sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capítulo 36 - It's too late to apologize?

Eu sentia meus olhos inchados era ate difícil de piscar, sem falar na dor insuportável nas costas. Parecia que tinha uns setenta quilos em cima de mim impedindo meus movimentos.
Pude jurar que sentia o cheiro delicioso de Ian bem perto de mim, mas com certeza era sonho ou algum tipo de alucinação porque nós estávamos brigados e eu não me lembrava de ter dado uma brecha para ele. Mas então uma respiração quente bateu em meu pescoço fazendo minha pele se arrepiar terrivelmente.
Sim, Ian dormia de conchinha comigo com todo o seu peso em cima de mim cobrindo todo o meu corpo com o dele. Conseguia sentir todos os músculos de seu abdômen contra o tecido fino de minha blusa e suas pernas torneadas enroscadas as minhas, ah, como eu era fraca... Não conseguia focar meus pensamentos quando o tinha tão perto de mim assim.
– Ian... - Toquei seus braços para acordá-lo mas nada. - Ian acorda - O cutuquei com força mas ele não acordou, ao invés disso, só se remexeu gemendo em reluta. - Ian, saía de cima de mim! - Falei alto e finalmente ele acordou.
– Bom dia... - Me deu um beijo estralado na bochecha.
– Sai de cima de mim... - Ordenei.
Ian me olhou cansado se ajeitando na cama.
– Precisamos conversar... - Falou sério. Conversar? A essa hora? Será que não podíamos voltar a alguns minutos atrás quando ele dormia abraçado a mim?
– Mas vamos brigar já tão cedo? - Me ajeitei na cama ficando na mesma altura dele.
– Não precisamos brigar, só conversar civilizadamente!
– Tudo bem Ian, o que você quer?
– Quero conversar poxa...
– Estou te ouvindo...
– É... - ele gaguejou. - Ontem eu... Eu... Eu queria me desculpar... - Estava ouvindo certo? Ian se desculpando?
– Se desculpar pelo que? - Eu queria que ele falasse de voz alta pelo o que ele sentia muito. Queria que ele deixasse esse orgulho de lado.
– Ah Nina, você sabe, por tudo, por ontem, antes de ontem.... As palavras duras. - Era claro que ele não iria admitir que ele era o errado muito menos iria parar de falar com Melissa por minha causa...
– Se eu te perdoar, no mesmo segundo você vai sair correndo atrás de Melissa! – Falei magoada.
– Não vou Nina! - Balançou a cabeça.
– Qual é a minha garantia?
– Eu não vou Nina, acredite em mim... – Me olhou sincero. Não adianta, eu só iria voltar para ele quando ele finalmente largasse de Melissa!
– Porque eu não acredito nisso? - Perguntei inocente e sincera.
– Por favor, acredite em mim... - Implorou. Não era isso que eu queria ouvir...
– Preciso de um tempo, preciso pensar... - Balancei a caneca negativamente.
– Pensar o que, Nina? No que? O que mais você quer que eu faça? O que mais quer esperar? - Perguntou nervoso.
– Ian eu quero um tempo, quero pensar! Quero um tempo para pensar, para colocar meus pensamentos no lugar. Quero esperar e ver se você ainda é aquele Ian por quem me apaixonei, aquele Ian fofo e romântico que me fazia sentir a única mulher no mundo ou se você é esse Ian frio, grosso, gélido e estúpido que troca a mulher e a filha por um caso do passado. - Falei com toda a sinceridade que consegui.
– Mas nina, esse segundo Ian não existe - Pegou meu rosto delicadamente acariciando minhas bochechas com os polegares me fazendo ter que usar todas as minhas forças para não tombar meu rosto em sua mão para aproveitar o carinho.
– Não sei Ian, não sei mais de nada... - Fechei os olhos evitando os seus perfeitos azuis.
– Tudo bem... Só imploro que não demore muito, não aguento mais ficar longe de você! – Pegou meu rosto delicadamente e me deu um beijo demorado em minha testa.
– Eu quero ficar sozinha... – Falei calma.
Ian assentiu e se levantou calmo para sair do quarto.
