa mamãe te explicar uma coisa... - Suspirei procurando as palavras certas. - Agora, o papai mora em outra casa... Nessa aqui sou só eu e você. - Meu lábio inferior começou a tremer e eu tive que mordê-lo com força para que não chorasse na frente de Alice. Eu tinha que mostra-la que eu era forte e que tudo estava bem, mesmo sendo uma completa mentira.
– Eu não vou mais ver meu papai? - Seus olhinhos encheram-se de lagrimas e eu sem querer deixei uma fina cascata escorrer pelo canto dos meus olhos.
– Não meu amor, você vai ver sim seu papai, sempre que quiser a hora que quiser só que ele não mora mais com a gente... - Sequei imediatamente a maldita lagrima para que ela não visse. – Mas agora, o papai e a mamãe são só apenas bons amigos. Por exemplo, o papai não dorme mais na cama com a mamãe, lembra que eu te expliquei que nós dormíamos juntos porque éramos um casal?
– Ele nunca mais vai voltar? - Boa pergunta Ali...
– Não sei meu amor... Não sei...- Sorri de leve para ela. - Coma seu cereal para escovarmos os dentes.
Alice assentiu e continuou a comer. Logo nós já estávamos quase saindo para a estação de metro quando fomos interrompidas pelo barulho inesperado da campainha. Deixei Alice sentada no sofá da sala e fui abrir a porta.
– Ian... O que faz aqui? - Meu coração simplesmente disparou...
Ele estava lindo, como sempre. Seus cabelos estavam molhados e ele usava uma jeans e uma polo, bem simples mesmo mas estavam combinando perfeitamente. Não pude deixar de notar em seus olhos, extremamente inchados e vermelhos... Até parece que tinha chorado a noite inteira como eu...
– Vim buscar vocês... - Sua voz era mais rouca que o normal e um tanto tremula. - Você esta sem carro e não quero que leve Alice para escola de metro e nem que vá para faculdade ape...
– Muita gentileza da sua parte, mas eu não quero. – Falei fria.
– Eu insisto...
– Já falei que não quero! - Falei brava. – Não preciso de seus favores.
– Vai me fazer perder a viagem? - Perguntou magoado.
– Vou! – Falei convicta.
– Nina, qual é!
– Bom, já que você insiste, adoraria que você deixasse Alice na escola pra mim hoje. – Suspirei derrotada.
– Te deixo na faculdade também....
– Não, obrigada! Eu dou um jeito! - Continuei com o mesmo tom rude de sempre. - Ali, olha quem veio te levar para escola...
– Papai!!! - Saiu correndo para os braços de Ian.
– Minha princesa, que saudades que eu senti de você! – A abraçou forte beijando sua bochecha forte.
– Eu também papai...
– Bom, estou indo para a faculdade... – Peguei a minha bolsa.
– Mamãe, você não vai me levar para escola também ?
– Não meu amor, mamãe vai ape pra faculdade, mesmo... – Fingi um sorriso. – Fiquem a vontade aqui... Tchau minha princesa, mamãe te ama, ok?
– Te amo também!
– Se comporte, coma direitinho e se divirta, ta? – Cheguei perto dela a dando um beijo demorado em sua bochecha.
– Tchau Nina... – Ian falou.
– Tchau! – Falei grossa sem olhá-lo.
Ele tinha as chaves da casa ainda, então não me preocupei em sair daquele jeito. Ficar com ele de baixo do mesmo teto me sufocou de uma forma tão intensa que eu pensei que fosse parar de respirar... Tortura, tortura demais... Estava tão desligada que nem percebi o quanto foi rápida a viagem até minha faculdade. Só realmente me dei conta quando vi o rosto amigo de Candicce. Sem pensar duas vezes corri para os braços de minha amiga em um abraço tão forte mas tão forte e acolhedor que eu quase, digo, quase me esqueci de tudo.
– Acabou amiga, acabou! – Desmoronei em lágrimas encharcando sua roupa com minhas lágrimas.

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