Eu o amava, o amava demais e por isso precisava pensar. Ok, eu sei que estava sendo exagerada e malvada, mas meu orgulho estava machucado, eu estava machucada... Eu queria ouvi-lo dizer que me amava e não ligava mais para Melissa, independente o quão egocêntrico isso soasse, eu queria ouvir.
Dane-se que eu estava sendo mimada e tudo mais, mas eu o amava e o queria só para mim, era pedir demais?
A minha vontade era de voar na cara de Melissa, cuspir tudo o que tinha entalado em minha garganta, xingá-la de todos os nomes que existiam, esfregar na cara dela que o Ian era só meu e que ela não passava de uma prima nojenta no banco reserva... Mas eu não podia fazer isso... A família de Ian era boa demais para mim e eu não podia explodir dessa forma, principalmente porque eles gostavam muito de Melissa e eu perderia toda a razão ao tentar humilhá-la.
Pensando em tudo isso me levantei e fui tomar banho. Demorei o tempo necessário para sair mais confusa que entrei... Eu sabia que não iria conseguir ficar brigada com Ian e muito menos teria forças para me separar dele, meu sentimento em relação á ele era mais forte que qualquer coisa, principalmente a toda essa magoa que estava sentindo, mas realmente não era fácil ter o homem que ama trocando a mulher e a filha por uma prima... Um caso do passado sem nenhum fundamento.
Coloquei uma roupa simples e desci para a sala encontrando minha sogra sentada no sofá junto com Clarisse.
–Vovó, eu não quero ir para escola, quero ficar aqui com a tia Nina... – Ouvi ela falar manhosa.
– Amor, você já faltou dois dias para ficar com seus tio...
– Mas vovó...
– Nada de mas e nem meio mas... – Riu.
– Bom dia! – Falei entrando no meio.
– Titia! – Clarisse sorriu animada ao me ver.
– Oi linda! – Sorri em resposta e me agachei para abraçá-la bem forte.
– Tia, eu não quero ir para escola, quero ficar em casa brincando com você... – Falou baixinho fazendo um beicinho. Como que sobrinha e tio conseguiam ter tanta semelhança? Principalmente quando faziam esse beicinho lindo.
– Mas amor, você tem que ir...
– Não tenho não... – Balançou a cabeça negativamente.
– Hum, vamos fazer o seguinte. Você vai para escola e quando voltar eu vou estar aqui e nós podemos brincar bastante, o que acha?
– Você jura? – Falou manhosa.
– Juro! – Sorri.
– Obrigada tia – Sorriu. – Ah, mas antes disso eu queria te pedir uma outra coisa... – Me olhou malandra.
– Opa, o que foi?
– Tia... Faz as pazes com o titio... – Sua feição passou para inocente e agora seus olhinhos pareciam suplicar.
– Como você sabe que estamos brigados? – Falei surpresa.
– Porque ele saiu muito triste de casa dizendo que só ia voltar assim que você o perdoasse... Ele estava chorando tia...
– Estava é? – Perguntei séria.
– Uhum..
– Cla, seu avô está te esperando para levar para escola, vai lá vai que eu converso com a Tia Nina...
– Estou indo... – Afirmou. – Você promete, tia?
– Prometo amor... – Sorri fraco.
– Obrigada! – Sorriu abertamente me abraçando forte. – Estou indo, tchau vovó! – Deu um beijo em Edna e saiu pela porta com uma mochila nas costas.
– Ele estava chorando mesmo? – Me sentei ao lado dela no sofá.
– Estava sim... Nunca o vi tão arrasado...
– Eu não sei o que faço, eu o amo demais, mas não consigo desculpá-lo porque sei que ele vai voltar a falar com Melissa...
– Mesmo depois de ontem? Mesmo que ele quisesse, ela demoraria um bocado para voltar a falar com ele...
– Depois de ontem? – Perguntei desentendida. Senti meu coração acelerar e um lado de mim não queria saber o que tinha acontecido entre Ian e Melissa no dia anterior.
– Sim! Depois que ele saiu do quarto brigou feio com Melissa e ela saiu chorando daqui... Ele não te contou, não?
– Não... Ele não me contou... – Falei surpresa.
– Olha querida, eu sei que você está magoada, mas não acha que essa briga já foi longe demais? Ian também está muito triste, você está triste... Tudo isso não está fazendo bem para Alice.
– Eu sei, mas ele não pensou na filha ao ser grosso comigo e usar Melissa para me atingir.
– Nina, todos erram e com Ian não é diferente... Mas olha, é você quem sabe... – Pegou minha mão. – Caso queira conversar com ele, no momento, imagino que ele esteja no jardim deitado na rede. – Apontou para a porta da frente. - Vocês se amam Nina, não deixe esse orgulho besta destruir esse sentimento. Pense em Alice, em todos os momentos que passaram juntos... Será que vale a desgastar a relação de vocês desse jeito porque de tudo isso?
Sinceramente eu já nem sabia mais direito porque eu e Ian estávamos assim. Talvez eu estava sendo exagerada e mimada mas se eu tivesse o desculpado de primeira, ele iria se acostumar em pisar em mim sempre que brigássemos.
Me levantei lentamente do sofá e em passos igualmente lentos segui para o lado de fora de casa. Bem no canto do jardim perto de varias arvores, Ian se balançava em uma rede bege bem de vagarinho com uma perna para fora dela.
Cheguei ao lado dele e me apoiei em uma das arvores que segurava a rede. Ian estava de braços cruzados e olhos fechados mas mesmo assim pude perceber as lagrimas que escorriam pelos cantos de seus olhos.
– Ian...
– Veio esfregar mais na minha cara o quanto me odeia?
– Como se fosse humanamente possível eu conseguir te odiar... - Falei calma.
– E então, o que veio cobrar mais de mim? - Secou as lagrimas e se sentou na rede com as pernas abertas.
– Porque não me contou sobre o que aconteceu com Melissa ontem?
– Eu... Eu não sei... - Deu de ombros. - Eu só achei que não fosse necessário lembrar dela!
– Como assim não era importante lembrar dela? Nós estamos brigados justamente por causa dela!
– Eu sei e já te pedi perdão, o que mais você quer pequena? - Esperou um tempo e logo continuou. - Eu sei que fui um idiota, um estúpido mas esse não sou eu Nina.
– E quem é esse então? – Perguntei debochada.
– Esse é o Ian que age por impulso, o Ian magoado e orgulhoso que não consegue admitir que está errado e não consegue ouvir da mulher que mais ama no mundo que pisou na bola. - Ian falou me deixando totalmente sem argumentos. - Nina, eu estou aqui, quase implorando, não mentira, estou aqui literalmente te implorando por perdão!
– E Melissa? – Suspirei fundo.
– Esquece ela, esquece Nina! Eu nem ao menos me lembro dela! Vamos virar essa pagina, eu não aguento mais ficar longe de ti!
– Ian... - O repreendi com os olhos fechados.
– Eu te amo demais Nina, por favor, não faça isso comigo...
– E quais são minhas garantias de que tudo vai voltar ao normal? - Me sentei junto a ele na rede olhando minhas mãos em cima da minha barriga.
– As coisas não vão voltar ao que era antes - Deu de ombros. - Tudo será muito melhor... - Pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos. - Me de uma chance... - Levou nossas mãos entrelaçadas até o rosto e com o peito da minha mão acariciou sua bochecha e seus lábios.
– Por favor, não me faça eu me arrepender de ter te perdoado... – Falei baixinho me rendendo.
Ian sorriu abertamente para mim e pegou meu rosto com extremo cuidado. Acariciou minhas bochechas e meus lábios com o polegar e se aproximou do meu rosto acariciando nossos narizes e beijando minha bochecha, meu queixo, o outro lado de meu rosto e finalmente meus lábios. Um, dois, três selinhos demorados e eu senti a língua dele pedindo brecha.
Seus lábios, sua língua, suas mãos... Ah, Ian sempre seria minha perdição e eu nunca iria conseguir resistir a ele.
Ele desceu as mãos até minha cintura e me puxou para mais perto colocando minhas pernas juntas em cima da sua esquerda que estava para fora da rede. Intensifiquei nosso beijo passando os braços em seu pescoço o puxando para mais perto.
– Eu amo tanto vocês, tanto, mas tanto! – Ian sussurrou em meus lábios acariciando minha barriga.

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